domingo, 19 de agosto de 2018

FRASES (172)


EU VIVO DOS REENCONTROS...
Saio na rua por causa deles, os inevitáveis reencontros, o inesperado de rever pessoas queridas. E como gosto de ir trombando a cada esquina com essa gente toda que gosto muito. Felizmente são tantos. O melhor exemplo que posso ter disso tudo hoje está resumido nesta singela e sugestiva foto. Nela um baita de um amigo das ruas, o ZANELLO, o melhor fotógrafo do meu mundo, um que consegue, mesmo que as duras penas, sobreviver fotografando gente em eventos. O gajo já se aposentou, mas nenhuma aposentadoria hoje em dia dá para o cara permanecer em casa e viver tranquilamente. Se faz necessário continuar na lida. Zanello sai por aí tirando fotos de tudo o que vê pela frente e que imagina possa lhe trazer algum retorno. É também contratado por gente simples cidade afora e esses lhe pagam, mesmo todos hoje tendo suas máquinas fotográficas. Pagam, pois ele entrega as fotos reveladas naqueles antigos álbuns e com o seu acabamento final, os cuidados que só ele sabe dar para cada foto. Lindo ver sua abnegação. Eu passei a amá-lo de paixão logo que o vi fazendo isso pela primeira vez. Foi amor a primeira vista.

Pois bem, esse meu amigo me viu hoje na feira e me cercou. Ele tinha acabado de comprar algo mais para sua moto e seus afazeres, um desses trecos que será acoplado em sua moto, um bagageiro onde colocará suas tralhas de serviço. A peça é cheia de um rococó, parecendo um manto desses de colocar no lombo de um cavalo. Lindo, bem a cara de homem matreiro do campo como só ele sabe ser. E o é. Eu fico cheio de orgulho desses meus amigos, pois bem, conto dos motivos dele ter me cercado hoje e me dito assim na lata: "Estou triste contigo, você se esqueceu de mim". Ele reclamava que tenho lhe visto pouco nos últimos tempos, que o tenho ligado pouco, dado pouco atenção para o que continua fazendo. Ou seja, coisa de dois amantes. Um meio desligado, deixa de se interessar pelo que o outro faz. Lasquei um baita de um abraço no danado para deixar bem claro minhas intenções para com ele e assim selamos mais uma vez nossa eterna amizade.

Sempre que o reencontro diz ter uma bela e nova história para me contar e quer que a transforme num texto e publique. Como dizer não para ele, tão gentil e sempre cheio de palavras doces para comigo? Nem tenho como. Sou derretido para com amigos desse naipe. Diz que vai em casa essa semana e me conta em detalhes a coisa. Ficarei aguardando. Conta também de não ter perdido a esperança de encontrar um parceiro de viola e sair mundo afora cantando suas modas, sem eira nem beira, ao sabor do vento. Ele bem sabe que isso é meio que impossível, pois casado e com mulher brava em casa, ela nunca que vai deixar ele sair pela aí sem lenço e documento. Vivemos de sonhos não realizados e assim tocamos nossas vidas. Faço festa em cada reencontro com gente como ele. Ele foi só um dentre uns quatro que revi hoje na feira e renderiam histórias e causos maravilhosos, desses que me fazem parar tudo, dar um breque na vida e ficar de papo pro ar, esquecendo dessas agruras todas, só flertando com algo do mundo do impossível.

Como é bom ter amigos e amigas dessa laia. Eu chego a acreditar que só continuo vivendo, nessa sobrevida que tenho hoje, por causa desse recarregamento de energias que a rua me proporciona. Não me confinem num quarto escuro, numa casa fechada, num beco sem saída, pois daí, tenham certeza, morrerei num piscar de olhos. Eu quero mais e mais ruar e rever essas pessoas maravilhosas, como esse belo exemplo de ser humano, o fotógrafo Zanello, um cara de bem com a vida, simples, singelo, sem maldade no coração, vivendo como a maioria, de migalhas, mas feliz da vida, fazendo o que gosta, sorrindo para o seu semelhante e dando um chute, ou melhor um sonoro bicudo nas adversidades todas que se apresentam diante de nós no dia a dia.

É isso. Quando me verem sorrindo pela aí, é por ter cruzado na rua com alguém tipo Zanello. Ele me encheu de felicidade no dia de hoje.

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