sábado, 5 de fevereiro de 2022

PERGUNTAR NÃO OFENDE (182)


BAURU E A POLÍTICA FEITA NAS COXAS
Enche o saco isso de todo dia você ir em busca de informações e as que recebe, mais do que perceptíveis, são feitas no total improviso, sem nenhum processo de depuração, muito menos de preparação. Não existe nenhum trabalho em cima de um roteiro básico, cronograma sério, respeitando datas, prioridades, etc. Tudo é feito conforme os problemas vão surgindo e compras como as feitas pela prefeita no final do ano, a das três escolas particulares, cujos proprietários tiveram seus finais de ano salvos pelo gombo suellista, só reforçam o que escrevo.

No final do ano, também nenhum novidade, a Educação tendo dinheiro em caixa e necessitando gastar ou devolver, bala-se algo na bacia das almas e a grana é gasta, quase sempre mal e porcamente. Tudo o que é comprado dessa forma e jeito merece no mínimo uma apurada investigação, detalhe por detalhe, quanto foi efetivamente gasto, quando entrou nas contas e também não custa nada vasculhar as contas de todos os envolvidos, pois não basta a demonstração de ser inocente, tem que comprovar. E quem nada teme, abre suas contas e mostra a quantas anda. Isso não é trabalho para um relés mafuento, mas para o MP - Ministério Público e também quem é pago por essa cidade para investigar, averiguar e não deixar passar nada incólume, a Câmara de Vereadores.

Um dinheirinho recebido de improviso, de última hora para recuperar a avenida Nuno de Assis, já visto por muitos como mero paliativo, assim como para resolver os infindáveis problemas dos buracos espalhados pela malha viária e rebarbas da cidade. O buraco da Rodrigues Alves, impedindo o trânsito na avenida, acesso para o Rasi é algo das manchetes e para ele todas as mentes pensantes da Prefeitura se voltam, mas quase nada é pensado para os milhares espalhados cidade afora, os fora da rota dos graúdos.

Bauru não tem nenhum projeto envolvendo sua população mais carente, pois todos os recursos disponíveis são hoje utilizados - mal e porcamente - para maquiar a cidade em seus locais de grande circulação. Uma Prefeitura que arrecada mais, mas continua distribuindo mal, empregando mal o capital que possui e o faz, hoje mais do que nunca, para enaltecer a figura da alcaide, com pretensões de se eleger em algo mais logo a seguir e bater o quanto antes as asas de Bauru. Temos uma prefeita em TRANSIÇÃO, ou seja, tudo faz, para aparecer, fazer cartaz, se mostrar, mas por dentro pão bolorento. Parte considerável da cidade já percebeu a artimanha e pega pesado com ela, mas de nada adianta só gritar sem o algo mais. Qualquer administrador que se acha só se toca quando as forças locais se unem e colocam o bloco na rua, ou seja, pressão nas ruas, com manifestações, interrupções, bloqueios, greves, protestos e assim, fazendo de tudo e mais um pouco, para interromper o ciclo destrutivo. Falar, escrever e fazer birra não adianta, pois essa linguagem eles sabem que passa. A pegada com estes tem que ser outra. Os métodos continuam não surtindo efeito e a alcaide segue sua sina com suas lindas lives e atendendo somente a parte mais "nobre" (sic) da cidade. Até quando?

COMO AGE MAIORIA DONOS ESCOLAS PARTICULARES EM BAURU
Professores e funcionários de colégio bauruense têm redes sociais monitoradas por pais de alunos: “Discriminação velada”, diz advogado
Excelente matéria do Jornal Dois, mídia independente bauruense. Eis o link da matéria:http://jornaldois.com.br/professores-e-funcionarios-de-colegio-bauruense-tem-redes-sociais-monitoradas-por-pais-de-alunos-discriminacao-velada-diz-advogado/?fbclid=IwAR0FpJgjn4H4vwzrsc8PYPfYghbsluzfFEGJ-GFVfbSRvvc0pUbnOEtZNQ0

ALGO DE CHICO XAVIER VALENDO PARA TODAS AS RELIGIÕES*
* Meu 49º texto semanal para DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição de hoje:

Permaneci fora de Bauru durante uma semana e lá onde fui acolhido, bem ao lado de minha cama, estante repleta de livros espíritas. Os pais do generoso hospedeiro professaram a crença espírita. Peguei um livro aleatório para ler, bem específico sobre a trajetória, vida e pensamentos de Chico Xavier. Com pouco mais de cem páginas, li quase numa sentada, “Chico, de Francisco”, de Adelino da Silveira, 1987. Chico foi grande, arrebatou multidões, mas reforcei com a leitura ser ele uma pessoa, mesmo com arroubos a favor dos menos favorecidos, ser uma pessoa conservadora – talvez menos que seu sucessor, mas assim mesmo, conservador.

Resgato uma frase dita por ele, quando lhe perguntaram numa entrevista sobre a luta empreendida pela população para transformar sua vida. Sua resposta foi para mim mais do que decepcionante: “Estimaria mais se você dissesse, com o meu nobre discernimento, ao invés de lutar, trabalhar pela implantação definitiva da justiça social entre todos os homens, porque o verbo lutar, em muitos casos significa agitar ou conflitar”.

Disse mais e absorvi o que ia lendo com tristeza. Muito do que disse ao longo da vida foi no sentido de ver o povo brasileiro, principalmente o mais sofrido, em melhores condições, mas nas entrelinhas não deixava escapar não nutrir nenhuma querência por transformações que alterassem o modus operandi. Ótimo quando li: “Sempre acreditei que sem estudo e disciplina, trabalho e responsabilidade, é impossível construir um futuro melhor para a comunidade humana” ou mesmo “é indispensável que estudemos a cultura espírita junto com as massas, que amemos todos os companheiros, mas sobretudo, aos mais humildes social e intelectualmente falando e deles nos aproximemos com real espírito de compreensão e fraternidade. É preciso fugir da elitização que ameaça o movimento espírita. A falta de aproximação com os irmãos socialmente menos favorecidos, que equivale à ausência de amor, presente no excesso de rigorismo, de suposta pureza doutrinária, de formalismo por parte daqueles que são responsáveis por nossas instituições, é a preocupação excessiva com a parte material das instituições”.

Chico, tinha muita sensibilidade e o enalteço por causa disso. Evidente isso em sua conduta de vida. Porém, mesmo assim não acreditava em “luta” para se conquistar ou reconquistar os direitos dos injustiçados, os espoliados e preteridos de consegui-los pela forma usual, ou seja, acreditando nas instituições. Entendi que na visão dele, “lutando” é perigoso, pois o povo pode querer mudar algo mais além da conquista de seus direitos. Disse mais e está lá no livro lido assim do nada, caindo em minhas mãos meio sem querer. Se mostrou avesso a que o trabalhador fizesse uso dos meios sindicais para suas conquistas, ou seja, praticamente impossível no país que temos, alguém conseguir algo somente pela vontade do seu empregador. Tudo piorou muito com Temer e agora, com Bolsonaro, quando a reforma trabalhista praticamente aniquilou os direitos trabalhistas.

Para ser completo, teria que incentivar o povo a ir à luta. Nunca o fez e depois de sua morte, tudo piorou. Não é só privilégio da crença espírita pensar e assim agir. A religião católica praticamente aniquilou a Teologia da Libertação e o mesmo não vejo mais nas protestantes, com papel louvável, unidas quando do assassinato de Vladimir Herzog. Das neopentecostais nada espero, pois sua crença é no crescimento individual, nunca coletivo. Lá no fundo, creio eu, as religiões até sacam das maldades feitas nos costados do povo, mas temem que, se este mesmo povo for mais culto, entender de fato o que se passa, passará a crer menos neles, daí permanecem em cima do muro, propondo alguma mudança, mas “pero no mucho”.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e historiador (www.mafuadohpa.blogspot.com).

Um comentário:

Marcos disse...

Achei que finalmente leria um texto desmistificando o embuste Chico Xavier, o grande charlatão reaça brasileiro. Mas não, pegou leve.
Para atiçar a faísca revolucionária é preciso desafiar o senso comum, desafiar os embustes impostos para o povo, é preciso subversão. Incrível o receio que muitos tem em expor quem era de fato Chico Xavier.

Além do envolvido em inúmeras fraudes como da ilusionista Otília Diogo, Chico Xavier, diferente de figuras como Evaristo Arns e Júlio Lancellotti, foi um reacionário de primeira ordem, já em 1961 apoiava um golpe militar no Brasil.

Depois do golpe de 64, foi um entusiasta dos militares e tinha o seu programa com as frases de efeito de auto-ajuda para alienar o povo. A declaração de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, no final de julho de 1971, é bastante certeira. Ele mostrou seu raivoso anti-esquerdismo com suas próprias palavras, para uma plateia atenta, para uma grande audiência e tais declarações sobreviveram à posteridade, para que ninguém tenha dúvida do ultraconservadorismo. Reproduzo aqui suas palavras: "Temos que convir, que os militares, em 3l de março de 1964, só deram o golpe para tomar o Poder Federal, atendendo a um apelo veemente, dramático, das famílias católicas brasileiras, tendo à frente os cardeais e os bispos. E, na verdade, com justa razão, ou melhor, com grande dose de patriotismo, porque o governo do Presidente João Goulart, de tendência francamente esquerdista, deixou instalar-se aqui no Brasil um verdadeiro caos, não só nos campos, onde as ligas camponesas (os “Sem Terra” de hoje), desrespeitando o direito sagrado da propriedade, invadiam e tomavam à força as fazendas do interior. Da mesma forma os “sem teto”, apoderavam-se das casas e edifícios desocupados, como, infelizmente, ainda se faz hoje em dia, e ali ficavam, por tempo indeterminado. Faziam isto dirigidos e orientados pelos comunistas, que, tomando como exemplo a União Soviética e o Regime Cubano de Fidel Castro, queriam também criar aqui em nossa pátria a República do Proletariado, formada pelos trabalhadores dos campos e das cidades.
Diga-se, a bem da justiça, que os militares só recorreram à violência, ao AI-5 em represália aos atos de violência dos opositores do regime democrático capitalista, que viviam provocando atos de vandalismo, sequestros de embaixadores e mortes de inocentes".

Em 1989, Chico Xavier apoiou Fernando Collor porque se dizia horrorizado em pensar viver um governo esquerdista.

Eu não tenho medo em desafiar esses embustes enraizados no senso comum, sei que Chico tem imensos bajuladores incautos até hoje, mas os fatos estão aí, como dizia o velho Marx: "a prática é critério da verdade". E a prática do Chico Xavier não nada o que enaltecer.

Camarada Insurgente Marcos