quinta-feira, 5 de maio de 2022

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (203)


PRA COMEÇO DE CONVERSA
Artigo de Ruy Castro publicado na edição de hoje da Folha de SP, escancara algo já nas ruas, o golpe sendo urdido e em plena gestação. Não dá para dourar a pílula e criticar o capiroto a nível nacional e passar a mão na cabeça de quem defende tudo o que está em curso aqui na cidade de Bauru. Sempre soubemos ser mais fácil criticar o que está lá longe em Brasília, do que o que está aqui, nos dá emprego e algumas migalhas. O golpe urdido lá tem seguidores e também é fomentado aqui. Não dá para esconder, é comovente o esforço quer a elite brasileira dedica à proteção de seus filhotes na política. Nunca tivemos uma eleição com um favorito tão nítido, mas também nunca tivemos tanta indecisão quanto ao que ainda pode ocorrer ao país no período que se aproxima. O capiroto só ganhou a eleição passada por meio de mutretas e agora, a mutreta tem nome: golpe. Estejamos preparados e alertas.


CURTAS HISTORINHAS DO DIA A DIA

1.) NA FILA DO SUPERMERCADO
Bem na minha frente, hoje pela manhã, dois vetustos cidadãos. O mais engalanado comentando com o outro:
- Abomino esse comunismo. Comunismo é tudo de ruim, temos que combatê-lo com veemência, sem trégua, pois são perigosos.
Ladainha de doer, foi quando o mais simples soltou a resposta mais adequada:
- Olha, vou te dizer, não sou comunista, não gosto do comunismo, mas também destesto o fascismo.
O mais engalado se assustou, parecia não acreditar na resposta. Respirou fundo e seguiu na toada e ladainha sem noção:
- Mas diante do perigo que se aproxima, creio que apoiarei o fascismo.
Não me segurei e lá detrás, com minha camiseta homenageando a Marielle Franco, dei uma sonora gargalhada. O bicho tá pegando...

2.) FINGIR DEMÊNCIA
Depois do assimilado por mim, regra que o ator Paulo Autran possuia para sair de enrascadas quando lhe perguntavam o que achou das tantas peças de teatro amador assistidas por ele. A saída era um sonoro: "Sem palavras". Ainda culminava abraçando calorosamente quem lhe perguntava. Outra saída honrosa para se livrar de embaraços, ouvi hoje de amigo de Taquaritinga e querendo se livrar da chatice que é discutir política por onde ande. Diz não ter saco, pois se opinião for contrária, diante dessa tolerância zero vicejando pelas ruas, sua saída é simples. Se finge de morto, sai pela tangente e decreta estar em completo estado de demência. Confesso ainda não ter conseguido atingir este estágio, mas prometo tentar, pois brigas e polêmicas estão, daqui por diante, se sucedendo com enorme facilidade. Depois me confessa: "Tô fugindo de quem vem querer me cagar regra. Saio pela tangente e o deixo falando sozinho, virei demente".

3.) RECLAMAR PRA QUEM? PRO BISPO?
O servidor público municipal me lê aqui pelas ondas facebookianas e liga para contar algo de sua repartição. Pede sigilo e desfia um rosário de perseguições. "Seu Henrique, aqui a gente não tem para quem reclamar e depois que vi a briga onde o senhor se meteu, me deu vontade de lhe prestar solidariedade. Aqui no meu setor, a gente não é bolsonarista, mas o chefe é e ele tem relações quase carnais com o pessoal da atual administração. Ele sabe como a gente pensa e nos mantém no clima de cabresto curto. Não podemos abrir o bico, pois nos ameaça com transferências. Não posso nem pensar em tornar o que passamos público, pois só de pensar tememos para onde iremos. Nunca foi assim, ele também mudou muito e hoje ficou um cara perverso, doente da cabeça. Quando vi o que escreveu, meus amigos também leram e como te conheço, falei que ia ligar, só para saber que não está sózinho. Você recebe as bordoadas e sabe se defender, mas nós não temos pra onde correr". Me coloquei à disposição e disse que se a coisa piorar, era só me avisar que denunciava e aguentava a pinimba, pois com o período eleitoral pode piorar. Antes de desligar, confessa algo mais: "Nunca vi isso por aqui, mas agora desconfiamos até da sombra, pois a gente achava que conhecia todo mundo, mas algo que a gente tem discutido coletivamente as escondidas o chefe descobre. Achamos que tem um espião no meio da gente. Confiar em quem?". Disse a ele isso ser caso de polícia e me diz: "A polícia é eles, seu Henrique, mas não estão do lado da gente".

4.) CONSTATAÇÃO
Sei que, não se deve perseguir ninguém pelo credo religioso. Sigo isso, desde que, não exista uma grande concentração de um segmento num só setor, o que pode condicionar mais que uma anomalia, principalmente quando numa administração pública municipal, algo perigoso para o estado laico como o que ainda vivemos. Isso está em curso em Bauru e não existe como não notar, perceber e a partir daí, fazer a constatação. Escrevi dois dias atrás um texto sobre um diretor que foi exonerado na Cultura e pertencente ao credo evangélico neopentecostal, o mesmo da alcaide municipal. Na sequência, cito do inconformismo que possuo com o loteamento de cargos com estes e cito nomes. Me alertam que a pessoa citada não comungava a crença citada. Fico na encolha e no post mais de 200 comentários. Ter amigos é tudo na vida, tenho os meus. Marcos Paulo Casalechi Resende me liga e diz ter feito uma pesquisa por conta própria, lhe tomando um certo tempo e me apresenta os resultados. Dos comentários no post, me diz entre risos, "conta de padeiro", segundo ele, após consultar o perfil de cada um no facebook, chegou ao seguinte resultado assim por cima: 85% são constituídos de evangélicos bolsonaristas, 10% de servidores públicos (apoiadores da atual administração e uns gatos pingados não) e o restante de "outros". Não tem crítica neste post, só constatação. Daí, o que escrevo, tenho cada vez mais certeza, está cheio de fundamento. Fico por aqui.

PRA FIM DE CONVERSA

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