sábado, 19 de novembro de 2011

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (150, 151 e 152)

INESQUECÍVEL EXPERIÊNCIA – publicado diário bauruense BOM DIA, edição de 05.11.2011
Certa feita levei minha ex-esposa para assistir a um jogo do Noroeste lá no Alfredo de Castilho. Foi um dia infeliz, jogo decisivo contra o Guarani e a torcida enfurecida botou fogo em ônibus, bateu em policiais, virou carros da imprensa, uma confusão imensa e no final ela me questionou: “É todo domingo desse jeito? Sempre assim?”. Tentei explicar que não, aquele havia sido um dia atípico, na maioria das vezes os jogos em Bauru eram calmos e até eu estava assustado. Não a convenci, tanto que nunca mais quis voltar a um estádio de futebol. Relembrei isso no dia da votação do Projeto de Lei da Fundação Regional de Saúde na Câmara de Vereadores, quando levei meu filho na sessão e participamos dos protestos contrários aquela aprovação. A sessão foi longa e educativa para ele, 17 anos, no último ano do ensino médio e a me surpreender com suas leituras e interpretações da vida cotidiana. Quieto, observou tudo atentamente, constatando como ocorrem as manobras de uma votação, como alguns manipulam o Regimento Interno, os conchavos, os desentendimentos e a expressão das faces. No final do festim, já no retorno, repete a mim a mesma pergunta feita por sua mãe mais de uma década atrás: “É toda sessão desse jeito? Sempre assim?”. Diferente foi a minha resposta: “Sim, filho. Sempre agem dessa forma. Como você percebeu o interesse maior nem sempre é o da cidade, cada um representa interesses diversos, o dele próprio, o do seu partido, dos seus negócios e na maioria das vezes a cidade fica em segundo plano”. Foi uma longa conversa, dessas inesquecíveis entre pai e filho. Ele, assim como a mãe, não gosta de estádios. Espero não tê-lo afastado de querer retornar também à Câmara, lugar onde todos sorriem, uns batem nas costas dos outros, fofocam entre si e também se digladiam. Senti sua imediata desilusão, podendo ser mais um descrente com a política atual, vendo nela tudo de ruim, pernicioso, maléfico e a nos engambelar. E são a esses procedimentos que damos o nome de democracia.

POLÍCIA, QUEM PRECISA DE POLÍCIA – publicado diário bauruense BOM DIA, edição de 12.11.2011
Já fui estudante e desse período guardo ótimas recordações, final dos anos de ditadura militar, fiz e aconteci, empunhei bandeiras, gritei, esbravejei e aprontei das minhas. Quem é da USC sabe do que escrevo. Tinha a certeza de estar fazendo história, queria transformar o mundo. Todos os que o foram entenderão o que escreverei aqui. Não passo a mão na cabeça de ninguém sobre o caso da Ocupação e Desocupação na USP, mas meu entendimento passa ao largo da maioria do que tenho lido sobre o tema. A “vala” comum é dar pau nos estudantes e aplaudir a ação policial, como justa e necessária. Penso diferente. O jovem possui a testosterona literalmente aflorada, pronta para explodir e quem não entende isso não entende lhufas de juventude. Quando inflado ao invés de entendido, tudo aquilo que ele tem exposto à flor da pele é multiplicado por zilhões e daí para contê-lo só com uma missão comandada por um Deus do Olimpo. Na USP assopraram a fogueira ao invés de amainá-la. Eram milhares e deu no que deu. Eu, nos meus 51 anos olho saudoso para trás. Liberdade, rebeldia, inconseqüência, erros impensáveis e improváveis, que fiz de minha vida para não mais atuar daquela forma? Não vivemos e não precisamos de um Estado Policialesco. Foi-se o tempo. A Polícia Militar é muito mal utilizada quando se presta a cuidar de uns poucos maconheiros numa universidade e descuida, por exemplo, da região da Cracolândia, onde nem se transitar é mais possível, tal o contingente de drogados pelas ruas. Li horrores sobre os jovens, mas nada sobre a malversação de dinheiro público praticada pela gestão do atual reitor da USP, um dos maiores orçamentos públicos do país e acobertados pelo Governo paulista. Trazendo o imbróglio para nossa região, enquanto a USP bauruense está fingindo-se de morta, a direção da Unesp de Marília, de forma corajosa e rápida mostra a que veio. Deixou claro em reunião com as partes que, prefere continuar sem esse tipo de policiamento no seu campus. Dá sinais de entender como tratar os jovens sob sua tutela. Tão simples.

POR QUE EM SP AS CPIs NÃO VINGAM? – publicado diário bauruense BOM DIA, edição de 19.11.2011
Denuncio aqui mais uma “artimanha da democracia” (sic) na ALESP – Assembléia Legislativa de São Paulo, que como todos sabem não é nenhum colégio de freiras. Ali, cada um à sua maneira exerce e aplica a “Lei do Mais Forte”, ou seja, “quem tudo tem, tudo pode”. São Paulo é governado pelo PSDB há quase vinte anos e nenhuma iniciativa de Comissão Parlamentar de Inquérito é aprovada sem a benção do governador do Estado, ou seja, quase nenhum parlamentar situacionista se dispõem a assinar listas em pedidos de CPI que firam interesses do poder estabelecido. Vigora uma espécie de Lei do “escreveu não leu, o pau comeu” ou numa tradução simplificada, contrariou a vontade vinda do Palácio dos Bandeirantes é quase certa a perda de recursos de emendas parlamentares. Vivem todos com um curtíssimo cabresto, à moda coronelista. Explico como se processa a democracia lá dentro nos tais procedimentos para abertura de uma CPI. A base governista pratica abertamente uma manobra quando protocola no início dos trabalhos uma imensidão de pedidos de investigação. É a corrida dos situacionistas pelos protocolos em uma quantidade muito maior do que a dos oposicionistas. E o fazem sobre os temas mais bestas desse mundo, predominando a irrelevância extremada, mais vazios que uma porunga. Nada que possa atingir o governo. Feito isso, aguardam silenciosamente o desenrolar dos acontecimentos. Quando estoura algo sujo pelos lados da situação, a oposição bem que tenta inscrever e fazer vingar uma CPI, mas é solenemente barrada por um dispositivo legal, o do limite já estar excedido. Não existe mais possibilidade da criação de nenhuma comissão nova. Tudo depende da maioria e essa fica mais calada que um mudo tentando exercer a fala. A isso alguns chamam de “exercício democrático do estado de direito”, mas nós, os bobos da corte sabemos não passar de uma mera manobra da base governista para deixar tudo como está no quesito investigação contra desmandos advindos das altas esferas alckmistas. Isso é São Paulo.

OBS.: Todas as fotos ilustrando esse texto foram tiradas por mim na última apresentação do projeto "Um canto no Botânico", quando da apresentação do AWE Trio, com o vocal de Audren Victorio, dia 06/11 e as publico como demonstração de que é mesmo lindo ver o povo na rua em estado de êxtase, alegria e contentamento. Amanhã, dia 20/11, domingo, 10h, show por lá do "MONTE DE BOSSA" e a real possibilidade disso tudo se repetir.

3 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Esse seu artigo de hoje veio bem a calhar, pois o Metrô paulista administrado por cupincha do Alckim foi pego no contrapé e o cara teve que ser demitido. Aquela história do perde-se os anéis, para não perder os dedos. Viu algo contundente nos jornais? Quase nada, mas continuam a escrever laudas e laudas sobre uma viagem de avião de um ministro de Estado. Qual causou mais danos ao erário público, a viagem de avião ou a viagem aos cofres públicos para bancar obras faraônicas do Metrô? Como voce mesmo escreveu: Isso é São Paulo e isso, concluo, é também como age a chamada grande imprensa brasileira.

Paulo Lima - atento às coisas, mesmo daqui das barrancas matogrossenses

Anônimo disse...

Henricão

Muito boas as fotos no Jardim Botânico e só não estou nelas, pois deixei de ir. Nesse domingo irei.

Rosana

Anônimo disse...

Governo do PSDB. Alguem ousa questioná-lo? Rodas & Tio Gastão estão no poder há muitos anos. Por quê?