sexta-feira, 29 de maio de 2015

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (62)


BAR AEROPORTO DO ESTIMADO ICO, RESISTE E INSISTE MANTENDO ESTILO DE ÁUREOS TEMPOS
Gosto muito de no meio dessas conversações todas, da controversa realidade política administrativa vivenciada na dita terrinha da “terra branca”, ou mesmo “sem limites”, dar aquele breque em tudo e escrevinhar de lúdicos lugares ainda aqui existentes. Nesses momentos dou aquela viajada, flano na prosa e divago, na maioria das vezes ao sabor de quitutes de botequim, regadas pela gelada cevada. São as poucas transgressões ainda possíveis. Conto uma delas aqui, um lugar dentro dessa ilha (ou arquipélogo, sei lá!) chamada Bauru, onde ainda é possível jogar uma boa conversa fora. Reconhecido lugar onde, mesmo encravado no coração da Zona Sul, reduto dos mais nobres (sic), consegue reunir a gentalha de toda cidade, dentre os quais me incluo. Falo e escrevo do BAR AEROPORTO, um dos que frequento com certa regularidade. Abro aqui meu resquícios de memória ainda ativos para lembrar algo desse lugar.

Nem sei como tudo começou, mas sei que bem lá atrás, idos de agosto de 2007, quando ainda nas hostes da Cultura municipal, fui agraciado com um texto de minha lavra na melhor revista semanal brasileira, a Carta Capital, o “Bauru DOCG”, versando sobre o tradicional sanduiche bauru (esse com minúscula mesmo). Dentre os locais onde se fazia o tradicional, respeitando a tradicional receita com uma certificação, eis o Bar Aeroporto na parada. No trecho reverenciado o lugar escrevi: “A certificação foi sendo amadurecida nos últimos anos, até ganhar forma. E virou uma jogada de marketing não só para estimular a venda do sanduíche, mas para promover a cidade do interior paulista. Os cinco primeiros estabelecimentos a receberem a Certificação são as três lojas do Ponto Chic, em São Paulo e os bauruenses, Skinão Bar, que há 34 anos preserva a receita e Bar Aeroporto, há 14 anos no Aeroclube. (...) Também certificado, Fernando Improta, diz que o lanche é o carro-chefe no Bar Aeroporto: "Por lá passam muitos aviadores que se assustam, pois o bauru não é o misto-quente que eles comem em outras cidades".

Se em 2007 eram 14 anos de existência, hoje já são 22, encravado dentro do Aeroclube de Bauru, onde também resiste em continuar existindo o original aeroporto, hoje não mais ativo para voos comerciais. O lugar é bucólico, os hangares construídos pelos ferroviários e tudo o mais com aquela carinha de saudosismo. Localizado no mais alto ponto da cidade, no verão um ótimo lugar, batendo aquele ventinho refrescante, porém, no frio, por ser um dos locais mais altos, o vento bate frio, doído demais da conta. Nesses momentos o melhor é permanecer dentro da redoma de vidro do bar e fugindo do ar livre. Quem conhece o bar sabe disso que vou dizer agora: ele é um belo reduto de boêmia ainda possível, um dos mais tradicionais locais de conversação, encontros e reencontros. Do famoso sanduíche só um algo mais, o local continua certificado e da guloseima, diz minha companheira de todas as horas, a professora Ana Bia, entendida de degustações múltiplas e variadas: “É o melhor bauru de Bauru”. O texto da revista pode ser lido clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search…

Agora, como se estivesse lá sentadinho, bem acomodado, bebericando uma gelada, comendo o que mais gosto de degustar quando por lá, o saboroso carpaccio, escrevinho do bar em si. É um bar a moda antiga, sem rapapés desses modernosos, mas mantendo as melhores tradições dos antigos. Para começo de conversa, um baita de um cara do lado de lá do balcão, o ICO, sócio proprietário e nas noites mais controvertidas, dessas onde nenhum mortal escapa, cai como uma luva como conselheiro para todo tipo consulta e segredo (o cara é um túmulo segredativo). Um sujeito reservado, mas daqueles poucos onde se percebe uma sabedoria sobremaneira para tocar esse tipo de negócio. O bar em si possui aquela carinha característica de ser um local segmentado, pois tudo ali lembra a aviação. Num antigo balcão, com tampa de vidro, variadas lembranças com essa temática, desde camisetas, adesivos, chaveiros, bottons e afins. Nas paredes, além de várias reproduções de textos escritos sobre o jornal, muita coisa também sobre aviação e aviadores. Muitos desses, principalmente os aposentados adoram ali se reunir e passarem longas horas em mesas movimentadíssimas. Muitos ali estão a fugir de ficarem em casa e serem obrigado a assistirem as indefectíveis novelas televisivas.

Mesinhas internas com tampa de madeira e cadeiras com encosto de treliça são o must do local, mais acolhedor impossível. Tudo ali é um tanto antigo, mas é exatamente por causa disso que o lugar é dos mais atrativos e convidativos. Um ótimo lugar para bater papo. Do lado de fora, onde antes era o saguão do velho aeroporto da cidade e algo novo, coberto, porém aberto dos lados, mesas são dispostas e fervem ao final das tardes, principalmente aos sábados e domingos. Boa parte de gente animada e dos que fogem dos points da moda por lá comparecem. Muitos batem cartão, como a dupla Kyn e Mariza, empresários do teatro de bonecos, que costumam até fechar negócios em suas mesas e toda e qualquer visita chegando à cidade, fazem questão de levar até o local. É point turístico quase obrigatório. Outro que comparece sempre é Eraldo Bernardo, famoso músico. Na revista AZ desse mês de maio, publiquei um texto de minha lavra, tendo ele como tema e o bar como pano de fundo. Leiam clicando a seguir:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search….

São tantas coisas desse lugar, que temo ao homenageá-los acabar me esquecendo de detalhes dos mais louváveis. Credito isso aos efeitos da cevada na minha rede sanguínea. Mesmo assim, tento seguir em frente com esse escrito. Não posso esquecer de citar um outro frequentador, talvez o mais assíduo, o Miguel Hernandez, sangue espanhol nas veias, cozinheiro de mão cheia, ex-Mar Marisco, com lugar cativo e proseador em voz alta, com mesa sempre rodeado de muitos a lhe dar ouvidos e sempre a postos para ouvir suas longas histórias (estórias também) dos tempos do Sbeghen. Trata-se de uma daquelas peças consideradas patrimônio tombado nesse tipo de estabelecimento. Falar do lugar sem falar de Miguel é praticamente impossível. Sabe tudo do lugar e naqueles dias quando os garçons estão ocupados, ele pode descrever o cardápio para o cliente em todos os seus detalhes. Além do sanduíche e do carpaccio, com certeza, ele indicaria o bolinho de bacalhau como um dos seus preferidos.

A cozinha é algo peculiar. Tem detalhes hilários. Um deles é um senhor, agora conhecido da maioria dos frequentadores habituais, um que revende alho embalado e circula de bicicleta entre os restaurantes noturnos. Tornou-se figura popular e é com o produto fornecido por ele que a maioria dos comes ali servidos são preparados. Leiam dele aqui:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search…. A cozinheira e pelo menos duas das garçonetes estão por ali fazem muito tempo e conhecem tudo como a palma de suas mãos. Um barato ver como servem os pratos para refeições. Nada é preparado antecipadamente e só servem algo muito parecido com o tradicional PF, arroz, feijão e duas misturas, além da salada e uma única cozinheira prepara tudo da forma mais artesanal desse mundo. Não tem como não gostar quando o prato chega com aquela fumacinha de coisa bem preparada.

Já escrevi muito de lá e para encerrar cito alguns desses escritos. A grande novidade dos últimos tempos foi a abertura de um espaço semanal, sempre nas quartas, para apresentação dos chorões. São músicos que encontraram no lugar um ponto ideal, fixo para se reunirem e ficarem tocando seus instrumentos. Saem maravilhas desses encontros, reunindo músicos maravilhosos. Leiam isso:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search…. Um deleite para quem sai estressado das agruras de um atribulado dia a dia. Num texto meu de 2012, algo mais de alguns dos frequentadores do lugar, ponto de reunião e congraçamento, podendo ser lido clicando a seguir:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search…. E por fim, como gosto muito de cutucar da irracionalidade de levarem o aeroporto de Bauru para a vizinha Arealva e por lá, poucos voos e muitos besouros invadindo o lugar, reproduzo um texto escrito ano passado sobre os voos particulares, autoridades variadas chegando e preferindo pousar nesse aeroporto e é claro, indo consumir aquele cafezinho no bar do local. Leiam clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search….

Muitos fazem de tudo e mais um pouco para derrubar de vez o Aeroclube e levando consigo o famoso bar, mas ele resiste já tombado pelo patrimônio histórico municipal. A especulação imobiliária é louca pela total ocupação do lugar, dividindo-a totalmente em lotes comerciais, mas os amantes do bar, cervejando naquelas mesas não só torcem o nariz para a ideia, como jocosamente brincam sobre essa imensa área livre em pleno coração da cidade. Muitos desses especuladores até bebem por ali, olhando para todos os lados, sonhando com o que poderia ali ser feito, divagando sobre seus perdidos lucros. Lucro mesmo possuem os frequentadores do lugar, desfrutando de um dos lugares mais convidativos de Bauru. Se ainda não conhece não sabe o que está perdendo. Vá e traga um mimo de lembrança com motivos aeronáuticos. Essa a pedida do mês, um bar para chamar de SEU. Convido todos (as) a passarem por lá e conferir tudo, gastando bastante, daí talvez o ICO comece a pendurar minhas despesas. Ele é meu amigo, mas é duro na queda!

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

Mia Franzoi Amo demais, é um dos meus lugares favoritos na cidade.
Descurtir · Responder · 2 · 29 de maio às 10:56

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
Frederico Weiser Grato pelo registro e palavras é um grande prazer receber velhos e novos amigos minha casa
Descurtir · Responder · 4 · 29 de maio às 13:18

Viviane Mendes Conheço vários bares no mundo, mas, o bar do aeroporto é o melhor. Eu amo...tudo. Posso dizer que é o bar da minha vida !!!
Descurtir · Responder · 3 · 29 de maio às 13:31

Denise Amaral Muito bom. ...adoro !!!!
Curtir · Responder · 29 de maio às 14:46