sexta-feira, 11 de setembro de 2015

AMIGOS DO PEITO (109)


DIA DO CERRADO E POETAS CUSPINDO FOGO CONTRA OS PREDADORES
O Dia do Cerrado é obrigatoriamente comemorado em Bauru, não por todos, mas pelos menos para os mais conscientes. Dentro da área do município uma das maiores reservas ecológicas paulista, supostamente impedida de ser devastada, mas nos últimos tempos, pela presenciada matança de animais nas rodovias que circundam a cidade, algo a ser observado: Esses condomínios todos já não passaram e muito dos limites permitidos? A alegação é sempre a mesma, eles são o PROGRESSO. Tudo em nome desse monstro, bons para uns poucos, que lucram com esse negócio e ruim para todos os demais, com a degradação ecológica avançando a olhos vistos. Esse o cenário. Abro o jornal de hoje e lá um belo texto do jornalista Nelson Itaberá Gonçalves no JC, seção Opinião, com (Des)cerrando o Cerrado:http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=240315.

Para mim, uma cidade dominada pela ação intempestiva da especulação imobiliária, que tudo faz e tudo pode, contando é claro, com apoios de gente graúda, as tais das forças vivas (vivíssimas) de Bauru. Quem sai perdendo: O cerrado que continua sendo devastado, ultrajado, espoliado e estuprado de forma vil, seviciado sob os olhares complacentes da maioria. As reações existem e precisam ser mais e mais divulgadas e destacadas. Hoje ocorre uma delas e se a cidade quer entender de fato o que se passa com o quesito CERRADO, basta espiar o que os poetas dessa aldeia pensam sobre o tema. Nada melhor, sempre isso, escutar com a devida atenção a fala dos poetas, os que estão meio que fora dessa sintonia promovida pela roda financeira, uma que gira e gira só pensando em grana e ao culto do “deus dinheiro”. Primeiro reproduzo aqui a fala de um de nossos maiores poetas, LÁZARO CARNEIRO, um que leu Nietzsche, Marx, Galeano, Castro e não tira seus pés, sempre sujos do barro desse chão. Leiam isso:

"Eu nasci logo após a guerra ,mas fui criado no fronte.
As batalhas se sucedem e é de cara com o inimigo que vou tentando a sobrevivência, sobrevivo a ataques de armas letais como a tv e outros drones carregados de coisas que ditam o mercado ,despejam sobre mim manipulações midiáticas e são quase impossíveis desvencilhar-se delas, mas, estou pronto para as próximas batalhas , sei que a vida é um galope na tempestade , há coisas que me adoece e sinto o peito pisado como chão de curral, tenho no cerrado o sorvedouro de minhas tristezas pois sou parte dele, sou como uma árvore do cerrado, quem me vê de longe me acha um pouco torto, meio feio, casca grossa, até aceito a definição de espécie rústica e sem muita importância

Mas há mais coisas em comum entre eu e as árvores do cerrado. Eu também passei por adversidades, verdadeiras estiagem, suportei queimadas que me deixaram chamuscado, sobrevivi à ignorância das autoridades e longos períodos de secas, pois tenho cá os meus valores, tenho raízes profundas isso me alimenta e me fixa na terra onde nasci e assim resisto a vendavais que vem de outras pradarias, minha sombra é rala porem refrescante, já dei belos frutos que estão espalhados por ai e que servirão para arborizar a vastidão das chapadas de nossa existência".

Quem quer se infiltrar nesse subversivo meio de poetas, versando sobre as ainda maravilhas no entorno dessa nossa aldeia, deveriam ao menos espiar o que venha a ser o Sarau Versos no Canto, hoje, 11/09, sexta, 20h, no salão ao lado da casa do poeta Lázaro Carneiro, rua Eugênio Borro 4-71, jardim Bela Vista, pertinho do Clube da Vovó. Uma pacata rua, quadra ladeando um ginásio de esportes, corujas piando nas arvores, um salão que mais parece uma igreja evangélica, mas não se acanhem, desçam que o falatório, a ladainha será de outra natureza. Com o tema “A Máquina de Moer Roda 24h por dia”, aprontações múltiplas e variadas vindas da boca de gente disposta e enfrentar o dragão da maldade com as armas que possuem às mãos, sua verve falatória. A inspiração será o Cerrado, mas ninguém sabe ao certo o que pode acontecer num lugar desses, pois tudo flui da cabeça de quem pega o microfone e daí sempre sai pólvora pura, explosões mais que literárias. Ninguém por lá colocará fogo no cerrado, mas sim, no rabo dos predadores e de todas as cores e matizes. Vamos cuspir fogo hoje à noite. Está disposto a acompanhar esse intrépidos lunáticos?
Quer coisa mais linda que isso, espiem o convite feito pelo poeta: "Quem come traz o di comê, quem bebe traz o di bebe, quem pita traz o di pità, quem escreve traz o di recitá e quem curti traz alegria pra compartilhar". Um salve efusivo para Maria José Ursolini, a Zezé, que leva adiante as boas novas desse sarau pelos mais diferentes caminhos, mês a pós mês, versando ao modo e jeito dos mascates, caixeiros viajantes da boa nova.

Um comentário:

Anônimo disse...

E como foi a festa?
Carolina, aluna da Unesp
Iriamos lá para registrar, mas choveu mnuito