domingo, 20 de setembro de 2015

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (77)


UM MÉDICO BAURUENSE E ALGO DA INTRANSIGÊNCIA DE SUA CLASSE – O TAL DO ÓDIO

Primeiro peço que leiam o editorial da revista Brasileiros, nº 98, setembro de 2015, autoria do seu diretor de redação, o jornalista fotógrafo Hélio Campos Mello, com o título SOBRE INCOMPETÊNCIA, CRETINICE E HIPOCRISIA: http://brasileiros.com.br/…/sobre-incompetencia-cretinice-…/. Faço questão de reproduzir uma frase do texto e com o devido destaque: “...o nível de ignorância, cretinice e estupidez que aflorou e se tornou vergonhosamente visível nas manifestações de rua e nas redes sociais, principalmente na avenida Paulista e no Facebook. (...) Uma olhada pelos personagens, atitudes e cartazes exibidos pelos participantes da manifestação do dia 16 de agosto dá vergonha e desgosto. Pior é a cretinice hidrófoba, espécie de estupidez patológica, já com um pé dentro do território da barbárie. Exemplo disso foi a recente caminhada dominical do ministro da Justiça do País na avenida Paulista. Por pouco não foi linchado. Verbalmente, porém, foi achincalhado. “Pega ladrão”, “corrupto”, “petista”, “cara de pau”, “filho da puta”. Foi também chamado, aos urros, de “bolivariano”, adjetivo que atualmente acompanha “petista” e é vociferado por quem nem sabe seu significado, muito menos quem foi Simón Bolívar. (...) Também não há desculpa para a hipocrisia”.

Agora começo a contar a história do médico bauruense JOSÉ EDUARDO FOGOLIN. Ele trabalhou em Bauru no SAMU, exercendo depois a função de administrador desse serviço na cidade. Trouxe consigo bem de antes da sua formação profissional algo singular dentro do estudo da medicina, um denodado amor pelo SUS e pela sua função pública. Sim, o Sistema Único de Saúde, tão maltratado pela classe médica brasileira e principalmente pelos órgãos de classe dessa categoria profissional, um que, mal ou bem, sempre atendeu de forma ampla toda a população brasileira. José Eduardo vê no SUS algo sui generis no modelo de atendimento à população, carente ou não, ou seja, a todos. Ao invés de criticá-lo, sempre está a propor medidas para sua melhoria e aperfeiçoamento. Crê e aposta suas fichas nisso. Compra homéricas brigas na defesa desse modelo. Numa delas, nem ele, nem todos os ainda conscientes nesse país conseguem entender como pode uma parcela significativa dos médicos cravar homéricas críticas ao Sistema e continuar enviando seus pacientes particulares, principalmente aqueles cujos planos privados de saúde não cobrem seus diagnósticos para o atendimento público. O SUS pode tudo, inclusive ser o saco de pancadas de tão unida “catiguria”. Durma-se com um barulho desses. Essa, infelizmente, a postura de boa parte da classe médica brasileira. O médico bauruense combate essa postura.

Escrevo dele pelo motivo de tê-lo reencontrado nesse último sábado pela manhã, quando estava numa reunião acadêmica lá no tranquilo Bar Aeroporto (faço muitas sérias reuniões em bares, viu!). Ele é muito lembrado aqui na cidade por causa de outro motivo. Tipo físico privilegiado, sarado, lembrei a ele de um folclore circulando pela cidade, o de que muitas e muitos chamavam o SAMU só para ser por ele atendido. Ele ri. Sua vida mudou muito, casado, hoje reside na capital federal (ele lá, ela aqui). Em 19/10/2011, o Jornal da Cidade noticiou assim sua saída da cidade atendendo convite para trabalhar no Ministério da Saúde:http://www.jcnet.com.br/…/medico-de-bauru-assume-cargo-em-m…. Sim, desde então exerce por lá a função de Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade, quando passou a “organizar as políticas públicas voltadas aos atendimentos ambulatoriais e cirurgias especializadas no âmbito do SUS”. Isso o obriga, desde então a viajar país afora e a se especializar cada vez mais. Vem exercendo sua função a contento.

Agora faço a ligação do primeiro parágrafo com os demais. Na abertura do 38º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Florianópolis, começo desse mês, ele foi veementemente vaiado por uma plateia constituída em 100% de médicos brasileiros e com algo peculiar, o tal do “Fora PT” em alto e bom som. Vídeos publicados na internet mostram o representante encerrando o discurso e deixando o púlpito ao som de vaias e assovios. José Eduardo não estava li para fazer política partidária (nem sei se ele é do PT), mas simplesmente para fazer a abertura do Congresso e falar sobre Oftalmologia. Confiram um dos tantos vídeos feitos no local clicando a seguir: https://www.youtube.com/watch…. Vaias são normais. Já vaiei muito e continuarei vaiando. Mas tem vaie por algo além da crítica. Hoje isso bem latente, extrapolando um ódio mais do que pulsante, espumando e escorrendo pelo canto da boca de muitos. Demonstrações como essa, para mim, explícitam esse ódio. O PT no Governo deixou e muito a desejar (mas também fez o que ninguém até então tinha feito), mas quando você vê a classe médica se manifestando contrário à atuação do SUS, do Mais Médicos, do programa de Especialidades e tudo para privilegiar o privado em detrimento do público, vejo que, a MEDICINA BRASILEIRA ESTÁ DOENTE. O bauruense José Eduardo teve a oportunidade de vivenciar isso pessoalmente.

OUTRO EXEMPLO DA INTRANSIGÊNCIA - SENDO ÁRABE JÁ É SUSPEITO, NOS EUA ESTÁ É PRESO
Um garotão residindo com a família desde muito tempo nos EUA, mas com traços indissolúveis no sangue. Primeiro algo que sempre vai atrair atenções das mais suspeitas nesses lugares onde o racismo é mais do que latente, é negro. Depois o nome, AHMED MOHAMED, 14 anos e muçulmano. Isso por si só já é altamente combustível lá nos EUA e no resto desse globalizado mundão cada vez mais piorado e deteriorado mentalmente. Tudo piora no dia em que o jovem, curioso em robótica resolve levar para sua escola e com o intuito de apresentar para seu professor de Engenharia um relógio feito por ele mesmo. A geringonça foi logo vista como algo mais do que suspeito. Seria o garoto portador de uma bomba e prestes a explodir a escola? Uma professora o denunciou e ele foi sumariamente preso, alagemado e o objeto detido para averiguações. Todos, indistintamente, ignoraram totalmente suas explicações, afinal, ele mesmo conhecido por todos, pacato cidadão, portava um apetrecho ameaçador. O caso gerou um algo mais na questiúncula dos preconceitos todos lá na terra do Tio Sam. A última e mais instigante notícia do caso é que o garoto já foi solto (ufa!), o presidente do país, o negro de nome também suspeito, Barack Hussein Obama, acabou convidando-o para visitar a Casa Branca e lhe apresentar o tal relógio, mas ele até pode ir, mas sem o dito cujo, pois a criteriosa (sic) polícia daquele país ainda não lhe devolveu o surrupiado relógio artesanal. O mantra hoje vigente em países com culpa no cartório é só esse: “Desconfiar é preciso”. Foi o que fizeram.

Leia mais sobre o assunto no relato ]do jornal El País, na sua versão em português: http://brasil.elpais.com/…/internaci…/1442421306_154702.html

2 comentários:

Mafuá do HPA disse...

Com 40 curtidas e 25 compartilhamentos no facebook eis alguns dos comentários publicados por lá:

Henrique Perazzi de Aquino Joao Jose Fogolin, ele é seu parente???
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Joao Jose Fogolin Sim, filho de uma prima muito inteligente.
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Henrique Perazzi de Aquino

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Patricia Karst Caminha A coisa está feia.
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Jose Roberto Pavanello Silva Gente boa Henrique, foi várias vezes, no Alfredao assistir o norusca, e na humildade ficou sempre no nosso.meio.
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Tarcila Lima da Costa-Tati · 34 amigos em comum
Caramba, que tristeza...
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Rosangela Maria Barrenha Sim, Henrique, eu o conheço! O cara é o maior gente boa, dava plantão no Bela Vista!Vc tem razão, ele faz parte de uma minoria! É dos nossos!
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Carminha Fortuna Joao Pedro Neves, PSC... abraços
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Anônimo disse...

CONTINUAÇÃO COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:


Henrique Rocha De Andrade Filho “Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. PARABÉNS DOUTOR.
Descurtir · Responder · 3 · 23 de setembro às 18:16

Bel Sotero Henrique Perazzi de Aquino, trabalhamos juntos no SAMU, ele é muito querido !
Descurtir · Responder · 4 · Ontem às 10:27

Rodrigo Ferrari Entrevistei ele quando ele estava no começo da carreira. Cara idealista. Diferente de seus colegas mercenários.
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Marilene Lombardoso · 45 amigos em comum
Zé foi nosso coordenador no Samu Bauru, muito comprometido com o serviço, muito querido tbm.
Zé torcemos por VC.
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Maria Cristina Romão O que será que andam colocando na água que os brasileiros tomam? Medo!
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Rui Zilnet Pois é, meu amigo Henrique, aos olhos de quem produz os editoriais e noticiários das mídias tradicionais, nosso país é o exemplo do que há de mais negativo no mundo. Isso é muito triste! Mas, felizmente, pessoas como você, que não se deixa contaminar por esta bactéria de ódio disseminada por esses infelizes, mostra através de seus artigos tão coerentes, que o que falta aos brasileiros é um pouco de amor à pátria.
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