quarta-feira, 18 de novembro de 2009

CENA BAURUENSE (44)

A "CULTURA" DE MAL A PIOR, SEGUE SEU ATUAL CAMINHO, INEXORÁVEL, ATÉ O FUNDO DO POÇO
Eu ando um pouco cansado de chover no molhado. Tenho sido por aqui no mafuá, uma voz a clamar por mudanças no setor da Cultura municipal, encontrando muito eco dentro da classe artística e dos próprios servidores, mas pouca ressonância no momento dessas críticas serem transformadas em ação concreta, vozes a clamar, pedir providências, visando uma mudança. Persiste o tal do medo, receio de retaliações, coisas do gênero. Insensibilidade e cabeça dura persistem no quesito continuísmo a qualquer preço. Já estou cansado de, a cada dia ir a um lugar diferente e escutar uma nova ladainha de descalabro. De tantas que já se sucederam, as que vão surgindo parecem não ter mais nada de novo. O fato é algo simples de ser constatado: o setor cultural do município anda num desalento de dar tristeza até no mais desatento. Parece não existir mais motivação para nada por lá. Resignação de que o alto escalão não possui intenção de alterar nada e o quanto pior melhor prevalece, persiste e se eterniza, para total desespero de toda uma classe artística, de servidores ávidos por dias melhores e o retorno a um trabalho efetuado com esmero, dedicação e vontade, além do público, privado da realização de atividades. A cada novo evento por lá realizado, uma situação de degradação mais evidente, uma tristeza ampliada em alguns decibéis e um ambiente hostil e de vidas controladas, manipuladas e aniquiladas. Adianta continuar relatando aqui as histórias de um descalabro que se repete, um acinte virando rotina, uma falha incorporada como normal, um esvaziamento e empobrecimento no ambiente, dando uma tetricidade nunca vista pelos lados do nosso teatro, museus, bibliotecas e afins. De que adianta continuar mostrando que o teatro está degradado, com artistas tendo que comprar lâmpadas para seus espetáculos, que lanches precisam ser adquiridos em barracas nas calçadas, que a sujeira está evidente nas paredes, que a tristeza está estampada nos olhares, que os artistas estão batendo em retirada, que os gastos mínimos de manutenção deixaram de ser efetuados, que a Maria Fumaça cria teias de aranhas, que o Ferrovia para Todos está sem nenhuma atividade, que uma direção medrosa está sempre submissa à detalhes jurídicos, que falta coragem nas ações, que as atitudes não são compatíveis com o bom andamento do serviço, que aqueles a ainda querer mostrar serviço estão encostados, que o regime de direção é ditatorial, que vozes dissonantes não são bem aceitas, que outras secretarias ocuparam um espaço antes da Cultura, que o secretário não prestigia os próprios eventos do setor, que a paradeira nos museus e a falta de funcionários incomoda, que artistas são recebidos aos gritos, que... Tanta coisa mais poderia ser dita, mas algo me diz que, ao que tudo indica, um acordo político mal feito é mais importante do que devolver à lucidez e um pouco de honradez e dignidade a um dos setores mais importantes da administração municipal. Pior que tudo é o dirigente da Cultura, o denominado “unanimidade” não se tocar, não possuir desconfiômetro, não perceber, não mudar de atitude, não raciocinar pelo coletivo, não compreender os erros, não procurar acertar e continuar agindo barbaramente contra a cultura de um setor e de uma cidade. O que faltaria acontecer para isso tudo gerar um amplo debate sobre o assunto? Por que age com tanta insensibilidade e inabilidade? O que poderia ser pior que tudo isso presenciado hoje? Desalento amplo, geral e irrestrito.
OBS.: Tudo isso tem um motivo. Ouço que nova movimentação cultural está para ocorrer; clamando por mudanças nos destinos da Cultura municipal. Acredito e dou o pontapé inicial por aqui.

Porém, mesmo com tudo isso eu continuo tentando e insistindo em participar de atividades mil. Ando, circulo e continuo em exposição. No SESC, fui assistir Oswaldinho da Cuíca; no Teatro Municipal prestigiei o XI Festival Interamericano Dança Árabe, promoção da Márcia Nuriah (comprou até lâmpadas para poder se apresentar e convidou carrinhos de lanches para se instalarem nas calçadas); fui assistir com amigos o show do Arrigo Barnabé e da banda Sabor de Veneno, lá no teatro Elza Muneratto, de Jaú; vereador Roque Ferreira inaugura uma livraria no centro da cidade; assisti os alunos do CEVAC, lá do Geisel, atuando numa linda peça teatral no último domingo, no auditório da OAB; um Fórum Municipal de Direitos Humanos me mobiliza; uma Semana de Artes Visuais acontece numa edificação sendo restaurada, a denominada Casa Fígaro e a Semana da Consciência Negra, recheada de atividades, capitaneada pelo amigo Ademir Elias. A Cultura na cidade continua em plena atividade, mesmo com o principal agente do setor municipal se mostrar indiferente e remando seu barco para o lado oposto, o do isolamento, do autoritarismo e da prepotência. Imagine como seria bom se a Cultura municipal estivesse envolvida com tudo isso? Mas não está, nem demonstra interesse em mudar de rumo. Padecemos todos nós. Nem orar em posso, pois não acredito nisso.

3 comentários:

Anônimo disse...

DESPEITADO

Henrique disse...

Meu caro a me chamar de DESPEITADO:

Sou assim mesmo, uma pessoa que escreve com sentimento e muitas vezes o faz até com excessos. Não sou dono da verdade, nem tenho essa pretensão, muito menos voltar a trabalhar na Cultura local. Exerci um cargo lá por 4 anos, dei o meu quinhão, cumpri meu papel, tenho boas recordações do período, mas ele já se foi, estou em outra, numa batalha de dar gosto (a da vida, contínua, sem tréguas...).

Despeitado não é um termo adequado para mim. Não visto essa carapuça. Passo longe disso. Em primeiro porque o que fiz por lá, procurei fazer bem feito, com dedicação. Talvez faltou eficiência, mas sempre no sentido de acertar. Hoje, quando escrevo mais nesse mafuá, cutuco muita gente que aí está e só isso já seria um impedimento quase que total para pleitear algum tipo de retorno. Se você pode escrever livremente e o faz contra os tucanos, Limas Verde, Chalitas, Caios, Segallas, compra inimizades, mas fica de bem com sua consciência. Isso me basta, no mais tenho forças para ir à luta.

Num cargo público teria que voltar a me sujeitar e permanecer de cabeça baixa, suportar coisas, engolir mais sapos e aqui fora, a liberdade é total. Enquanto conseguir me manter independente pretendo continuar dessa forma.

Escrever sobre os desmandos não me torna despeitado. Vivo aqui, consumo aqui, me divirto aqui, minha vida é aqui e estarei sempre a escrever sobre os assuntos daqui. Certo ou errado o que escrevo é a minha visão desse mundo. Sempre aberto ao debate, como agora. Outra coisa: durante o tempo que por lá atuei, a equipe da Cultura foi vítima de ataques anônimos contínuos, muitos totalmente descabidos e só reagimos, quando um deles mostrou a cara. Provará na justiça o que falou demais. Aqui, escrevo e assino, com coragem, só isso. Os que aqui me lêem sabem que encontrarão algo de minha lavra, com minha assinatura embaixo.

Essa é minha resposta para isso.

Henrique, direto do mafuá

Anônimo disse...

Henrique, já ouvi comentários aqui pela Secretaria de Cultura sobre o que escreveu hoje. Ele te lêem, viu. Devm ficar putos contigo e daqui a pouco deve começar uma pauleira contra ti aí no blog. Não esmoreça, eles estão bambeando e sabem disso, cada vez mais isolados e cometendo insanidades. Estão mais perdidos que cegos em tiroteio e só uns poucos puxa-sacos estão lá a bajular os insensatos. Nós daqui, sem voz e sem local para publicar o que acontece, nos resta seu blog. Não pare, mantenha o espaço aberto, pois a coisa está ficando mais madurado que você pensa. Cutuque daí que nós vamos te abastecendo daqui.

Os sem voz da Cultura