sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UMA FRASE (43)

DOIS TEMAS, PRESENCIADOS NO MESMO LOCAL, NA ASSENAG E UMA FRASE BEM ELUCIDATIVA
1. Quinta à tarde, calor com aquele bafo vindo do asfalto, sensação térmica de 40º para mais, dou uma parada no serviço e compareço à reunião mensal e ordinária do CODEPAC, o nosso Conselho do Patrimônio Histórico. Todas as deste anos ocorreram lá na ASSENAG, aquele prédio de concreto armado, encravado atrás de um posto de gasolina na Getúlio Vargas. Chego cedo e como os conselheiros vão chegando aos poucos, me detenho em observar e fotografar uma exposição de plantas e projetos, criação e doação da ASSENAG, a Associação dos Engenheiros locais, para a Prefeitura Municipal, tudo devidamente assinado por Emerson Crivelli e Priscila Cucci.

Viajei no local vendo as amplas possibilidades criadas e expostas ali. Na primeira um projeto de Restauro da Estação Ferroviária Central. Tudo muito belo, com uma divisão do térreo contemplando opções de comércio, de lazer e cultura. O ponto negativo e muito discutível foi observar toda a gare, onde hoje existem duas plataformas (a terceira, a externa, parece será mantida) e dois túneis, transformada em um ambiente cheio de cadeiras e mesas, o tal do boulevard. Não gostei e espero ser convencido do contrário. Entendo que essa situação mereça um estudo mais aprofundado e cuidadoso, não só para não melindrar os ferroviários, alavancadores do progresso de Bauru, mas também onde se consiga contemplar tudo o que já foi proposto com o uso dos trilhos, principalmente nas atividades de turismo ferroviário. Trata-se de um projeto inicial. Essa minha contribuição, que se discuta mais (e mais).

Num segundo, o de uma Praça Paraesportiva, essa localizada na Nuno de Assis. Não sei se essa é que o vereador Roque Ferreira sugeriu, bem embaixo do viaduto João Simonetti ou é do lado de lá, numa área livre entre a avenida e residências. Gostei do que vi e ouvi que já existe até verba específica para sua implantação. Nada a contestar. Sendo o segundo projeto, aliado ao sugerido pelo Roque, de utilização de uma quadra, essa em área da antiga FEPASA, com pistas de skate e afins, todo aquele entorno teria uma bela revitalização. Torço por isso, moro nas imediações e sei o quanto é sofrível aquela região, principalmente a noite. Quanto ao cheiro do rio Bauru, espero e acredito vê-lo tratado em breve. Acreditem, em 1977, quando o Corintíans foi campeão paulista após 22 anos de jejum, as comemorações ocorreram naquela avenida. Ali era o point da cidade e eu tinha meros 17 anos.

O terceiro, talvez o mais polêmico, o da Câmara Municipal de Bauru, num local que não entendi direito, talvez lá na avenida Coube, acesso à UNESP. Explico o não entendimento. Não está certo que a Câmara será na Estação? Não se gastaria muito menos com isso? Ou esse é apenas um projeto, que já feito, está sendo meramente exposto. Tomara que não passe disso. Vejo obras muito mais urgentes e necessárias, mesmo o projeto sendo dos mais belos.

2. O outro tema presenciado foi na própria reunião do CODEPAC, com a apresentação e aprovação por unanimidade dos conselheiros presentes, pela abertura de um processo de tombamento do Bauru Tênis Clube. Comenta-se que o atual dono possuía intenções de apressar a demolição de tudo, um arrasa quarteirão. Antes que isso ocorra, a Associação dos Amigos do Museus de Bauru, presidida por mim e tendo como vice, o professor Fábio Paride Pallotta (esse ex-atleta do Tênis), encaminhamos ofício para promotoria Pública e o conselho, agilizando a abertura do processo. Não existe nenhuma intenção de frear ou impedir o progresso da cidade, como dizem as más línguas por aí. Pelo contrário, queremos isso sim, sempre, preservar a memória do rico patrimônio ainda existente na cidade. A sugestão, acatada por todos, é de que o processo tenha como alvo somente a nave central, o salão de festas, também conhecido como transatlântico, liberando todas as demais instalações. Quer dizer, a área sugerida para tombamento não ultrapassa 20% de todo o Tênis. Qualquer empreendedor mais aguçado, não se sentiria tolhido em nada diante disso, extraindo daí, amplas possibilidades. Quanto ao histórico do Tênis, percebam pelas fotos repassadas a mim pelo Pallotta, tiradas com seu celular, a rica arquitetura, que aliado a tudo o que já ocorreu naquele salão, a real necessidade dessa providência pelo tombamento.

Processo iniciado, aguardamos um amplo debate entre as partes, uma contrária e outra favorável, tudo dentro de uma discussão que deve ocorrer, com argumentos consistentes de ambos os lados. Algo que muito me entristece é um diálogo travado tempos atrás numa reunião do CODEPAC, com proprietários de um imóvel que não queriam o tombamento. Com muitas viagens ao exterior usaram esse tipo de argumento: “Veja, na Europa observamos muitos imóveis históricos, todos preservados e bem cuidados. Lá a valorização é certa e a preservação mais do que necessária. Aqui não, ninguém liga, temos que pensar no futuro do nosso imóvel e não se prender a velharias”. Lá e no dos outros, sim; aqui e no meu, nem pensar. Sair desse lugar comum é o papel que nos cabe nesse momento. No país não existe quase nenhuma mentalidade empresarial de preservação, só e unicamente a de ganhar dinheiro, negócios e mais negócios. Assim fica difícil, muito difícil.
Por fim a frase, lida hoje pela manhã no jornal BOM DIA, nas repercussões do início do tombamento, comprovando que para muitos (mas muitos mesmo), tudo não passa de um grande negócio, só isso, proferida/desferida pelo vice-presidente do Bauru Tênis Clube, Ricardo Coube: "Esse pessoal precisa arrumar serviço para fazer". Comentar o que diante de tamanha irracionalidade.

3 comentários:

Mafuá do HPA disse...

Quero reproduzir aqui três cartas publicadas hoje nos jornais de Bauru. Vamos a elas:

1. Tribuna do Leitor - Jornal da Cidade - 28/11/2009
Estranha decisão
Não há como entender a estranha decisão do Codepac, iniciando processo de tombamento do prédio do Bauru Tênis Clube, recém-adquirido por empresário de nossa cidade. Ao contrário do divulgado como base para eventual tombamento, não há como se entender no referido prédio valor arquitetônico, político, cultural ou mesmo histórico para a medida tomada. O próprio motivo alegado na matéria divulgada pelo JC já se mostra duvidoso, pois o pedido teria sido feito exatamente por causa da venda do prédio; além de existência no local de shows de Ney Matogrosso, Marília Pera e diversos bailes. Data vênia, a motivação chega a ser risível. Espero que prevaleça o bom senso e a medida não se concretize.


Carlos Sergio Rodrigues Horta

2. Sua Palavra - Bom Dia - 28/11/2009
Tombamento do BTC
Um povo sem memória é um povo sem história. Entretanto, há tempos se vem divulgando a venda do BTC. Não é justo com o empresário que fez o ivestimento uma decisão posterior do tombamento. É necessário clareza nas atitudes, quer sejam de iniciativa privada ou pública para que não haja medo das pessoas investirem e promoverem o crescimento da cidade.

Telma Regina Gobbi - médica

3 - Sua Palavra - Bom Dia - 28/11/2009
Tombamento do BTC 2
Absurdo! Só depois que o clube (BTC) foi vendido é que se fala em tombamento?

Paulo Sé - comerciante


MINHAS OBSERVAÇÕES:
ANTES TARDE DO QUE NUNCA. A IMPORTÂNCIA DO SALÃO, O MOTIVO DO TOMBAMENTO É INEGÁVEL E TRANSCENDE A SHOWS RECENTES. A HISTÓRIA REGISTRA FATOS MEMORÁVEIS ALI VIVENCIADOS E NÃO SE FAZ NECESSÁRIO ENUMERÁ-LOS AQUI. DEIXAR AQUILO TUDO SE PERDER É UMA GRANDE INSANIDADE. CIENTE DO TEMA SER POLÊMICO E NÃO PRETENDENDO IMPEDIR PROGRESSO ALGUM, OPTOU-SE POR INICIAR PROCESSO SÓ DO SALÃO, REPRESENTANDO DE 15 A 20% DE TODA A ÁREA. FICA MUITO FÁCIL FAZER A DEFESA E ENUMERAR VANTAGENS PARA O PROPRIETÁRIO SE TOMAR PROVEITO DISSO. QUANTO ÀS 3 CARTAS LIDAS, ISSO ESTÁ ME CHEIRANDO COISA ORQUESTRADA. TENHO CERTEZA, MUITO MAIS VIRÁ E JÁ SABÍAMOS DISSO. LUTAR POR PRESERVACIONISMO É TAMBÉM UMA LUTA CONTRA OS INTERESSES DE UNS QUE ENXERGAM SÓ LUCRO NA SUA FRENTE. DEBATER ISSO TUDO SERÁ DE GRANDE VALIA PARA TODOS NÓS.

Henrique - direto do Mafuá

Henrique disse...

Hoje saiu mais uma carta na Tribuna do Leitor sobre esse tema. Como já esperava, pela orquestração sentida, mais uma contra e pior, pedindo apoio do prefeito contra o grupo "alucinado" que tenta preservar algo na cidade. Percebam que eles não aceitam dialogar, o negócio é barrar o tombamento, custe o que custar, usando os argumentos possíveis e imagináveis. Leiam mais essa:

Codepac e o tombamento do BTC
Caros leitores desta prestigiada coluna.

Há poucos dias, escrevi para esta coluna justamente parabenizando os diretores do BTC pela coragem assumida, no sentido de finalmente se desfazerem deste prédio que já esta ultrapassado, onde nem os próprios associados freqüentam, o que não justifica as despesas de manutenção. A venda deste patrimônio se faz necessária para colocar o caixa do BTC em dia, e com sobra de capital suficiente para ser investido no BTC de Campo e no Náutico, justamente onde se verifica a grande freqüência dos associados.

Agora, justamente após anunciada a venda deste patrimônio, cujo novo proprietário é um grande empresário de nossa cidade, que tem a intenção de transformar a área em um moderno centro comercial, ajudando a revitalizar o nosso tão sofrido Centro, vem o Codepac, com uma idéia retrógrada, apoiar um grupo que se denomina Amigos dos Museus de Bauru, na tentativa de tombar este elefante branco.

A entidade justifica a necessidade de preservar o prédio da quadra 12 da rua Gustavo Maciel intacto em razão de seu valor arquitetônico, político, cultural e histórico.

Quem conhece o prédio, e tem algum bom senso, não vê nenhum valor arquitetônico no referido local, pois trata-se de um prédio de formas quadradas, com janelas de vidro em seu entorno. Eu me pergunto!...Qual é o valor arquitetônico que a entidade se refere?

Valor político? Por quê? Cultural? Alega-se que o Nei Matogrosso já fez um show no local!...E daí? Então vamos tombar também o prédio da Sagae, onde ele fez um show recentemente. A Marília Pêra, quando se apresentou nas dependências do BTC, e eu estava presente, foi vítima de um delírio de um grande empresário da nossa cidade, e que tenho certeza ela não tem boas lembranças do episódio.

A entidade também alega que o possível tombamento é de interesse da comunidade.

Qual será realmente o interesse da comunidade? Manter um prédio velho, por capricho de um pequeno grupo, ou de ter um novo centro comercial, moderno, revitalizando a área?

Acredito que o nosso prefeito não concorda com a posição assumida pelo Codepac, e sim com o progresso da nossa querida Bauru.


Marco Machado - bacharel em direito e bauruense de carteirinha

NÃO QUERO FICAR RESPONDENDO SÓZINHO ISSO TUDO, MAS ACHO MAIS DO QUE NECESSÁRIO UMA RESPOSTA BEM FUNDAMENTADA DOS MOTIVOS REAIS DA OPÇÃO DO INÍCIO DO PROCESSO. ELA VIRÁ EM BREVE.

HENRIQUE - direto do mafuá

Mafuá do HPA disse...

Não ao tombamento
Não sou e nem fui sócio do Bauru Tênis Clube, mas tenho idade para dizer que vi esse clube crescer, adquirindo casa por casa nas quatro ruas em que está construído. Conheci quase todos os homens que o comandaram.

Quero, pois, manifestar a minha revolta contra o estudo do Codepac para o tombamento de suas instalações. Se tal tombamento poderia suceder, não devia ter esperado a concretização do negócio (não conheço quem comprou) para acenar com o que me parece puro sentimentalismo. Espero que aqueles a quem compete aprovar ou não o tombamento que demonstrem seu bom senso não o aprovando.


Carlos Bonora


REPRODUZO ACIMA MAIS UMA CARTA SOBRE O PROCESSO DE TOMBAMENTO DO BTC. COMO ACHO TUDO MEIO ORQUESTRADO, ENVIEI CARTA MINHA HOJE PARA O JC. SAINDO PUBLICADA REPRODUZO NA SEQUÊNCIA.

ABRACITOS DO

HENRIQUE, DIRETO DO MAFUÁ