quarta-feira, 18 de abril de 2012

MÚSICA (85)

“SAUDADES DA REPÚBLICA” E MAIS UMA É DERRUBADA EM BAURU
Ontem ao passar na esquina da rua Alberto Segalla e avenida Octávio Pinheiro Brisolla, bem atrás do antigo aeroporto de Bauru, defronte o posto de combustível está sendo colocado abaixo um outrora casarão, com os telhados já todos retirados e marretadas comendo soltas, poeira espalhada pela rua. Até o final do ano passado funcionou ali uma animada REPÚBLICA ESTUDANTIL, um reduto de encontros pueris, moradia de uma rapaziada a fazer festa e, porque não dizer, um barulho a perturbar aqueles todos que nunca vivenciaram o que foi e é morar num lugar desses. Sabia que a casa havia sido pedida pelo dono, aluguel não renovado e tudo deve ter sido removido para outro local, pois desde janeiro imperava no local um sepulcral silêncio, como se fosse um final de festa. Permaneceu fechada até semana passada, quando começaram as marteladas e a depredação.

Escrevo isso cantarolando, a eterna “Saudades da República”, o maior sucesso de Luiz Ayrão, um sambista carioca, suburbano e a entender do riscado de ter sido jovem, espírito irreverente, brincalhão e morador de república. Vejam ele cantando em algo retirado do Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=5OL2aLe0Zw8.com/watch?v=5OL2aLe0Zw8) e se tiverem um tempinho o façam curtindo a letra, sempre atual: “República, república/ Ai que saudades dos meus tempos de república (estribilho 2x)/ Chegava de porre no quarto / Cantando chorinho e sambão / Acordava no meio da noite / Fazendo a maior confusão / A camisa que eu mais gostava Enxugava o chão do corredor / E uma meia da mulher amada / Era lá na cozinha o melhor coador/ Estribilho/ Livro emprestado não vinha/ E o que vinha não ia também Tomava o dinheiro emprestado / Depois não pagava ninguém/ Nota baixa tirava de letra/Na roda de samba e batida/ E brigava sem ser carnaval / Se falasse mal da portela querida/ Estribilho/ Requeijão que mamãe me mandava / Sumia sem nêgo saber/ A pelada era de madrugada/ Com bola de não sei o quê / Esse tempo agora é passado / Foi um doce de felicidade / Pois agora a barriga burguesa / Atrás de uma mesa chora de saudade”.

A realidade da letra dói na consciência de muitos ex-estudantes. Os tempos são outros. Lembro de uma antológica em Bauru, o CASARÃO, ali na rua Constituição, logo saindo da Nações. Terrenão imenso, dois andares, fervendo de dia e de noite, ininterrupto entra e sai, tanto que seus donos ao conseguirem colocar na rua os estudantes, a derrubaram já no dia seguinte, não deixando pedra sobre pedra. O terreno está lá até hoje, passados mais de cinco anos da derrubada, cercado e na espera de ser vendido (não para utilização estudantil, viu!!!). Ali ficaram hospedados muitos dos que vieram participar da OLA – Observatório Latino Americano, realização da SMC,em parceria com os estudantes da Unesp no ano de 2007. Participei de alguns convescotes e sei que isso agradava a moçada (que não tinha hora para dormir), mas irritava a vizinhança (os que têm hora para deitar e acordar).

Além dessas duas lembranças e sempre cantarolando a música do Ayrão, me contaram nessa semana o que anda acontecendo com uma das mais famosas repúblicas bauruenses dos tempos atuais, a TIJUCA, um reduto boêmio e festeiro. Suas festas já não atraem gente como antes, tudo por causa dos personagens da noite, os nóias, drogados e a perambular pelas ruas, desorientados e em busca de dinheiro fácil para consumir mais droga. Esses adentram as repúblicas, portas sempre abertas e roubam todos, fazem uma limpa (ampla, geral e irrestrita). Muitos estudantes estão deixando de comparecer nessas festas e a da Tijuca, antes sempre lotada, hoje fenece a olhos vistos. Como estudante não costuma brigar com nóia, estao num sério dilema: Que fazer daqui para frente e continuar festando de portas abertas?

ALGO MUSICAL PARA ENCERRAR O POST: Tenho amigos musicais, que tocam, cantam e encantam, uns mais outros menos. Esse que vos apresento (a parte musical) é uma das pessoas mais críticas que conheço, o amigo comunista Marcos Paulo Resende. De inflexível posicionamento, inclusive no musical, eis o mesmo cantando e tocando um dos seus ícones, John Lennon. Vamos saborear com moderação:

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