segunda-feira, 15 de outubro de 2012

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (77)

DOIS MARANHENSES E SEUS OFÍCIOS
1.) Dona Socorro montou um pequeno negócio que é a cara do Maranhão. Ela junto do irmão, o Fernandes revende no Centro Histórico da cidade de São Luiz azulejos decorativos com os mais diferentes dizeres e ilustrações e faz fama, pois essa é uma das lembranças que os turistas mais compram ao passear pelo estado. O azulejo, todos sabem é a cara da capital, também conhecida com a Cidade dos Azulejos, tal a quantidade deles espalhados pelas paredes das mais diferentes edificações da cidade. Virou marca registrada. Socorro sacou que isso poderia lhe auferir o sustento e começou a fabricar artesanalmente as peças. Ela revende e o irmão faz as artes, pinta e queima o azulejo, depois corta tudo nos tamanhos apropriados e numa acanhada lojinha do lado externo da Feira de Produtos Típicos, a Renascer, localizada na rua Portugal nº 302, tudo é revendido.
Naquele pequeno reduto você encontra azulejo de tudo quanto é tamanho e motivo. Os mais vendidos são os com os nomes das pessoas, depois vem os com os nomes sugestivos de ruas e vielas da cidade (Beco do Bosta, Rua da Inveja, Largo do Caga Osso os mais populares), times de futebol e profissões. Socorro faz tudo por ali sozinha e nos momentos em que sai um pouco do cubículo que é sua loja, deixa um recadinho fixado na grade frontal: “Volto logo”. Muito atenta à necessidade do cliente tem um velho caderno só para anotar os pedidos diferentes, como nomes pouco convencionais, que não deixa de atender. “Acabei de atender um professor do Sul, veio aqui e levou várias, com o seu nome e o das netas. Depois me pediu um com a palavra Diretor. Não é que o sujeito era diretor de uma das maiores faculdades lá de São Paulo. É mais uma plaquinha minha que será colocada em lugar de destaque por esse país”, conta com orgulho a sempre sorridente comerciante. Na hora dos descontos, chora um pouco as mágoas e regateia, pois diz levar tudo com muita dificuldade, tendo perdido outra loja, sendo obrigada a revender tudo nas ruas, sem eira nem beira e só agora, louvando aos céus, diz ter conseguido um pontinho encravado num dos lugares mais movimentados da cidade. Ela não se se diz adepta de pedidos pela internet, pois nem ela, nem o irmão ainda entendem bem da coisa, mas atende quem precisar de algo pelo fone (98) 8847.0361.
2.) Seu Raimundo Carlos acabou se transformando num dos personagens mais conhecidos do centro de São Luís, tudo por causa do seu instrumento de trabalho, uma bicicleta, dessas antigonas que adaptou como carro de som. Pintou ela de uma só cor e na parte dianteira e traseira fixou imponentes caixas de som, com plugues para serem ligados a instrumentos musicais e até com acesso de pen-drive, locando o apetrecho para quem estiver interessado em seus serviços. O fato é que o som é potente e além das caixas, uma pequena mesa de som, para poder dimensionar e qualificar dentro da exigência do contratante. Deu para seu negócio o nome de “Bike Show” e com ela circula pelos mais diferentes pontos da cidade, atendendo lojistas, festas variadas e tudo o mais onde possa ser, fazer e acontecer.

Na semana passada um dos que o contratou foi a Prefeitura Municipal da cidade para alegrar mais uma Serenata Histórica, um evento que acontece todo segundo semestre (período que chove menos na cidade) em São Luís, sendo um cortejo litero-musical, percorrendo vários pontos do seu Centro Histórico, numa espécie de procissão musical. Raimundo propicia a propagação do som, plugando os instrumentos de vários músicos, que encantam os turistas. Vão parando em vários lugares, cantando e contando trechos da história maranhense e o som só chega longe por causa da potência da engenhoca que é o seu ganha pão. Toda a energia fica concentrada ali mesmo, em duas baterias e controladas somente pelas suas hábeis mãos e sensibilidade comprovada na solução de pequenos problemas. Sem ele a serenata não saí e com ele a garantia de que um belo som irá se propagar e encantar a todos. “Minha agenda, felizmente está cheia, tem desde esses aqui da Prefeitura, que não abro mão, como os de alguns comerciantes, que já me tem como exclusivo. Gosto dos que sabem reconhecer o que faço, pois gastei muito aqui e presto um serviço de primeira e assim sendo cobro o equivalente a isso tudo, afinal me desloco de bicicleta de casa para onde for contratado”, diz. Esperto, quando fica sabendo de algo novo a acontecer, chega ao local junto com seu produto e o oferece. Ao ligar a aparelhagem, quase sempre fecha mais um contrato. E deixa seus dois telefones para os interessados, (98) 3258.11230 ou 9961.6597.

8 comentários:

Anônimo disse...

Ser brasileiros é tdo isso!!! A criatividade e muitas vzx o esforço é típico de muitos brasileiros!!!
Fátima Assis

Anônimo disse...

seu texto é um deleite!!
Cláudia Pinto

Mafuá do HPA disse...

Obrigada Cláudia, é que vc é minha amiga... Bjs, abraços e apertos de mão do HPA
Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

sou mesmo e adoro o q vc escreve!
Cláudia Pinto

Anônimo disse...

Henrique

Eu já comprei azulejos dessa dona Socorro lá em São Luís, ms não foi no Renascer, foram da época que ela revendia nas ruas e praças. Fiquei contente em saber que ela agora tem um lugar fixo. Mas o que queria te perguntar é sobre esse azulejo com o Lar Doce Lar. Ela revende de tudo quanto é time de futebol e esse também é cópia do programa de Tv da Globo, o do Luciano Huck. Isso não lhe traz problemas?
Pasqual - RJ

Anônimo disse...

Caro Henrique,
faço o presente para parabenizar pelo seu trabalho
no blog e sugeir uma pauta que gostaria de ver e salvar em meus arquivos:
sobre o grande Walter Mortari, um dos maiores pintores de Bauru. Pintou
quadros sobre a história de Bauru e tantos outros temas ...

Abracitos do Nicodemos!

João Nicodemos
www.poemasdonicodemos.blogspot.com/

Mafuá do HPA disse...

Respondendo:

Caro PASQUAL: Saudades da Tijuca e das andanças pelos bares daí. Nos veremos em novembro. Voce toca num ponto que conversei com a dona Socorro. Ela diz que vcendeia as placas com esses dizeres citados bem antes do programa na TV. Diz que o Huck pode até ter tirado a idéia da placa de algo comprado em sua banca. Mas como a frase é universal, um faz lá e ela ali. Já da utilização dos brasões dos times e de outros símbolos, sua venda é meramente artesanal e feita mais como divulgação do que como algo altamente lucrativo, ainda mais verificando a situação em que seu comércio se encontra. Acredito que ela nem saiba direito desse negócio de registro de marca e necessidade de liberação para sua utilização. Faz pelos pedidos recebidos. E ganha uns troquinhos, nada mais que isso.

Caro NICODEMOS: Saudade de ti e dos tempos em que andava pelas ruas bauruenses tocando saxofone. Ninguém mais faz isso por aqui hoje, uma pena. Abro regularmente seu blog de poesias e me encanto sempre. Sabe que registrei o artista Mortari em vários momentos, principalmente nas caminhadas que faz pelos lados do Vitória Régia e vou colocar na pauta dos próximos dias mais algumas fotos e a publicação delas. Mas se clicar o nome dele no alto, à direita no blog, já irá aparecer algo sobre tudo o que já publiquei dele.

Abracitos do Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

prezado hpa,
esta como tantas são curiosidades que esse nosso brasil apresenta. O nordestino é muito criativo, trabalhador e honesto na sua grande maioria, mas existem exceções, ex -vi os Sarneys.
Paulo Humberto Loureiro - Rio de Janeiro