quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UM LUGAR POR AÍ (60)


ESTAÇÕES E ENTORNOS REVITALIZADOS – CASOS DE BAURU E DE PEDERNEIRAS, TUDO JUNTO E MISTURADO

As manchetes dos jornais locais apregoam que a “mais bonita estação do interior paulista”, a da Noroeste do Brasil, ali defronte a praça Machado de Mello vai ser restaurada e terá novamente vida prática, usual e formal. Além disso, no seu entorno, junto da “mais antiga estação da cidade de Bauru”, a da Sorocabana, ali ao lado da avenida Pedro de Toledo, serão erguidos conjuntos residenciais e aquela até então degradada área será totalmente revitalizada. Da integração dessas duas grandiosas obras o pontapé mais do que inicial para a recuperação do centro velho de Bauru. Bato efusivas palmas, porém sei que posso me arrepender, pois a apresentação foi mesmo maravilhosa, tudo impecável, mas tudo ainda está somente no papel. O prefeito jura que será possível, o pessoal do JC endossa a idéia, vereadores lá estiveram e deram o aval, o Grupo Marca novamente aposta no projeto, o Sindicato dos Ferroviários cruza os dedos para dar tudo certo e eu tento acreditar que tudo isso será mesmo verdade. Tomara.

Vingando isso tudo o menino (forma carinhosa, viu!) prefeito passará para a história (termina o viaduto até então sempre inacabado e agora a estação e seu entorno). Queríamos mais (sempre as pessoas querem mais), ou seja, que o modal férreo voltasse a funcionar e a pleno vapor (vapor não, pô!) e que a estação pudesse ser novamente utilizada para a finalidade para a qual foi construída. Mas isso ainda é um sonho, algo que um dia voltará a vicejar nesse país, pois mais algumas décadas e não mais será possível adentrar São Paulo capital via terrestre e com seu veículo, pelo transtorno sem fim que isso acarretará. O avião continuará não sendo para todos e o trem terá seu triunfal retorno. Por enquanto vamos focar na tal recuperação da estação e do seu entorno. Alguns ainda resistem e se mostram contra. Não consigo me perfilar junto a esses.

Enfim, a Prefeitura comprou a estação e a está pagando (nem sei se já quitou tudo). A Câmara Municipal só não foi para aquela linda e espaçosa edificação por causa do biquinho dos vereadores que decidiam na época a questão (Sakai era o presidente). Espaço é o que mais se tem em cada andar e em cada um deles, quase o dobro do hoje ocupado pela Câmara. Queriam construir uma nova, num local novo e com tudo novo e perderam a grande oportunidade. Diziam lá ter sido também designado, primeiro para a Secretária de Saúde, depois para a de Educação. Tanto desdisseram de tudo, que nem sei se alguma delas ainda vai ocupar aquele charmoso espaço, preferindo continuarem pagando aluguéis caríssimos na iniciativa privada. Sua parte térrea é divinal e cheia de possibilidades mil, com espaços devendo ser repassados para restaurantes, agências bancárias, galerias, lojas, etc. Penso naquela gare e numa infinidade de idéias para aquele imenso local. A pior delas seria aterrar tudo e fazer dali um imenso espaço livre, o maior vão livre dessa cidade. Ali, debaixo daquele velho telhado, levantado nos anos 30, deveria ser a morada definitiva da Maria Fumaça e de ininterruptos passeios, tornando-se maior atração turística dessa cidade. O barulhinho do trem nunca mais abandonaria aquela gare.

Cá com meus botões penso o seguinte. 1) O dinheiro do empreendimento imobiliário sei que o Grupo Marca já deve ter viabilizado, pois Avelino Cortelini não dá ponto sem nó. Fez um primoroso trabalho no Boulevard Shopping e, com certeza, fará o mesmo nesse. Não está aqui para brincadeira. 2) E o dinheiro para o restauro da estação, de onde virá ou já existe? Quem vai bancar um dos maiores projetos de restauro do interior paulista dos últimos anos? Já existe verba federal para essa finalidade? Se não existe, lembro aqui que, se ela não foi até então conquistada, alguém nos deve sérias explicações dos motivos de ter permanecido tanto tempo inerte. Se já existe, darei efusivos parabéns a tudo e todos. Algo apregoado desde o começo do primeiro governo Lula era sobre a existência de verbas federais disponíveis para essa finalidade de restauro, mas para tanto, seriam necessários sérios e viáveis projetos. Muitas outras cidades foram à luta e conquistaram a grana para efetuarem o restauro de seus parques férreos. Cito exemplos.

Jaú já restaurou a sua, tudo está bonito por lá, mas não é de lá que quero escrever e sim da cidade entre Bauru e Jaú, PEDERNEIRAS. Essa deu um belo de um exemplo de como devem ser feitas as coisas nessa questão de ir atrás de verbas federais para execução de obras. A cidade tem por volta de uns 40 mil habitantes e sua então prefeita, Ivana Camarinha, oito anos no cargo, ouviu da existência de verba federal para recuperar esse tipo de imóvel. Primeiro conseguiu ele em definitivo para sua cidade e sem pagar nada. A situação de Bauru é diferente, pois o imóvel já não mais pertencia a União e sim, ao Sindicato dos Ferroviários, sendo repassado a eles pelo Governo FHC em troca de dívidas trabalhistas. Ivana já tinha conseguido a posse do imóvel e daí não saiu mais de Brasília até conseguir o que queria. Sempre com um projeto debaixo do braço, bateu de porta em porta até que encontrou a certa e de lá não mais arredou pé. Foram idas e vindas constantes, mas a grana saiu e tudo foi restaurado a contento.


Agora vamos para o passo seguinte. O que foi feito e o que está lá hoje. Estive lá ontem, 18/11 e junto de um verdadeiro pederneirense, Maurício dos Passos, conferi cada detalhe de tudo o que lá ocorreu. O calçamento no entorno continua impecável, todo de paralelepípedo, restaurado e mantido. A estação ficou linda, com as cores originais devolvidas e em cada detalhe a manutenção das peças e mobiliário originais do local. Numa das laterais, onde antes foi um bar, o único local fechado e aguardando um visionário que possa ali instalar algo a movimentar a cidade nos seus finais de tarde e noite (poucos vizinhos no entorno). O pessoal da Cultura municipal estão ali instalados e prontos para explicar e detalhar algo mais sobre a estação e o que nela está abrigado, uma espécie de museu, pequenos acervos reunidos, inclusive peças cedidas pelo Museu Ferroviário Regional de Bauru. O hall de entrada todo revitalizado, piso mantido, guichês restaurados, janelas recuperadas, tudo nos trinques.

Esse o prédio principal e do lado direito de quem chega, onde antes existia um imenso armazém da ferrovia, o aproveitamento da estrutura da edificação, não perdendo suas características e lá sendo instalado o Teatro Municipal de Pederneiras. Comporta aproximadamente 400 lugares e tem tudo de moderno, impecável e muito bem estruturado. Em painéis bem posicionados a história do local e das intervenções ocorridas, além das explicações dos nomes utilizados para homenagens. A modernidade anexada, juntada ao que antes já existia e tudo irmanado, numa coabitação homogênea, realista e positiva. A impressão da visita é mais do que positiva. Um belo projeto, todo conseguido através de recursos federais e com algo mais, aquela pitada na execução dos servidores municipais de Pederneiras. O resultado é um local todo remodelado, sendo hoje se não o mais destacado, um dos pólos atrativos de visitantes na vizinha cidade. Quando conseguirem alguém de responsa lá no bar, o movimento poderá ser contínuo, aliando aquilo tudo com música ao vivo, comes e bebes. Torço muito, para guardadas as devidas proporções, pois o de Bauru é muito mais grandioso e dispendioso, tudo ocorra aqui, com a mesma lisura e competência na execução e depois, na utilização. Essas nossas estações são mesmo mais do que maravilhosas, possibilitando uma viagem ao passado e ao presente, tudo ao mesmo tempo.

OBS.: Todas as fotos ilustrativas desse texto são do conglomerado envolvendo a estação férrea de Pederneiras.

4 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Bom texto.
Conheço algumas situações de estações muito bem restauradas. Estive pessoalmente nas minhas últimas férias na de Pederneiras e confirmo o que escreveu.
Aqui na região de Prudente muitas outras conseguiram verbas e ficar em definitivo com aquelas belas e fortes edificações.
Bauru ficou um pouco para trás e tomara que consiga reverter isso e deixar seu centro com outra cara, pois a degradação atual é o que de pior temos no centro.
Também estou na torcida.
Paulo Lima

Anônimo disse...

PREFEITURA ABRE CONCORRÊNCIA PÚBLICA PARA LOCAÇÃO DO “BAR DA ESTAÇÃO”

Qualquer cidadão, pessoa jurídica, pode concorrer à locação do “Bar da Estação” para instalar Lanchonete, Bar ou Restaurante

A Secretaria Municipal de Licitações da Prefeitura de Pederneiras publicou hoje, 18, a Concorrência Pública Nº 06/2014 que trata da locação de um espaço de 98 m2, localizado no Centro Cultural “Izavam Ribeiro Macário”, antiga Estação Ferroviária, onde deverá ser instalado pelo locatário um Bar, uma Lanchonete ou ainda um Restaurante.

O local a ser alugado era o bar da estação quando esta ainda estava em funcionamento, décadas atrás. A intenção, agora, é reativar o local e aproveitar toda a infra-estrutura para reativar o “Bar da Estação” e, ao mesmo tempo, oferecer uma nova opção de lazer aos populares.

O local tem infra-estrutura para receber empreendimentos do ramo alimentício. Além disso, o local a ser alugado está dentro do Centro Cultural, que faz parte de um complexo cultural que ainda engloba o Teatro Municipal “Flávio Razuk” e a Praça Cultural “Geraldo Antônio Cardoso”.

“O local do antigo bar da estação é propicio para este tipo de atividade, tem uma visão privilegiada da cidade, está ao lado do Teatro Municipal que tem eventos quase todos os finais de semana e está todo reformado. É uma boa opção para o empresário que quer iniciar ou expandir um negócio no ramo de alimentação”, explica o prefeito de Pederneiras, Daniel Pereira de Camargo.

Segundo o edital público, disponível no site oficial da prefeitura de Pederneiras, www.pederneiras.sp.gov.br, o concorrente à locação do “Bar da Estação” deve ser pessoa jurídica, estar com a documentação solicitada em dia e ter condição de empreender o negócio.

Serviços

O prazo para a entrega das propostas termina no dia 19 de dezembro, às 9h, na Prefeitura Municipal. Os envelopes serão abertos às 9h15 do mesmo dia na presença de todos. Vence a empresa do ramo que estiver com a documentação em ordem e apresentar proposta com maior valor de locação. Ainda segundo o edital, o valor inicial de locação está fixado em R$ 800,00. Informações (14) 3283-9570.

postado por Maurício dos Passos

Anônimo disse...

lindo,hem! quero conhecer!
Rosângela Maria Barrenha

Aldo Wellichan disse...

Boa Mafuá. este restaurante funcionou alguns atrás pois eu, o serginho suaiden e o ary mendes da cunha estivemos lá. e agora ele vai retornar. é uma ótima opção para a nossa região para tomar umas & outras.