sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

FRASES (164)


A MANICURE VEIO ME FALAR DO ECONOMISTA QUE FOI DAR PALESTRA EM SUA IGREJA
Ela esteve em casa ontem fazendo pés e mãos da dileta esposa. Como sempre, conversaram pra dedéu e num certo momento fui o motivo do papo. Vira para a esposa e pergunta:

- Esse Henrique que você diz ser seu marido é esse que escreve todo dia pela internet, aqueles textos longos?

- Sim, ele mesmo. – responde Ana. Por que?

Ela explica.

- Sou católica, frequento a igreja do padre Gilson e lá eles costumam chamar palestrantes para mensalmente ir falar algo diferente pra gente. Levaram um famoso aqui de Bauru, economista que fala na rádio. Ele contou uma longa história de dois caras que se perderam na selva e acabaram dando de cara com uma onça. Saíram correndo, um ia bem mais na frente que o outro. O de trás gritou para o da frente se não era melhor eles se juntarem, ficarem juntos e assim enfrentar a onça com maiores chances de derrota-la. Esse se volta para o de detrás e diz que não, que tudo deve continuar assim, uns na frente, chegando no destino, outros ficando pelo caminho. Muitos riram e bateram palma, eu não. Pensei na hora no que havia lido desse tal de Henrique na internet desdizendo o que diz esse economista e era a exata resposta que queria ter dado pro tal do economista naquele momento. Sempre tive muita vontade de conhecer esse tal de Henrique. O que mais me chateou naquele momento foi o fato dele ter ido lá na igreja, lugar onde todos devem caminhar juntos, unidos, ideal coletivo e pregar exatamente o contrário. O mundo de hoje está doente quando defende a concorrência a todo custo como o melhor para todos.

Ela conta a história e Ana propicia que nos conheçamos. Estava com minha revista semanal nas mãos e li para ela alguns trechos de duas matérias da melhor revista semanal brasileira, a única atuando dentro da verdade fatual dos fatos, a Carta Capital, exatamente versando sobre a atuação de economistas que só enxergam o mercado como único condutor de tudo pela frente. Na primeira, algo de um economista que adoro, Luiz Gonzaga Belluzzo, lúcido e com um pensamento fora dos da lei de mercado: “Encarapitados nos píncaros reservados dos 1% da distribuição de renda e da riqueza, os homens bons lançam mensagens de menosprezo aos que labutam no vale das lágrimas. (...) Os sábios do andar de cima e seus especialistas, eles encarnam a racionalidade, exercida do alto de seus escritórios almofadados. (...) São cada vez mais frequentes as arengas dos economistas, sacerdotes da religião dos mercados, contra as tentativas dos simples cidadãos de barrar a marcha do Moloch insaciável e ávido por expandir o seu poder. (...) Quando um sábio ou magano da finança e da economia saca do coldre a palavra ‘populismo’, meus ouvidos traduzem, ‘é um assalto’. Levanto os braços imediatamente diante das ameaças do agente racional engomado”.

Na segunda, outro economista remando contra essa maré de ficar endeusando o tal do ‘deus mercado’ como a única saída para tudo, Paulo Nogueira Batista Jr, de uma linhagem arejada, no artigo “O economista bufunfeiro”, faz uma fria análise dos que navegam a defender o 1% dos abastados do mundo: “A turma da bufunfa é um agrupamento, razoavelmente estruturado, que se dedica a fomentar, proteger e cultuar o vil metal. O seu núcleo duro é constituído de banqueiros, financistas e rentistas. Na periferia figuram os economistas, jornalistas e outros profissionais. Os economistas são os sacerdotes do culto, encarregados de suprir a fundamentação metafísica para as atividades da turma. (...) O mesmo encadeamento de palavras, sempre o mesmo, e em tom sentencioso produz na opinião pública um efeito quase hipnótico. (...) Um deles, outro dia, seguia de repente tropeçou numa ideia. Recompôs-se rapidamente, olhou para o lado temendo testemunhas e retomou seu caminho, imperturbável”.
Tentei mostrar a ela que, se já havia lido o que escrevi sobre o economista e de todos os que seguem religiosamente só crendo nas leis do mercado como salvação da lavoura, nunca o povo terá condições de conseguir algo auspicioso segundo essa concepção. Se ela entendeu isso interpretando a parábola da competição dos dois perdidos na selva e a transportou para o que escrevi, fico feliz. Imprimi e deixei com ela o texto do amigo Marcão, também repudiando algo sobre o mesmo tema, “Cafeo e a ideologia econômica”, publicado na Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade, 28/12/2017 
(https://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=250885), para demonstrar que, nem todos hoje incentivariam o mais lento a ser devorado pela onça.

4 comentários:

Anônimo disse...

Você falou pra manicure que comunista e socialista são ateus e que um dos objetivos de vocês é acabar com o cristianismo? Acredito que quando ela souber disso, com certeza não prestará mais serviço para vocês.

Mafuá do HPA disse...

Falei não.
Besteira da sua cabeça isso.
Não prego isso.
Ela é uma pessoa inteligente e não mistura alhos com bugalhos.
Sabe discernir o que é contra seus interesses de vida coletiva e não.
Você sabe? Te pergunto: Que achas do Papa atuando contra esses insanos detentores do poder na América Latina? Ele, pelo que vejo atua em algo, com posicionamentos que a maioria dos católicos aboliu. Sou mais ele do que a imensa maioria dos católicos de hoje.
O povo sabe quem de fato está ao seu lado e quem não...
Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Exatamente. Parabéns pelo raciocínio. Hoje a Igreja tem um papa comunista e por isso mesmo ele não fala nada sobre os ditadores genocidas socialistas Maduro e Morales.

Mafuá do HPA disse...

Papa Comunista? Se afirmas isso, agora sei, não sabes nem o que venha a ser comunismo. Daí, como conversar com alguém com essa mentalidade tão tacanha e reduzida. Impossível, perda de tempo.
Henrique - direto do mafuá