quinta-feira, 10 de abril de 2008

UMA ALFINETADA (24)
Essa saiu n'O Alfinete na semana passada e com um pouco de atraso por aqui.
O PAPEL DOS MILITARES NA AMÉRICA LATINA

No último dia 31 de março (ou seria 1º de abril?) fez aniversário (toc toc toc) algo nefasto para esse país, o Golpe Militar de 1964. Essa data não pode passar em branco e a cada ano uma reflexão diferente deve ser feita, para que nunca mais esse país, ou qualquer outro da América Latina volte a ser comandada por Juntas Militares. Nada contra os militares, pois defendo que o Brasil continue tendo o seu tão edificante serviço prestado, com dignidade e honradez, porém, sem que ocorra intromissão na política, pois como já verificamos no passado, ocorreram mais excessos do que benefícios. Num momento em que se discute o sucateamento de nossas Forças Armadas (algo que precisa ser revisto), nada melhor do que colocarmos lenha nessa fogueira com outro tema candente, o papel desempenhado por eles na América Latina. Esse papel já foi bastante discutido, vindo de um passado bem distante. Simón Bolívar, um dos nossos libertadores, lider político e também militar, quando estava morrendo, em sua última proclamação deixou uma mensagem para a América: “os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais”. Isso tem mais de 200 anos. Eis um ótimo guia de como devem agir, uma espécie de mandamento.

O que um militar nunca deveria se prestar a fazer é estar à serviço do imperialismo e dos setores dominantes. Esse mesmo Bolívar disse em outra ocasião: “maldito seja o soldado que usa suas armas contra o seu povo”. Viajo no tempo e volto aos nossos dias, pois nesse momento de ofensiva imperialista, nada melhor do que eles se manterem firmes, levantando suas armas, se preciso for, para defender o povo e nunca subordinar-se aos interesses das oligarquias. Sendo assim, o papel dos militares hoje deve ser o papel dos libertadores, sempre subordinados ao máximo poder político de uma nação, aquele que emana do povo. Basta de militares golpistas, pois nossas experiências foram frustrantes e desagradáveis. Todos aqueles que se venderam ao demônio imperialista e se colocaram contra o povo, acabaram sendo derrotados e posteriormente até humilhados. Aqui no Brasil o golpe de estado foi apoiado pelos norte-americanos, se utilizando disso para tirar do poder um governo democrático, legalmente eleito pelo voto popular. Na Venezuela aconteceu o mesmo recentemente e voltaram atrás, repudiando o golpismo.

Eu creio que o grande papel que lhes cabem nesse momento é o de serem anti-imperialistas. As Forças Armadas devem se colocar ao lado do povo, andar junto com as comunidades, como acontece no combate à dengue no Rio de Janeiro. Seria lindo ver os militares andando junto aos pescadores, aos campesinos, aos trabalhadores de nossas fábricas, recuperando terras do latifúndio e engrossando o coro contra todas nossas verdadeiras injustiças. Quem conhece um pouco do sistema militar sabe que de logística eles entendem muito e poderiam nos ajudar bastante na distribuição de alimentos, remédios, usando sua capacidade organizativa. Por fim, nada melhor do que o fortalecimento nesse momento da união cívico-militar, revigorando o aparato e a fusão, com a incrementação da participação popular na defesa nacional. Para isso, se faz necessário uma formação adequada, capacitando-os e treinando-os não só para a educação e o trabalho, mas também para a defesa do país. Nada melhor do que relembrar novamente Bolívar, em mais um dos seus ensinamentos: “empunhar sua espada para defender a nação, a soberania e as garantias sociais”. Nada além disso. Uma nova geração de militares brasileiros parece estar bastante antenada e luta dentro da corporação para fazer vingar essas atitudes. Torço por eles.

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