quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CENA BAURUENSE (76)
O PREÇO DA LIBERDADE E DA INDEPENDÊNCIA e NOSSOS VELHINHOS
Sou um assumido caixeiro-viajante e assim ganho a vida, escrevendo o que quero, da forma e quando quero. Difícil esse negócio de estar um dia em cada lugar, mas do contrário estaria até hoje atrelado a empregos a me grampearem a boca, mãos amarradas e mente direcionada para tortuosos caminhos. Trabalhei por quatro anos num emprego público e sei como é estar do lado de lá, ainda mais quando o cargo ocupado é de confiança. É necessário estar sempre dizendo sim, boca fechada e ao menor sinal de independência, pedem sua cabeça. A minha foi pedida várias vezes por um que hoje, via internet se diz saudoso de sua atuação nas hostes de esquerda no passado, mas que atua como um dos piores nas hostes direitistas na cidade. Por sorte trabalhei com gente a me incentivar e respeitando o pensamento de cada um.

Criei meu próprio emprego e é com ele que pago minhas contas. Escrevinho aqui e em outros lugares, com a devida independência. Tenho amigos mil dentro do serviço público, tanto municipal, como estadual e os vendo amordaçados, percebo o quanto essa tal de democracia é uma falácia. Impossível a autenticidade dentro do sistema atual. Vigora no país um entendimento de que ao se trabalhar dentro de uma instituição pública, deve-se dizer amém e rezar sempre na cartilha ditada por seus comandantes. Agindo fora disso, está-se a um passo do caminho para o desemprego. É uma espécie de cala boca, num país onde manter um emprego é uma dádiva divina.

Escrevo isso para justificar alguns que me vêem voltando a atuar no serviço público municipal. Hoje, com a saraivada de críticas que faço à atuação da vice-prefeita, de alguns vereadores sem qualquer qualificação para o exercício da função e em especial do seu presidente, isso é impossível. Atuar num cargo condignamente e de boca fechada é coisa que não me interessa. Prefiro continuar suando a camisa aqui do lado de fora, ralando como nunca, mas apontando o dedo para todos esses. É uma impagável diversão cutucar os ridículos da vida pública brasileira. Os bolsos podem estar vazios, mas a consciência anda mais tranquila do que nunca.

TRÊS HISTÓRIAS DE NOSSOS VELHINHOS:
1.Ontem duas situações familiares de extrema dor. Primeiro, meu estimado sogro, José Pereira de Andrade, faleceu aos 81 anos aqui no Rio de Janeiro. Estou junto de Ana Bia nesse sentido momento. Depois, meu querido pai, Heleno, também com 81 anos prega um susto em todos. Comeu algo estragado e foi parar no hospital, após não dormir uma noite toda. Diabético, mas com a saúde equilibrada, ao vê-lo reclamão, causa rebuliço familiar nos filhos a lhe atenderem. Como é importante ficar ao lado de nossos velhinhos.
2.
Meu Noroeste, um centenário time de futebol patina e não consegue vencer no Paulistão. Cinco jogos, quatro empates e uma derrota para não mais esquecer, 5x1. Dói isso, pois se tínhamos a impressão de que o time acertaria, nada disso ocorre. Quem chega é o experiente técnico Lori Sandri e as esperanças são renovadas. Gosto demais do “vermelhinho” e só de pensar em vê-lo lutando para não ser rebaixado fico aqui no meu canto macambúzio e sorumbático.
3. Vi na TV dona Canô, a matriarca da família de Caetano e Gal, lá do interior baiano, diante de uma festa popular nas ruas, fazer um pronunciamento a favor do carnaval. “Carnaval é samba. Não gosto desse axé baiano e dessas inovações”, afirmou. Diante da aproximação do carnaval, a octogenária senhora fala o que todo verdadeiro carnavalesco gostaria de escutar. Carnaval é só samba e essa bagunça toda de hoje é o que de pior poderia acontecer a nossa maior festa popular.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Henrique
Por favor,envie nossos pêsames à Ana.
Grande abraço
W.Leite

Anônimo disse...

Henrique,

Quem quer emprego público tem que permanecer de boca fechada. Alguma novidade? Ainda mais quando são os tucanos os patrões.

De democratas eles não possuem nada. Tudo fachada.

Paulo Lima

ROSANGELA MARIA BARRENHA disse...

Prezado Henrique: De fato, vc tem razão...cansei de ouvir que "quem não é meu amigo, é meu inimigo".
É nestas horas que me lembro de Davi Capistrano Filho, defensor da democracia interna até a morte, a quem devo não ter sido demitida antes de completar um ano de casa...
Por outro lado, o meu consolo é que todos aqueles que se erguem pra massacrar aqueles que como eu não tem rabo preso e não vivem de puxar o saco ou de compartilhar botequim e até cama com politicos,
passam..e a gente fica.E vc sabe muito bem do que falo...