domingo, 23 de outubro de 2011

MEUS TEXTOS NO BOM DIA JAÚ (01, 02 E 03)*
* Convidado por Fernando Tobgyal, Diretor-Geral do Bom Dia Jaú, começo a publicar textos semanais naquele diário, em suas edições dominicais (hoje sai o terceiro). Conheço Fernando dos meus tempos de Cultura bauruense, ele dirigente área cultural do Hospital Amaral Carvalho, quando trouxe pacientes para passeios de Maria Fumaça em Bauru, sendo apresentado a ele por Zé Vinagre, então Secretário Municipal de Cultura. Não perdemos mais o contato, sempre reavivado. Décadas atrás, quando ainda no Bradesco trabalhei por dois anos consecutivos em Jaú e depois, por causa de minha atividade profissional, tive o prazer de conhecer um pouco mais daquela cidade e de sua gente em várias visitas mensais. Agora, tento colocar um pouco disso tudo no papel. Aqui os primeiros textos na seção "Formador de Opinião":

UM CIRCO VISITOU JAÚ – publicado BOM DIA JAÚ, edição 11/10/2011
Um circo continuar circulando como dantes deve ser considerado um luxo, visitando nossa cidade, algo grandioso, merecedor de recepção com banda e rojões. A população entende assim e sai de casa em busca desse lazer, mas nem todos possuem esse entendimento. Afirmo isso, pois Jaú recebeu recentemente a visita por pouco mais de uma quinzena do Circo do Peteleco e problemas de bastidores quase tiraram o brilho de sua presença. Do público só carinho, tanto que ao deixar a cidade, emocionados artistas relataram: “Vinham nos abraçar e agradecer pela nossa presença dizendo fazer tempo que nenhum outro estivera na cidade”. Do poder público nem tanto, pois se percebe cada vez mais uma espécie de empecilhos na passagem destes na cidade. O empresário circense locou um local defronte um tradicional ponto de prostituição e drogas na cidade e isso já foi temerário, mas não o maior problema, pois a população passou por cima disso e lotou a maioria das apresentações. O problema maior parece sempre residir na liberação da apresentação. O circo já não é visto como antes e para alguns setores municipais, algo a tirar-lhes da rotina. Exigências em cima de exigências e olha que esse já não possui animais já faz um tempo, seguindo à risca legislação vigente (no circo não pode, mas nos rodeios, sim – durma-se com um barulho desses). Por supostas reclamações de vizinhos, primeiro foi liberada uma só apresentação e depois, após nova vistoria, a liberação final. “Será que os mesmos vizinhos reclamam com a mesma vitalidade para os problemas sociais ali presentes durante o restante do ano?”, essa a pergunta deixada pelo empresário circense, cansado de presenciar o descaso de autoridades despreparadas para tratar de assunto tão sério. Uma milenar cultura, uma bravia resistência nos tempos atuais, a alegria disponibilizada em nosso quintal, mas nada disso parece sensibilizar os responsáveis por essas liberações. Isso em Jaú, Patativa, Brodocó, por todo o lugar. O povo gosta, mas alguns insistem em ver problemas onde eles não existem. O povo do circo resiste a tudo isso.

OLHA O NINO AÍ GENTE! – publicado no BOM DIA JAÚ, edição 16/10/2011
Por dois momentos um personagem dos mais conhecidos dos jauenses acabou por abrilhantar a noite cultural bauruense, em grande estilo, pompa e galhardia. Primeiro na noite de 26/08, no show de Amilson Godoy e Jair Rodrigues no SESC e depois em 04/10, no Tributo ao Manito, no Teatro Municipal de Bauru. Falo do professor Antônio Galdino Grillo, mais conhecido por Nino, um músico do mais alto gabarito, que hoje possui um renomado Curso de Redação lá pelos lados da Avenida dos Coqueiros (também conhecida por Antonio de Moraes Prado). Nino tem história dentro da MPB, consagrado com as baquetas na mão e já tendo tocado ao lado de monstros sagrados daqui e do exterior. Escolheu residir em Jaú por conveniência familiar e está acomodado, tendo o sangue novamente a ferver somente em ocasiões mais do que especiais. Duas dessas ocorreram em Bauru. Na primeira, Jair Rodrigues quase ao final do show lhe chama ao palco: “Cadê o Nino? Será que veio de Jaú?”. Sim, não só veio, como sobe ao palco. Um parrudo senhor, que depois todos ficaram sabendo ter sido o responsável por Jair ter começado na carreira artística. Tocou junto dele e ao fazer uso do microfone, foi preciso chamar a Força Pública para apartá-lo de contar suas histórias. Agradou e caiu nas graças de todos. No mês seguinte aparece de surpresa no tributo que Bauru prestou ao músico Manito, que tanto sucesso fez com os Íncriveis, morou em Bauru por um tempo e deixou umas pendengas a serem saldadas na pós-vida. Os seus amigos se juntaram, lotando o teatro numa festa de arrecadação de fundos. Quebrando o protocolo, eis que surge em cena um senhor vindo de Jaú. Era novamente o Nino. Roubou a cena e ao lhe darem o microfone, novo problema. A Força Pública teve que ser novamente acionada, contou história lindas de Manito e principalmente, dele. Mais que isso, tocou e encantou. Saiu de cena suado, quase extenuado, deixando fãs em ambos os lugares. Nino está mais vivo que nunca.
OBS: Essa foto do Nino foi tirada em Bauru no dia do Tributo a Manito. Semana que vem reproduzo aqui no blog um texto sobre aquele dia e depois vários vídeos gravados naquele dia.

IMORTAL LUGAR NO MEIO DE JAÚ – publicado BOM DIA JAÚ, edição 23/10/2011
Em cada cidade existem lugares onde os visitantes, também denominados de forasteiros e até mesmo turistas gostam de aportar, dar uma passada, assuntando se é isso tudo mesmo que lhe foi apregoado. Dizem que ir a Roma e não ver o papa é algo inimaginável. Eu teria muitos outros lugares para ir em Roma antes de ficar de pescoço curvado para essa sacada, mas isso não vem ao caso. O fato é que em Jaú, podem alguns discordar, mas existe um lugar dos mais tradicionais que, principalmente os mais antigos, ao visitarem Jaú, costumam botar os pés e ver se tudo continua como dantes. Não pensem que é a já famosa visita noturna ao cemitério. Longe disso, muito menos conhecer o Zezinho Magalhães, de tantas glórias passadas. Também não falo do complexo da Fundação ou de um passeio ao lago. Esse lugar poderia ser o Restaurante do Polaco, degustando um leitão, mas esse fica para outro texto. Claro que um tour pelos casarões do centro antigo da cidade é algo prazeroso. Bater os olhos no palacete do Atalla, rever o cinema dentro do espaço físico da Prefeitura, o Mercado Municipal ou adentrar a pomposa igreja na praça principal da cidade fazem parte do roteiro de alguns, mas existe outro cantinho, dos mais especiais. Um lugar único, existente em cada cidade e quando nela persiste o atento olhar dos governantes, preservados mesmo que em formol. Esse lugar é único em Jaú e mesmo diante de toda modernidade, continua mantendo seu charme e elegância. Se a ficha ainda não caiu, digo qual é. Trata-se do Restaurante do Zezinho, encravado numa das ruas mais movimentadas da cidade e com o mesmo aspecto de décadas atrás. Podem até me dizer existirem outros mais modernos, com variedades mil, mas nada supera o do Zezinho. Suas mesas continuam com a mesma disposição, os garçons com a vestimenta tradicional e a mesma pessoa lá atrás do balcão, o do nome da casa. O único senão foi não conseguir manter o “a la carte”, tendo que aderir “ao quilo”. O mais gostoso ao adentrá-lo é olhar para os lados e rever a história contida lá dentro. Quem não se lembra do Poy, o famoso técnico que deixou sua marca na cidade e batia cartão no restaurante. É desses lugares que, não se fala, “vou ao restaurante ou no bar do Zezinho”, e sim, vou simplesmente “no Zezinho”. Os vereadores precisam imortalizar a casa, estender um tapete vermelho para esse Zé e pregar uma placa na entrada: “Esse lugar faz parte da história dessa cidade. Isso aqui é uma entidade”.
Obs.: A foto preto e branco ao lado não é do Zezinho, e sim do Poy, falecido em 1996. Uma pena não ter encontrado nenhuma foto, nem do restaurante, nem do Zezinho para ilustrar o texto. Providenciarei isso.

4 comentários:

Anônimo disse...

Henrique,
Parabéns pelos textos. Para uma jauense que agora vive mais fora de Jaú, estando sempre de passagem pela cidade, é muito bom ler textos que revivem situações e emoções de minha terra natal.

Só fiquei me perguntando, quem é Henrique? Será que nos conhecemos?
Eu sou jauense, mas como já disse, quase não fico mais na cidade, sou advogada e jornalista formada em Bauru. De onde nos conhecemos? Não sei...rs

Mas isso não vem ao caso, parabenizo novamente pelos textos. Inclusive, havia até esquecido que existe agora, o Bom dia Jaú!

Obrigada pelos escritos...

Graziele Guimarães

Mafuá do HPA disse...

cara Graziele
Sou de Bauru, professor de História e jornalista, além de blogueiro.
Trabalhei em Jaú por dois anos e nunca mais abandonei a cidade, onde tenho inúmeros amigos. Volto sempre na cidade e convidado, escreverei todo domingo, com crônicas versando sobre pessoas, lugares, situações que vivenciei por aí.
Sou daqueles que nunca nutri essa bobagem de rivalidade entre as duas cidades (qualquer dia toco nesse assunto). Quero muito escrever sobre as possibilidades dessas cidades tão próximas e tão distantes.
Por aqui tenho uma firma de chancelas e botons, viajo por aí, sou uma espécie de mascate do século XXI, conhecendo o mundo vendendo minhas miçangas.
De 3 em 3 vou postando os textos, ou leia lá todo domingo.

Um abracito do HPA - direto do mafuá

Anônimo disse...

Henrique,

Interessante... eu atualmente estou em Bauru! Apesar de ter temporariamente voltado a Jaú e após ter ido a Campinas, acabei voltando para Bauru..rss

Estou trabalhando como advogada na cidade, mas continuo gostando do jornal, apesar de bem afastada (apesar de agora estar morando e trabalhando a uma quadra do JC! )

Fui assessora de imprensa da ONG Epifania de Jaú (acredito que você conheça), por cerca de 2 anos, sempre tive uma boa relação com o jornal Bom Dia, nesse meu período de "pseudo-jornalista"..rss

Acho um excelente tema escrever sobre a "rivalidade" entre as cidades, pois isso é algo que acaba afastando e privando os moradores de ambas de conhecerem novas perspectivas de ambos os lados... eu que conheço os dois lados aposto que uma aproxímação mais "fraternal", digamos assim, poderia ser fantástica!

Quando fui para Bauru para estudar tinha a visão rivalista e "detestava" Bauru, mas hoje depois de quase 8 anos na cidade acabei deixando de lado essas questões e aprendi a gostar de Bauru! Apesar de ainda apontar os defeitos e fazer comparações com Jaú, exemplo clássico: em Jaú há lixeiras nas esquinas do centro da cidade, onde você as encontra no centro de Bauru? Ou estão destruídas ou simplesmente não existem! O lixo está no chão das vias, entupindo bueiros e afins e, consequentemente, levando aos constantes alagamentos que eu, inclusive, já fui vítima (lembra do 30 de novembro de 2010, data em que morreu um rapaz na Nações? Eu estava lá!!!)

Enfim, acho que a rivalidade entre as cidades sempre existirá, nem que seja entre XV de Jaú e Noroeste! Mas que de mãos dadas as cidades poderiam se ajudar e muito isso, não tenha dúvidas!

Aquele abraço!

Graziele

Mafuá do HPA disse...

cara Graziele
Sinto isso também, a rivalidade estava mais latente nos tempos em que não tinha contato nenhum com Jaú, depois que o tive perdi e gosto muito de ambas as cidades. Em outra coisa, a mesma coincidência. Trabalhei por muitos anos no Rio e até hoje volto muito por causa de minha atividade profissional e da companheira ser de lá (do Grajaú e é professora da Unesp daqui) e antes disso comungava dessa besteira de rivalidade Rio x SP. Hoje até torço pelos times do Rio e sei o quanto é besteira ficarmos alimentando isso. O mesmo ocorre na relação com os argentinos. Quem conhece Buenos Aires e outras províncias, passa a ter essa besteiraiada toda diminuida. Só mesmo conhecendo o outro lado para arrefecer os ânimos.

Qto a Jaú e Bauru, como vou muito lá, mas não sou de lá, te peço que me indique alguns temas. Gostei muito desse das lixeiras nas ruas. Quero também escrever sobre Jaú ser uma cidade onde predomina mais o verde nas ruas do que aqui em Bauru. Me indique temas, pessoas, situações... Já tenho o da semana que vem pronto, pois como viajo quarta, não quero deixar para última hora, mas os outros.

Um abracito bauruense do HPA