terça-feira, 4 de outubro de 2011

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (61)

OUTDOOR, LIVRARIA, RADIALISTA, RESIGNAÇÃO, IMPERTINÊNCIA E UM TRIBUTO
1. Lá na região do Aeroporto, um imenso outdoor do Colégio D’Incao, uma reverência a ilustres mestres em diversas artes, todos já falecidos e fonte de inspiração para o ensino, desde Marx, Freud, Darwin, Machado, Einstein, Borges e outros. Passo por lá com um conhecido a caminho de levá-lo a um serviço hidráulico. Querendo demonstrar conhecimento me diz: “Olhe que beleza. Esses aí da foto são todos professores aí dessa escola. Ouvi dizer que é uma das melhores da cidade”. Quieto fiquei, pois quem sou eu para desmentir tão respeitosa informação.
2. Vou numa livraria da cidade interessado em comprar o novo livro de Fernando Morais, o “Os últimos soldados da Guerra Fria”, sobre os cubanos presos nos EUA. Esse autor vende muito, tendo já mais de dezena de livros publicados e na divulgação desse já foi até capa de revista. Havia esquecido o nome do livro e pergunto: “Teria o novo livro do Fernando Morais?”. Incrédulo, o livreiro responde: “Fernando Morais? Não conheço. Espera aí que vou ver se tenho alguma coisa dele”. Preferi ir comprar em lugar onde pelo menos o livreiro conhece títulos e, principalmente, escritores.
3. Ouço num programa de rádio bauruense ao estilo do Tea Party norte-americano algo a me revirar na cadeira. “Isso que está acontecendo com o dr Sócrates, seus problemas atuais, já aconteceram também com o Casagrande. Isso deve ser o reflexo do que fizeram na época da tal Democracia Corintiana”. O que querem esses senhores, a volta do nefasto período militar? Não deu para entender direito, mas difundem por lá algo nesse sentido e tom. Ouço com o intuito de ver a que ponto conseguem chegar. E passam dos limites do tolerável.
4. A maioria dos pobres possui uma resignação impressionante. Aqui defronte minha casa um circo e com a chegada dele, os guardadores de carro. Noite dessas um deles me pede água gelada. Dou e a seguir aproveita a deixa para pedir também uma bermuda. “Sou morador de rua e não aguento mais usar essa mesma calça a tantos dias”, me diz. Arrumo e lhe digo: “Vai precisar arrumar um cinto, pois é larga”. Sorrindo me responde: “Vou amarrar um cordão. Você não sabe que roupa e sapato de pobre não tem número”.
5. Meca era um grandalhão, um dos ex-donos de um mercado no começo da rua Azarias Leite, quase ao pé do viaduto JK. Morreu faz anos e duas de suas histórias me foram lembradas pelo Orlando, o da banca de revistas Pavan. “Meca era casca grossa com os clientes, tinha um carrão daqueles tipo Galaxie e foi um dos primeiros permissionários da banca lá do terminal rodoviário. Certa vez um homem comprou passagem e ficou na banca a olhar revistas por longo tempo sem nada comprar. Incomodando, virou para o mesmo e pediu para ele olhar na passagem se lá estava escrito ter também direito de ficar parado olhando as revistas em sua banca. Noutra um cliente desses a sempre comprar muito, separou um monte de revistas e ao levá-las ao balcão, Meca vendo-o preencher um cheque lhe disse de forma irônica se teria fundo. O sujeito rasgou a folha jogou em sua cara e disse que quem tinha fundos era ele e foi comprar o mesmo lote na banca do Orlando”. Histórias que gosto de reviver.

DICA PARA HOJE A NOITE: A imperdível é presenciar um encontro de mais de trinta músicos no Teatro Municipal de Bauru, 20h30, R$ 10,00 (dez reais), no TRIBUTO AO INCRÍVEL MANITO. Fernando do Templo, queria que essa homenagem tivesse ocorrido em vida, levei a idéia ao Elson Reis, Secretário de Cultura, mas não deu tempo e o encontro é hoje. Relembrar Manito é algo que Bauru precisa fazer eternamente, pois esse escolheu viver parte de sua vida entre nós, bauruenses. No vídeo abaixo, como prometido, mais um tiquinho do 2º Encontro de Músicos do Aldeia Bar, domingo passado.

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