sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

UM COMENTÁRIO QUALQUER (94)

OS DROGADOS DA CRACOLÂNDIA PAULISTANA E OS DA LINHA FÉRREA BAURUENSE
Sexta-feira, a primeira do ano e presenciamos uma ação dantesca da Polícia Militar paulista na CRACOLÂNDIA paulistana. Pelas fotos e imagens na TV percebemos como se processam essas coisas nas hostes da polícia. Eles primeiro tentam uma tática de retirada dos viciados do local, tipo arrastão. Em seguida surgem os limpadores de quarteirão e deixam tudo um brinco. E daí, nada mais? Sim, promovem uma ação dita social, quando tentam levar os interessados para locais onde ocorre algo próximo de uma recuperação. Só que nessa região está concentrada uma massa incrível de pessoas, uns desvalidos, desprovidos de tudo, com a cabeça a pensar somente no consumo desenfreado das drogas. Já vivem num outro mundo e pensar de forma coordenada é algo que já abandonaram faz certo tempo. Como tratar essas pessoas? Seria na base da “porrada”, do “prendo e arrebento” a melhor solução? Enfiar essa turba de invisíveis em camburões, armas apontadas para a cabeça, descer o cacetete neles e despejá-los numa jaula qualquer resolverá o problema? Não, respondo. A PM sabe muito bem disso, mas cumpre ordens ou seja, faz o serviço sujo, a mando de alguém. Mais. Retirando-os da região da Cracolândia, sem nenhuma opção de remoção, imaginaram os detentores da ação, que aquela legião pudesse ir para onde? Num mundo onde imagens não espantam mais as pessoas, confesso que ontem fiquei espantado ao ver as cenas na TV dos que forçavam a barra para voltar ao habitat na região, enfrentavam os cacetetes só para se verem acomodados nas ruas novamente, pois não sabiam para onde irem. E daí? Não sei, pois não sou entendido no assunto, mas sei também que a “porrada” não é a solução para o problema. Tá faltando gente entendida no quesito “problemas sociais” e sobrando gente no quesito “solução a qualquer custo”. Lixo para debaixo do tapete é algo que resolve hoje e amanhã o lixo tá lá de novo, pois foi só mudou de lugar. E esse povo não pode ser tratado como lixo, escória.

Vi tudo aquilo e me transportei para Bauru, coração do estado de SP, o mais rico da federação, onde o problema também é mais do que latente. Aqui pertinho de casa, região dos trilhos férreos, onde os drogados de Bauru escolheram para seu habitat, talvez devido ao isolamento, pouca circulação de penetras e espiões, justamente um pedaço da área central da cidade, entre os viadutos JK e JS. A Prefeitura Municipal, através da SEBES – Secretaria do Bem Estar Social tem feito incursões noturnas e diurnas junto a essas pessoas, em conjunto com a Polícia Militar. Constantemente vejo a PM encostando esse pessoal nas paredes, mãos levantadas e o que mais mesmo? Levar esse pessoal para onde? Fazer o que com eles? Eles também ficam sem saber o que fazer e quando questionados costumam dizer: “Não podemos fazer nada além disso”. Queria ver uma ação dantesca das forças policias no sentido de identificar e perseguir os traficantes dessa cidade, os que municiam esses infelizes. Eles estão por aí, muitos conhecidos de tudo e de todos, inclusive dos policiais, mas permanecem no anonimato, enquanto a turba já perdida, cabeça mais desvairada do que a dos amantes do som de um tipo do Michel Telló (não seria isso outro tipo de forte entorpecente a danificar a mente humana?). O que fazer eu não sei, mas não gosto de ver cenas de violência com os extratos mais baixos da sociedade, enquanto viceja a olhos vistos, num outro extrato, o da abastada região Sul da cidade, o mesmo desenfreado consumo, sem que a repressão incida sobre eles. Dois pesos e duas medidas. A mesma coisa quando vejo a PM fazendo aquelas blitz que fecham a Feira do Rolo, colocando os pirateiros de CDs e DVDs em pânico. Esses são impedidos de comercializar os disquinhos, mas todos os outros pirateiros continuam vendendo de tudo ao lado da força pública, como se nada estivesse acontecendo. Por que só com o vendedor de discos? Por que só com o pobre e já danado viciado, o da sarjeta? Precisamos colocar em prática o “algo mais”. Mas o que seria isso? Como agir diferente nessas situações? Questão de postura, de linha de conduta, de ir fundo na solução do problema e não de tratamento paliativo. Como e com quem discutir essas ações? Eu aqui onde moro estou meio que no meio deles, convivo com a turba toda, conheço a carinha de um monte deles e não gostaria de vê-los apanhando como lá na capital paulista. Quem conhece um pouco de história ainda tem lembrança do que o governador carioca Carlos Lacerda fez com os mendigos da cidade do Rio de Janeiro nos anos 60. Jogou todos no rio Guandu.

Queria construir melhor uma concepção social para resolver isso...

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Tenha sempre em mente que a polícia sempre foi o braço armado do poder estabelecido. O que esse manda, o que esse impõe a polícia executa. Esse o entendimento e daí procure os culpados da ação e de sua ineficácia em quem impôs que a polícia fizesse o serviço desse jeito e maneira.

Aurora

Anônimo disse...

Henrique, sabemos a causa disso tudo, dessa exclusão social, e ações como essa vão aumentar com o aproximar da copa do mundo, para "revitalizar" bairros expulsarão os "incômodos" que foram criados pelo próprio sistema, e a verdade é que esses órgãos de bem-estar social só existem para aliviar as tensões para os que realmente gozam de bem-estar e que volta e meia possam se incomodados por essa gente tão sofrida, porque para resolver o problema isso ninguém quer. E nem vamos citar mais o exemplo de Cuba pois a turma daqui não quer, lá é o caos como quis mostrar as reportagens do Jornal Nacional entrevistando a Yoani e cia, e citando números com fonte da universidade de Miami, e parabens ao governo brasileiro que colocou a rede Globo lá dentro com todas as facilidades para fazer aquela esculhambação toda, e depois vocês ainda acham que globo e governo são inimigos mortais, que na mesa senta para negociar, as diferenças são esquecidas porque afinal corrupção é corrupção não é mesmo???

Marcos Paulo
Comunismo em Ação