segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

MEUS TEXTOS NO BOM DIA JAÚ (14, 15 e 16)

POLACO E SEU PIONEIRISMO RURAL – publicado diário jauense BOM DIA em 15.01.2011
A região toda flui para Jaú nos finais de semana e tudo para enfrentar uma baita de um fila. O lugar imantado a atrair gente dos mais diferentes lugares é o famoso Restaurante do Polaco, em Pouso Alegre de Baixo, um pequeno distrito jauense localizado na saída da cidade, estrada para Bariri e Ibitinga. Bato cartão quando posso. Primeiro fui guiado pela fama do lugar, mas a presteza no atendimento e o acepipe servido no ponto me fizeram voltar com certa assiduidade. O lugar ficou famoso por causa da especialidade da casa, uma carne de porco feita em variados tachos, que segundo a lenda, passa de um ao outro, adquirindo um sabor especial. O fato é que não existe uma variação no cardápio, mas mesmo com dois principais, o porco e um galeto, as filas só aumentam. O Polaco acertou a mão. Primeiro o pai e agora a segunda geração. Não existe domingo, faça sol ou chuva, que filas deixam de ocorrer. Cientes disso já vão servindo um tira gosto inicial para os que pacientemente aguardam. Nada como uma polenta frita ao lado de amigos, regado a uma cervejinha gelada e a fome aumentando. Ao adentrar o local, tudo passa tão rápido que não dá nem tempo de respirar. O atendimento é rápido demais e juntando com a fome acumulada, a tradução de tudo é um vapt-vupt divinal. Antigamente o distrito era conhecido por causa de uma festa da padroeira da igreja local. Isso é coisa que ainda movimenta muita gente, mas nada como o Polaco. Virou atração turística da região e faz parte do Guia Gastronômico de muita gente de longe, desses a percorrerem estradinhas variadas em busca de uma comidinha honesta, simples e feita com esmero, sempre saborosa. Lugares assim, restaurantes rurais despontam por aí. Na região de Bauru existe o São Francisco na Bauru-Agudos, um novo com uma inigualável bisteca no distrito de Guaianás e próximo ao Aeroporto de Arealva um também de fritadas suínas. São o “must” do momento, ou seja, todos querendo encontrar o algo novo num local inusitado. Polaco foi pioneiro nisso.

AFONSO: CRAQUE DENTRO E FORA DE CAMPO – publicado diário jauense BOM DIA em 22.01.2012
Quem passou por Bauru nessa semana e com certeza está hospedado aí em Jaú é o sempre craque da bola, Afonsinho, menestrel do passe livre na profissão de jogador de futebol. Mente aberta, abridor de porteiras, irreverente e líder no que faz, assim como Sócrates, infelizmente objeto em extinção no futebol atual. Quem mais joga hoje de barba? Ninguém, mas o problema não é esse e sim de posicionamento, postura. Nisso, inquebrantável, tem seu nome marcado definitivamente na história da bola. Afonsinho fez história no XV de Jaú, do qual nunca deixa de citar. Sempre o via regularmente pelas ruas do centro do Rio, onde a trabalho retorno mensalmente há uns vinte anos. Um médico carnavalesco, um ser social e do samba, um mais que carioca, tendo sua vida retratada na letra e música do Gil, a “Meio de Campo”. Não esquece suas origens e ainda bate bola no Trem da Alegria, 35 anos de festa com jogadores aposentados. Seus primos de Bauru, da Livraria Sapiência se lembram dele jogando bola no largo de paralelepípedos onde hoje acontece a Feira do Rolo. De Jaú a última lembrança que tenho dele foi no lançamento de sua biografia, o livro “Prezado amigo Afonsinho”, do jauense Kleber Mazziero de Souza em 1998. Noite memorável, amigos em comum revistos, como o advogado dr Campese, irreverente na lembrança de histórias passadas na cidade. Na dedicatória do Kléber, que conheci na casa de seus pais, perto do rio que alagou recentemente no centro da cidade: “O jogo da bola é igual ao jogo da vida”. Na do Afonso: “Queira aceitar meu abraço e minha amizade pela nossa parceria dos shows da vida”. Via-o sempre nos carnavais carioca, os da Avenida Rio Branco, segundo grupo e de blocos, além da mútua admiração por Elza Soares. Afonso continua o mesmo, envolto por jovens promessas da bola, como no motivo de sua passagem por Bauru. E nós, continuamos os mesmos de antão ou já estamos inseridos no contexto e nem a barba temos mais coragem suficiente em manter na cara? Esse cara é uma preciosidade.

ENTRE O SALÃO E A MILITÂNCIA, MAURÍLIO – publicado diário jauense BOM DIA em 29.01.2012
Um personagem de Jaú me é muito grato, desses a deixar recordações eternas em todos que tiveram o prazer de sua convivência. Eu tive, pouco, mas tive. Maurílio da Silva (ele mais um da famosa família Silva, dizem, a maior do país) seu nome e muito conhecido na cidade por dois motivos, sua militância política de esquerda, sempre vinculado ao PT – Partido dos Trabalhadores, do qual é um dos fundadores na cidade e pela sua profissão, a de cabeleireiro (barba, cabelo e bigode). Negro, barbudo (como a grande quantidade dos militantes da época), chegou à cidade vindo de Campinas, onde havia trabalhado na Bosch. Chegou a Jaú com a militância encruada dentro de si, pronto para exercê-la e a colocou em prática, primeiro no ramo da fiação, lá na Camargo. Tem momentos na vida de qualquer militante, onde é necessário fazer opções e ele fez a sua, abrindo um salão, que em pouco tempo acabou transformado no ponto de encontro da nata dos esquerdistas da cidade. Parada obrigatória para um bom papo. O quadrilátero das ruas Campos Salles e Marechal Bittencourt, centro da cidade, famoso também pelos estabelecimentos, Posto de Combustível do Saggioro, Rádio Piratininga e Sorveteria do Pereira abrigou durante um bom tempo o seu espaço profissional. Ali fez história e depois, ele e a gana de clientes permaneceram bom tempo na Visconde do Rio Branco. Autodidata, pegava um longo texto, fazia uma leitura dinâmica e logo estava a repassá-lo para os militantes como se fosse a coisa mais simples desse mundo. Se não me engano foi candidato a vereador nos pleitos de 82, 88 e 96. Devotado ao trabalho partidário, nos dias de eleição tinham que lembrá-lo de ter que votar, pois envolvido no imbróglio, se não o fizessem, certamente esqueceria o principal. Antológico um bate-boca com um advogado da cidade, quando o inquiria: “Jamais vou chamá-lo de safado”, mas já o fazia na provocação. Maurílio não deixou filhos, mas uma legião de amigos que o reverenciam até hoje como um dos imprescindíveis. Sua história é das mais dignas.
OBS.: As três charges publicadas são uma rotina semanal aqui no mafuá, duas do Fausto e uma do Nicolielo, cedidas gentilmente pelos autores para reprodução aqui no mafuá. Mesmo não tendo nada em comum com os textos, dizem muito sobre temas dos mais atuais.

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