sábado, 10 de agosto de 2013

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (50)


PELÉZINHO E AMARILDO, OS QUE NUNCA TIVERAM OPORTUNIDADES EM SUAS VIDAS
Entrei numas polêmicas envolvendo questões de estátuas. Levei bordoadas, quase safanões, desferi outros, instiguei, provoquei, respondi, mas confesso, minha real intenção era mesmo ironizar e manter a acesa a chama dos que não aceitam a imposição de tudo, sob o argumento do pensamento único e sempre determinante: é assim e pronto. Remo contra a maré e assim minha canoa segue. Muita gente sugeriu nomes outros para estátuas além das já existentes e muito além da que sugeri. Figuras rebuscadas sugeriram impolutas pessoas dentre as tais “forças vivas” que prosperaram no centro da cidade e mais precisamente na sua rua principal, a Batista de Carvalho. Modestamente sugeri um nome.

PELÉZINHO REINOU PELO CENTRO BAURUENSE DÉCADAS ATRÁS
“LEONEL BATISTA, o Pelézinho é um preto corcunda. Moço e muito dado a gracejos. É natural de Bauru. Tem um defeito na espinha: ora, anda arcada para a frente; ora, anda arcado pra trás. Conta-se que um médico da cidade propôs para lhe consertar o defeito físico, porém teria ele que ficar muito tempo imobilizado, deitado no leito, com um colete de gesso. Recusou a oferta, alegando que não podia ficar muito tempo em tão incomoda posição. Gosta de cantar sambinhas, esforçando-se por imitar o Nelson Gonçalves. Gosta também de pintura. De tempos em tempos, faz, nas calçadas das residências no centro da cidade, exposições de seus quadros. Não pinta bem, mas pinta... Houve um tempo que um dos seus divertimentos era assustar moças nas vias públicas, imitando o latido de um cão. Agora, escolheu uma profissão: vendedor de bilhetes de loteria. E, assim, vai vivendo esse interessante tipo popular de Bauru”. Esse texto entre aspas é do Correia das Neves e está no livro “Tipos Populares de Bauru”, de 1971. Depois disso, Pelézinho morreu e até hoje continua no imaginário de muitas pessoas que conviveram com ele. Daí e ouvindo suas histórias, passadas de boca em boca, vejo que, se alguma estátua for elevada sobre um tipo popular bauruense, essa poderia ser uma delas. OBS.: Já vi fotos do personagem, mas não consegui localizar nenhuma, daí a ilustração.


O AMARILDO É SÓ MAIS UM ENTRE TANTOS DESAPARECIDOS NAS MÃOS DOS PMs
Quando vejo essas campanhas contra a forma abusiva e autoritária como as policias militares atuam, me veem na lembrança tantos exemplos, que citando alguns, muitos outros escapariam. No ajuntamento de tudo o que esses anos vão formatando no meu cérebro, o registro que tenho compilado é altamente negativo. Pararam no tempo e no espaço e seus comandantes não conseguem fazer a corporação ter postura mais digna e condizente com os novos tempos. Os casos se repetem a cada instante e momento. O atual, mais um vergonhoso é o do auxiliar de pedreiro carioca, o AMARILDO (Dias de Souza, 47 anos). Mesmo você não tendo lido quase nada, no juntar dos pedaços que a imprensa divulga, que as redes sociais cobram, que os jornais expõem, a única versão possível é a de a PM carioca sumiu com o infeliz, por certo confundido com outra pessoa. Quem é Amarildo? Uma pessoa que nem sobrenome tem publicado, tem míseras fotos e uma história como a da maioria dos habitantes dos redutos comunitários, favelas e subúrbios brasileiros, de muita luta pela sobrevivência. O Amarildo estava no lugar errado e na hora errada e se deparou com as pessoas mais erradas do mundo na sua frente no momento em que foi abordado e depois, sumiram com seu corpo, pois tão seguros de que ninguém cobraria nada por tão insignificante pessoa, seria nada mais do que um mero índice. Ainda bem que os cariocas o pegaram como exemplo de muitos dos erros cometidos nos tempos atuais e insistem na elucidação desse caso. O comando da PM faria um grande serviço até de reconquista de confiança junto à população se expusesse o que realmente ocorreu e devolvesse o corpo para a família. Por essas e outras, hoje conversando aqui em casa, disse na hora do almoço algo muito doído, mas do fundo do coração: A PM tem um serviço que quando você sai de férias, pode avisá-los e eles passam em maior quantidade de vezes defronte sua residência. Alguém hoje tem coragem de hoje requisitar esse serviço? Eles podem mudar esse conceito que temos deles, mas pelo visto insistem em continuar no desvio. E por enquanto nada do AMARILDO...

Um comentário:

Anônimo disse...

Henrique

aquele essa estátua não é da liberdade, representa os assinantes das operadoras de fone celular, procurando. sinal


amanhã tem NORUSCA

TO LÁ !!


Sds

EL