domingo, 24 de novembro de 2019

AMIGOS DO PEITO (167)


VOU-ME EMBORA P'RA PASÁRGADA! - CRONICA DOMINICAL

Ah, se não houvesse feira aos domingos e o povo não tivesse onde circular e botar o bloco na rua? Creio que a gente faria até uma boa de uma revoluçãozinha. Tudo vale a pena por causa desse maravilhamento proporcionado pelo advento das ruas existirem e nos encherem de alegria, esperança e buscar nelas o reparo para os estragos proporcionado pelos inconsequentes, tipo os provocados pelo desGoverno atualmente em curso na república das bananas. Saio aos domingos em busca desse vento que vem lá dos rolistas, ali ganho mimos, me misturo a outros pobres mortais e empurramos o barco bocadinho mais pra frente, como um poema de Manoel Bandeira (o Cirço me vende o livro do Bandeira por meros R$ 2 reais, uma antologia sem preço, pois seguirá comigo pro que me resta de existência). Ali leio algo a me conduzir e confortar: "A vida/ não vale a pena e a dor de ser vivida./ Os corpos se entendem mas as almas não,/ a única coisa a fazer é tocar um tango argentino". Eu toco (toco nada, sei tocar essas coisas, não!) tango, bronhas (isso eu ainda sei tocar) e toco mesmo é a vida adelante, como posso, ao meu modo e jeito.
 
É tão lindo ver a moça bonita vasculhando livros e mais livros na banca do fervilhamento cultural. Em duas bancas, duas histórias de gente conhecida adoentadas, em hospitais, entrevados e sem esperanças. O João, também reinando no Ceasa me conta coisas de gente que gosto e estão enfermos, muito mais novos que eu e recebo tudo como sinal para pisar no acelerador e fazer mais e mais coisas mundanas, pois falta pouco pro ciclo se dar por findo. Montinegro me enche o coração de bonança da boa, pois ao me ver me diz, aos bocadinhos, domingo por domingo, ir tentando me ajudar a preencher novamente o mafuá de cultura boa. Ganho dele um LP de uma banda da velha guarda e a trago debaixo do braço cheio de orgulho. Carioca, o da banca de livros me faz o mesmo, me beija na face, revejo Esso Maciel (ele vem de moto táxi para feira e o faz para comprar vídeos) e Maria Lopes circulando pela aí. Ela me diz para passar em sua casa, pois tem livros e LPs para me dar, coisa de não sei quantas décadas atrás, reafirma serem raridades. Anoto e junto a outros escritos no bolso traseiro da rancheira.

 O João do Vale do Igapó quer que vá lá conhecer seu oásis, espécie de paraíso no meio do mato e me promete, se precisar, vem me buscar. Outro com o mesmo carinho é o Tarcisio Mazzei, que vez ou outra reabre seu negócio de comidinhas caseiras e quer que passe em sua casa, agora na rua XV, para levar amostra grátis de suas massas, para só se gostar, depois pensar se vou ou não querer comprar. Passo no Barba e nem provo um chopp, pois quero ir dirigindo até Tibiriçá ainda antes da comilança do almoço. Consigo chegar no carro, coloco pra rodar um dos CDs comprados no Carioca, meros R$ 2 cada, um com a voz imbatível do formigão, o Ciro Monteiro e ele me levanta a libido degustativa. São tantas coisas, todas emboladas numa só manha, tantas boas trombadas, algo pelo qual não abro mão, enfim, só assim para sair devidamente recarregado pros embates todos que, certamente virão logo ali na virada da esquina. Tô pronto pra eles, antes busco Ana e caímos no mundo no que nos resta de domingo. A gente só volta pra civilização quando passar o efeito do espinafre que comprei agorinha na feira e vim mastigando sem lavar. Misturei com a poesia do Bandeira, o Formigão, mais a banda Saraiva e a massa do Tarcísio, que me esqueci de buscar (ele me chama de Cascudo e me cobra, insiste para que busque sem pagar, fico acanhado), só sei que deu uma aplainada da boa.

Tô nas alturas. É isso que me move, viver no meio desse furdunço, mas sem seu Jair, o da casa 58, aquele que manda lá no condomínio Barra Pesada, querer ficar cagando regras de como se anda pra trás. A gente ainda manda ele pros quintos dos infernos, pois o pavio está mais do que curto. Viva o domingo e essa Pasárgada que me guia.

OUTRA COISA
1 - SÓ DECISÕES CONTRA INTERESSES DOS TRABALHADORES
Renegados que votaram no Bozo só tomam na tarracheta
Uma atrás de outra, as medidas tomadas pelo seu Jair, o da casa 58, Condomínio Barra Pesada são contra os interesses dos menos favorecidos, porém muitos desses, não só votaram, como continuam apoiando quem lhes craca a estaca. Como pode? O cara do vídeo vai na veia, sem dó e piedade. Talvez assim, sentindo na pele o que venha a ser de fato Bolsonaro e tudo o que ele representa, esses possam ver a ficha cair e mudar de lado, postura, dando início a uma reviravolta colocando pra correr esses todos a tornar o país mais intolerante e conservador. Eis o link: 
https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/3054963651200290/

2 - CUIDADO COM A "DIRECHITA"
Uma música bem humorada, porém, muito clara e revendo a desgraça que são os desgovernos de direita sob os costados da América Latina. A sequência é brutal, assassina dos interesses populares e todos contra a emancipação dos países latinos, tornando-os escravos subservientes de interesses que não os seus, na maioria dos norte-americanos. Liberdade e soberania é preciso! Eis o link: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/3054757264554262?__xts__[0]=68.ARA7mcgkZYba0CnOhpjUfKchj_Z8bbtZTOV9ayy8xMvab_HgcLCdRiCWcGingudBTyonhk7wnJvYuaGT5iSWT4aGG9vubnlDxaLWDWORo0Q2gsMS4UKts-Mcv2k5Q2TIkSjWp44FhPOcz0ndB-qgSnbuhl2yqza1LYlUFiUKBoTtmoKWttaGwZofzLzGinqko8cbdwNyQ67laafOofwEWOnctZsKq2APt7g9hXi1ylsNppgVav9ii0Xikxzcy3JQF0ybkKXLyn5qrRYFEZeEeQrcDIec_ln8g3cM7D5XuFtXPYD6N4S9uGOJ3Pn_5SspC3FrSzsZkoIW6mTul8uLoQ&__tn__=-R

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
Henrique Perazzi de Aquino Eu te vi Mauro Landolffi, estava na esquina da Ezequiel, mas desceu muito rápido, não deu nem tempo de te laçar para um abraço.

Tarcísio Mazzei Cascudo vai vir ?

Tarcísio Mazzei Você sabe que ė um apelido carinhoso,
Com amor e com carinho até no Cú do Passarinho.

Tarcísio Mazzei 😀😁😂🤣😅😉

Mauro Landolffi Ah é? É bem o que você escreveu aí. A gente vai pra soltar a mente um pouco, ver outras coisas, que fazem a gente pensar. Na feira do rolo é tudo surreal: as coisas que os caras põem à venda, as músicas que a gente ouve (...) -cê viu aquele cara lá dos auto-falantes, personagem do lado b, da sua exposição? Tava com uma guitarra lá, fazendo cover ..kkk...; e a gente ouve a conversa do vendedor com um potencial comprador, falando sobre aquele produto lá (...). É íncrível, mas tem interessado pra tudo, né?... E a feira do rolo tá dobrando a esquina... subindo a Rio Branco... Um mundo à parte nos domingos de manhã... Fica um abraço virtual então. Um ótimo domingo pra todos nós.

Duilio Duka Meu grande amigo escritor (e dos bons), HPA!
Sempre antenado no cotidiano desta nave, chamada vida. É bom ler você. É bom estar com você, sempre! Abraçasso.

Henrique Perazzi de Aquino Te amo, mas tem um problema, sou/estou comprometrido.


Isabel Cristina Santos Oliveira Melo Amei o relato.
Isso é vida, e eu amo viver.

João Vale Do Igapó 👏👏👏❤️

Montinegro Monti Henrique Além desse imenso carinho que você tem pelas pessoas, não podemos deixar de reconhecer teu senso critico e olhar peculiar sobre as coisas a vida por si só lhe provoca encantamento... você é especial e tua generosidade não tem tamanho.
É um privilégio tê-lo como amigo.
Forte abraço!👏👏👏