O Paulo Leminski, do Polaco abraçar o então prefeito curitibano, depois governador paranaense Jaime Lerner é algo belo de ser visto. Ambos com largos sorrisos. Um cara como Lerner receber um abraço tão afetuoso de alguém como o Leminski é porque ele deve primar mesmo de muita consideração. O Lerner pode ter mil defeitos, mas é imensamente maior do que todos esses bestiais e boçais políticos que hoje comandam o Paraná. Nem sei explicitar como foram capazes de decair tanto. Requião é um bastião hoje por lá. O fato é que Leminski e Lerner, mesmo com todas as diferenças possíveis e imagináveis, tinham lá muita coisa em comum, algo inconcebível para com tantos de hoje em dia.
Sim, o fato de ter apreciado por demais a foto é pelo fato de tentar transportá-la para o universo bauruense de hoje. Qual digno representante deste mundo cultural bauruense de hoje conseguiria dar um fraterno e sincero abraço destes na alcaide municipal que hoje comanda a cidade ou mesmo num dos seus vetustos veradores? Tentei puxar pela memória e não consegui nenhum. Nenhum artista, poeta ou coisa parecida que o valha se submeteria a isso. Na foto do livro não existe constrangimento, existia empatia, algo de gente que se entende. Na Bauru de hoje - e no Paraná também, quiçá no Brasil -, isso já foi pras cucuias.
Portanto, para mim, fotos como essa representam uma época que se foi e pelo visto - toc toc toc -, tomara volte um dia. Queria muito estar vivo para presenciá-la novamente. O demonstrado pela foto dos dois sorrindo com o abraço do poeta no político, arquiteto e administrador é uma simbiose saudosista. Quando a vi, de imediato me veio à mente, quem poderia estar no lugar deles no momento atual? Existem alguns. Muitos abraçariam Lula desta forma, sem nenhum constrangimento, mas e nestes políticos fundamentalistas de hoje, quem se habilitaria? Escrevi pensando nisso e não vejo quem, dos bons e vorazes no quesito cultural, não dos vendilhões e vazios ululando pela aí, o fariam com nossa alcaide? Quem? Isso é um sintoma de explícita regressão. Ao invés de avançarmos, andamos para trás.
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