sábado, 15 de agosto de 2009

COLUNA DO JORNAL BOM DIA (33 e 34)

TRAÇOS DE CINISMO - publicado na edição de 08/08/2009
Li aqui mesmo no BOM DIA, no último texto do articulista Ivan Goffi, um furioso ataque à Petrobras e favorável à CPI lá instalada. No texto não encontrei nenhuma linha sobre as mazelas da estatal, o motivador da CPI. Só fúria, bravatas, nada além disso. Ataques desse tipo são rotina em algo muito em voga hoje. Fazem de tudo (e mais um pouco) para atingir o presidente Lula e também sua candidata, a Dilma. Como se não fossem piores que eles. Apostam no quanto pior melhor. O negócio é ver Lula em maus lençóis, custe o que custar. E dane-se o país. E por que agem assim? Vou mais adiante. Dilma acaba de ser homenageada no exterior. Por aqui nem uma linha. Por muito menos, outros foram injustamente paparicados. Num deslize em uma casca de banana, dá-lhe cutucões por não ver onde pisa. Semana passada a Folha de SP de forma irresponsável e proposital aumenta índices da gripe, provoca mais alarde, tudo para acossar o Governo e amputar-lhe culpas que a ele não pertencem. Pouca coisa sobre as medidas tomadas na prevenção. Isso pouco interessa. Por fim, mais duas. Sarney sempre agiu da forma hoje denunciada. Porém, hoje, como apóia Lula, derricemos com ele. Compondo novamente, ou seja, ficando contra Lula, a paz estará selada. Mostram a toda hora o lado guerrilheiro de Dilma e nunca o de fujão (Chile 1973) de Serra. Um interessa, o outro não. Luciano Pires vem aí torcendo para que a marolinha tome forma mais consistente e se transforme num tsunami. E o Brasil, gente?
SECTÁRIOS E O PATRIOTISMO - publicado na edição de 15/08/2009
Imaginem a possibilidade de alguém em sã consciência atacar, por exemplo, os desmandos do atual Governo Federal, como benefícios para filho e irmão do presidente Lula, sem ao menos tocar em algo ocorrido com o presidente anterior, o FHC, quando o filho foi beneficiado em exposição em Frankfurt, filha e primo idem, ambos ligados ao Comunidade Solidária. Seria muita cara de pau, não? Existem pessoas que agem assim. A esses dou o nome de sectários. Faço uma justa distinção entre o sectário e o radical. Sectário é aquele que se fecha ao diálogo e o radical, é o que, ao mesmo tempo, permanece fiel aos seus princípios e se abre ao processo de debate. Eu busco sempre ter essa posição. Enxergo tanto lá, como cá, sem abrir mão dos meus princípios. No mínimo tento ser mais coerente. Sofro menos, vivo mais. Da mesma forma conceituo o patriotismo. O tipo mais vulgar é fanático, ufanista, geralmente com forte ligação junto a alguma religião. Fica cego e surdo à dor dos outros. Existe um outro patriotismo, “mais sofisticado e profundo, muito menos auto-referente, capaz de dialogar com as outras culturas e superar limites estreitos de lealdade e honra com a ordem vigente de um governo”, essa segundo uma interpretação de Milton Hatoum, na qual avalio e dou fé. Disso tudo, algo singelo. Compreender e ver virtudes nos adversários e inimigos é sempre importante. Porém, nenhum sectarismo ou patriotismo deve ser mais forte que o amor incondicional por um filho.
OBS.: As ilustrações são do Orlando Pedroso e foram retiradas do seu blog pessoal (uma beleza).

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