domingo, 24 de fevereiro de 2013

ALFINETADA (108)*
* Uma observação antes da publicação dos três textos escritos no ano de 2000, quase treze anos atrás, transcritos aqui no Mafuá uma vez por mês e de três em três. Todas as fotos que ilustram esses textos foram tiradas ontem na festa de 45 anos da companheira de todas as horas, a carioca Ana Bia, comemorados ontem à noite no salão da residência do Alemão, o da Kananga e de Cleusa Madruga, sua esposa. Uma bela noite, onde Ana rodeada de diletos amigos, comemorou a data com um vestido que lhe dei de presente, com as cores do Mengo. Não quero escrever nada sobre a festa, só reverenciar os amigos todos lá presentes. Tudo foi tão bonito por causa da presença de todos eles.
HALLOWEEN JÁ FOI TARDEpublicado Alfinete n° 89, 11/11/2000.
Nós brasileiros, queiramos ou não estamos sob forte e contínua influência de tudo o que vem dos EUA. É quase impossível escapar desse jogo bruto e desleal. Os filmes no cinema, em quase sua totalidade são norte-americanos. O lanche tem que ser do Mc Donald’s. O mercado tem que ser o Wal Mart. A Disneylândia é a referência em parque temático. O computador que usamos é de lá. A música só não é a preferida por causa do pagode (argh!). A dependência segue em quase tudo a envolver nosso dia-a-dia. Nesses dias me irritei com o grau de dependência que conseguimos chegar, com a importação de mais uma mediocridade: o tal do HALLOWEEN. A festa não é de origem americana, vem de uma tradição celta, mas ela só teve a repercussão que está tendo hoje  no país, devido a importância que os norte-americanos sempre deram a ela. Incorporamos a data em 31 de outubro, como festa popular, envolvendo um número cada vez maior de jovens, mesmo que a grande maioria nem saiba o que se está comemorando. Afinal, o que é bom para os grandes irmãos do norte, com certeza deverá também ser bom para os consumidores do sul. Ou não? Fazendo uma
análise bem rápida, constata-se que o HALLOWEEN não tem nada de
brasileiro.  Nadinha de nada. Na verdade, por aqui, não passa de um evento comercial, com muitas lojas se especializando na revenda de fantasias, outros com as festas; todos lucrando alto com o tal Dias das Bruxas. E tome abóbora acesa por tudo quanto é canto. É de dar pena. Pena de nós, brasileiros, povo festeiro e submisso como somos, vendo tratar-se de mais uma festa, caímos de boca. E tome dependência e subserviência. Mas, ser contra o HALLOWEEN é ser logo taxado de velho, ultrapassado, contra a modernidade e outras cositas mais. Eu, como já deixei de me importar com esses conceitos, sou tudo isso e muito mais. Para os que ainda querem pensar um pouco, , basta perguntar se o povo norte-americano incorporaria com a mesma facilidade uma tradicional festa brasileira. Imaginem eles dançando um bumba-meu-boi. Nunca, nunquinha. Mas isso, também já é querer demais, pois nem nós que somos brasileiros, conhecemos nossas festas e danças tradicionais. Gostamos mesmo é da dança da bundinha, do padre Marcelo, da banheira do Gugu, do programa No Limite e de espetar uns bois numas Fesdtas de Peão. Ou eu estou enganado? Mas, mesmo com essa criticidade toda, não consigo escapar dessa influência americana. Aqui em casa, meu filho esteve impossível com uma máscara de abóbora na cabeça e pouca coisa pude fazer. Suporto, mas não deixo de espernear um só minuto. É o que faço nesse artigo.
QUEM TEM MEDO DE ITAMAR?publicado Alfinete n° 90, 16/11/2000
Existem perguntas que dançam no ar, girando por algum tempo sem que apareça a resposta. De repente, fica tudo claro. É o caso dessa estranha blitz que, de uns tempos para cá, o governo federal, as elites econômicas e, em especial, a mídia amestrada, movem contra o governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Poucas vezes se viu tamanha virulência. Começaram com argumentações jurídicas a respeito das tropas do Exército poderem ser mobilizadas para defender propriedades privadas e logo chegaram na tentativa de ridicularizar o governador, sustentando que ele é doido. Com os ataques querem atingir Itamar de forma profunda, calando sua voz, para afastá-lo da corrida sucessória de 2002. Por que isso acontece? A resposta é simples: porque as elites globalizantes, entre as quais se incluem o governo federal e a maior parte da mídia, estão com medo de Itamar. Pavor mesmo, na medida em que ele se transformou no contraponto desse pérfido modelo
econômico, responsável pela miserabilização do país, o empobrecimento da classe média, a multiplicação do desemprego e da dívida externa e a alienação do patrimônio público estratégico. O governador faz as vezes do menino que denunciou a nudez do rei, como na história infantil. Itamar coloca o dedo na ferida, ele denuncia com todas as letras, que a tal da globalização nos transformou novamente em colônia dos países ricos. Só faz aumentar os privilégios dos privilegiados. Apavoradas, as elites demonstram horror diante da perspectiva desse modelo que as enriquece ser repudiado nas urnas. Precisam, de todas as formas, afastar qualquer possibilidade de mudanças. Espertas, identificam em Itamar a hipóteses de a festa acabar. Temem a voz da discordância. Itamar deixou a Presidências com os maiores índices de popularidade da história da República: 85%. Enganou-se ao escolher e eleger FHC, ou melhor foi por esse enganado, porque jamais supôs o candidato adotando o pérfido modelo que nos assola. Ele pode não ser o melhor candidato à sucessão de FHC, mas não podemos esconder que, também não é doido, como querem que acreditemos. Recuperar a verdade nesse momento é muito importante, pois sem sombras de dúyvidas, FHC é muito mais nefasto para o país que o retorno de Itamar.
SEM PRECONCEITO publicado Alfinete nº 91, 25/11/2000
Se tem um cantor que eu respeito nesse país, esse nome é ZECA PAGODINHO. O Zeca tem pagode no nome, mas sua música passa longe da música cantada por esses grupos de pagodeiros. Sua praia é outra. O seu repertório é um dos mais respeitados no momento. Tem de tudo um pouco, mas da melhor qualidade. O Zeca é uma figura singular. É dos poucos que tem opinião própria. Fala o que pensa e não tem medo de emitir sua opinião. Agora mesmo, quando acaba de lançar um novo CD (Água da Minha Sede), fez questão de declarar que não é contra a pirataria do mercado fonográfico. Pirataria é crime, todos sabem. Zeca não liga a mínima para isso e na defesa dos discos piratas, chega a afirmar: “Até dou autógrafo. Tanta gente com fome por aí, eu vou me preocupar com isso?”. Ótima resposta, não dá para comprar CDs no absurdo preço que  estão sendo vendidos no país. Sua única preocupação é não mudar de hábitos. Ele continua vivendo em Xerém (bairro de Duque de Caxias, Baixada Fluminense), tomando cerveja no bar defronte sua casa e indo à feira toda semana. Zeca assume a preguiça, sem culpas. Tanto que não gosta muito de sair dessa sua vidinha tranquila, para as inevitáveis viagens de shows. Conseguiu chegar a um ponto aonde a tranquilidade é a coisa mais importante de sua vida. Mas, com toda preguiça, Zeca não acha que está dando mau exemplo aos filhos. Quando lhe indagaram sobre isso, foi rápido na resposta: “Eles sabem que o pai já carregou muita caixa em feira e agora está só trabalhando um poucop menos”. Tem resposta para tudo e não é de ficar contando vantagem, nem se vangloriando da sua situação. A verdade é que é gostosos ver o Zeca torando de letra quando alguém o quer colocar numa saia justa. Numa de suas últimas idas ao Faustão, na TV Globo, quando o apresentador quis tirar uma com ele, perguntando sobre se continuava bebendo algumas cervejinhas antes de cada show, encerrou a questão com:
“Para discutir esse assunto, precisamos os dois estar bebendo. Como não estamos, aqui não é o lugar para se falar disso”. Faustão preferiu mudar de assunto rapidinho. O Zeca é um cara simples, bem a cara do povo brasileiro. Tem toda uma ginga de malandro bem carioca. É o típico sujeito que, mesmo bem sucedido, não alterou sua vida, continuando o mesmo de antes. Dá para sem comparar com o vinho., “quanto mais velho melhor”. É o melhor de tudo é que canta uma m´suica de primeira, misturando a velha com a nova guarda. O samba é a sua especialidade, mas o samba de verdade, aquele que fala de tudo. Enfim, um cara para se tirar o chapéu.

3 comentários:

Reynaldo disse...

Henrique, sou fanzasso do Zeca Pagodinho...Infelismente outros bons sambistas que cantam e tocam samba de raiz nao tem espaco na midia e acabam nao tendo divulgados os seus trabalhos.O que predomina infelismente e o lixo dos tais pagodes, que sao de uma mesmice sem tamanho.

Em tempo..Os meus parabens pra Bia pelo aniversario dela.


Abracos

Reynaldo disse...

Henrique, sou fanzasso do Zeca Pagodinho...Infelismente outros bons sambistas que cantam e tocam samba de raiz nao tem espaco na midia e acabam nao tendo divulgados os seus trabalhos.O que predomina infelismente e o lixo dos tais pagodes, que sao de uma mesmice sem tamanho.

Em tempo..Os meus parabens pra Bia pelo aniversario dela.


Abracos

Anônimo disse...

Cadê mais fotos do aniversário da Ana. Publicou até a metade. Cadê o resto? Corrija isso, seu demorado...
Daniel