segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CHARGES ESCOLHIDAS A DEDO (65)

ALGUNS POSICIONAMENTOS DOMINICAIS
1 – O Papa católico renunciou. Para não dizer que nada direi sobre algo tão íntimo, foro pessoal de um chefe de Estado, minha opinião fica sendo a desse trecho de um longo discurso que frei Beto, outro católico, ministrou em São Paulo: “Depois que anunciou a renúncia, Bento XVI recebeu o clero de Roma sem bengala, falou de improviso, sorriu e denunciou a hipocrisia religiosa e defendeu a verdadeira renovação da igreja. Sou pela reeleição de Ratzinger”. Guardadas as devidas proporções, incluída minha dose de ironia, que bem não faz o papel de renunciante a alguém com cargo tão pesado (ou seria carregado?). Um estudioso de religião disse acertadamente: “A igreja está doente porque vive no século XI”. Não preciso dizer mais nada.

2 – Correa, o sujeito que deu ares de país sério ao Equador, conseguiu nesse domingo a sua reeleição com os pés nas costas. Concorria com um ex-banqueiro e da OPUS Dei. Foi de lavada. Ainda bem. O novo Chávez? Mais que isso. A “revolução cidadã” implantada por ele no país vizinho é algo inebriante, com destaque para os pesados investimentos em infraestrutura, saúde e educação. Mudou o país para melhor. Um de seus lemas é contagiante e gostaria de ver outros presidentes latinos com a mesma fala e prática: “O Equador não está mais a venda”.

3 – Quem está chegando ao Brasil é a blogueira cubana Yoani Sanchéz, indefectível persona, evidentemente custeada em tudo o que faz dentro de Cuba por dinheiro externo, com origem ainda não totalmente sabida, pois por lá não exerce nada de produtivo. Na chegada, Veja, a revista que defende o indefensável acusa graduado funcionário público federal de participar de um complô para denegrir a imagem de tão controversa pessoa. O que ele faz, se é que faz é criticar alguém merecedora de muita crítica, pois vive dentro de Cuba, às espensas de dinheiro externo, criticando ferozmente o país e ainda tendo a pachorra de se dizer perseguida. Vá ser FDP no raio que o parta. E que não venha dar uma de santinha por aqui.

4 – Marina Silva lança partido novo, batizado de REDE, despontando no horizonte com um nome já sugerindo controvérsias mil. Rede para pegar o que, afinal? Quem melhor esmiuçou a nova sigla, como o papel hoje cumprido por Marina foi Gilberto Maringoni, dando dicas resumidas aqui por mim: “O movimento REDE é personificado só em Marina. Só ela aparece. Trata-se de um movimento para uma candidatura. Já falou em ensinar criacionismo nas escolas. Já falou em impedimentos de pesquisa de células-tronco. Não se trata de atacar a religiosidade dela, isso é público! Ainda um ajuntamento de gente em torno da conservadora Marina e só”. Concordo e desde já me posiciono completamente fora disso tudo, pois não tem compromisso com nada a não ser consigo mesmo.

5 – Na cidade do Rio de Janeiro o Carnaval ainda não terminou. Nesse domingo, 17/02, passados cinco dias do término da festa, alguns blocos resistem em desfilar a alegria nas ruas e praças. Num deles, pelo nome, VAI BARRAR? NUNCA!, saiu às 16h. Criado em 2010 por quatro amigos, o bloco da Penha protesta contra os que insistem em criar, depois aprovar e também legislar defendendo leis impeditivas. Adoraria estar nessa festa, porém, faço o contrário, me engajo a partir de segunda na luta contra os que se opõem a desmandos acima até da Constituição. Guardião, o super-herói de Bauru vem aí soltando fogo pelas ventas...
Obs final: Presto aqui homenagem à charge e ao cartum, motivos de minha eterna adoração e veneração. Fausto Bergocce, meu amigo e companheiro no livro "Reginópolis, su História" está em três, Pelicano noutra e um que desconheço na do telespectador de TV. Adoro ilustrar tudo o que faço com esses desenhos maravilhosos, traços inigualáveis, pessoas sacando e dizendo tudo num simples (como simples, se nem um traço reto consigo fazer?) traço.

5 comentários:

Anônimo disse...

Henrique, sou a seu favor continue escrevendo quem não escreve o que pensa não pode chegar a ser ouvido força aí guerreiro.
Eliza Carulo

Anônimo disse...

Carta Maior - 15/02/2013

Bento XVI: Crise e exaustão conservadora

Saul Leblon


Dinheiro, poder e sabotagens. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.

A presença ostensiva desses ingredientes de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.

A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior: o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores da Santa Sé.

Desta vez, mais que nunca, a fumaça que anunciará o 'habemus papam' refletirá o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica.

Mais que as razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia de seu papado, nesta 2ª feira.

A verdade é que a direita formada pelos grupos 'Opus Dei' (de forte presença em fileiras do tucanato paulista; veja obs. ao final dessa nota), 'Legionários' e 'Comunhão e Libertação' (este último ligado ao berlusconismo) já havia precipitado fim do seu papado nos bastidores do Vaticano.

Sua desistência oficializa a entrega de um comando de que já não dispunha.

Devorado pelos grupos que inicialmente tentou vocalizar e controlar, Bento XVI jogou a toalha.

O gesto evidencia a exaustão histórica de uma burocracia planetária, incapaz de escrutinar democraticamente suas divergências. E cada vez mais afunilada pela disputa de poder entre cepas direitistas, cuja real distinção resume-se ao calibre das armas disponíveis na guerra de posições.

Ironicamente, Ratzinger foi a expressão brilhante e implacável dessa engrenagem comprometida.

Quadro ecumênico da teologia, inicialmente um simpatizante das elaborações reformistas de pensadores como Hans Küng (leia seu perfil elaborado por José Luís Fiori, nesta pág.), Joseph Ratzinger escolheu o corrimão da direita para galgar os degraus do poder interno no Vaticano.

Estabeleceu-se entre o intelectual promissor e a beligerância conservadora uma endogamia de propósito específico: exterminar as ideias marxistas dentro do catolicismo.

Em meados dos anos 70/80 ele consolidaria essa comunhão emprestando seu vigor intelectual para se transformar em uma espécie de Joseph McCarty da fé.

Foi assim que exerceu o comando da temível Congregação para a Doutrina da Fé.

À frente desse sucedâneo da Santa Inquisição, Ratzinger foi diretamente responsável pelo desmonte da Teologia da Libertação.

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, um dos intelectuais mais prestigiados desse grupo, dentro e fora da igreja, esteve entre as suas presas.

Advertido, punido e desautorizado, seus textos foram interditados e proscritos. Por ordem direta do futuro papa.

Antes de assumir o cargo supremo da hierarquia, Ratzinger 'entregou o serviço' cobrado pelo conservadorismo.

continua...

Anônimo disse...

continuação...

Tornou-se mais uma peça da alavanca movida por gigantescas massas de forças que decretariam a supremacia dos livres mercados nos anos 80; a derrota do Estado do Bem Estar Social; o fim do comunismo e a ascensão dos governos neoliberais em todo o planeta.

Não bastava conquistar Estados, capturar bancos centrais, agências reguladoras e mercados financeiros.

Era necessário colonizar corações e mentes para a nova era.

Sob a inspiração de Ratzinger, seu antecessor João Paulo II liquidou a rede de dioceses progressistas no Brasil, por exemplo.

As pastorais católicas de forte presença no movimento de massas foram emasculadas em sua agenda 'profana'. A capilaridade das comunidades eclesiais de base da igreja foi tangida de volta ao catecismo convencional.

Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo histórico que ajudou a implantar.

Durou pouco.

Três anos depois, em setembro de 2008, o fastígio das finanças e do conservadorismo sofreria um abalo do qual não mais se recuperou.

Avulta desde então a imensa máquina de desumanidade que o Vaticano ajudou a lubrificar neste ciclo (como já havia feito em outros também).

Fome, exclusão social, desolação juvenil não são mais ecos de um mundo distante. Formam a realidade cotidiana no quintal do Vaticano, em uma Europa conflagrada e para a qual a Igreja Católica não tem nada a dizer.

Sua tentativa de dar uma dimensão terrena ao credo conservador perdeu aderência em todos os sentidos com o agigantamento de uma crise social esmagadora.

O intelectual da ortodoxia termina seu ciclo deixando como legado um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras, mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social irradiada do Vaticano.

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Obs.

Simpatizantes do PSDB, como o jurista Ives Gandra, e militantes, como o jornalista Carlos Alberto di Franco,entre outros, são reconhecidos como membros da Opus Dei no Brasil. Di Franco teria sido o mentor do governador Geraldo Alckmin na organização. O falecido bispo de Guarulhos, D Luiz Bergonzini, que serviu como cabeça-de -turco de Serra na campanha de 2010, acusando Dilma de 'aborteira' em planfletos com assinatura falsa da CNBB, era igualmente vinculado à extrema direita católica. O ex- chefe da Casa Civil do governo de SP, Sidney Beraldo,agora no TCE, foi apontado então como um tucano com fortes vínculos junto a D Bergonzini; ambos eram conterrâneos de São João da Boa Vista, onde Beraldo foi prefeito e Bergonzini nasceu e atuou. A revista 'Época', pertencente às Organizações Globo, documentou em reportagem intitulada 'O governador e a Obra', o 'noviciato' do tucano Geraldo Alckmin na Opus Dei. A revista 'IstoÉ' fez um pedagógico mapeamento dos vínculos entre tucanos e os responsáveis pelo panfleto anti-aborto da extrema direita religiosa, em 2010.


publicado por Pasqual Macariello - Rio RJ

Anônimo disse...

Já que você gosta tanto de Cuba e de Fidel, por que não vai morar lá? É só largar o bembão nesse país, pegar um avião e sumir para lá uai !

Mafuá do HPA disse...

Meu caro anônimo sem nome e fuça:
Essa pergunta já foi respondida aqui diversas vezes. Não se trata disso. Peço que leias novamente e entenda o que foi postado e a partir daí, vindo algo bem elaborado, consistente, com argumentação, te responderei. Essa besteiraiada que propõe eu abdiquei faz tempo. Não perco mais tempo em discussões com quem pensa e age com algo tão sem sentido. Tome tento e procure conhecer e reconhecer o lado bom de Cuba, um lado que nenhum país capitalista possui. Só pergunta algo como perguntado por voce, quem nada conhece de Cuba. meu caro, posso te afirmar, voce não sabe o que está perdendo.

Henrique - direto do mafuá