quarta-feira, 17 de julho de 2013

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (70)


O TOTEM DA HAVAN E A LIBERDADE ADVINDA DO SÍMBOLO A SER ERGUIDO
A bonita loja de departamentos HAVAN chegou à Bauru imponente e logo de cara anunciou aproximadamente 200 novas vagas de empregos, entre diretos e indiretos. Todos aplaudimos. Construiu uma bela edificação onde antes tínhamos o Auto Cine (que fui tão poucas vezes), área por anos abandonada e a novíssima construção pode ser vista por todos adentrando a cidade via Nações Unidas ou simplesmente passando de carro pela rodovia marechal Rondon. Imponente, ocupa lugar privilegiado em solo bauruense. Dias desses tomei conhecimento de que estaria para trazer mais uma surpresa para Bauru. Não precisou ninguém me dizer, passei por lá e vi a tal da surpresa. Seus proprietários levantaram uma estrutura de concreto e no pedestal vão fixar uma espécie de totem com uma réplica da ESTÁTUA DA LIBERDADE. Ela ainda está deitada, aguardando remoção às alturas.

Isso mesmo, estaremos daqui a alguns dias igualados a Nova York, sem o rio e a ilha Staten, mas incrustado no seu famoso trevo de entrada, com idêntica facilidade de visualização e por todos os ângulos possíveis. Poderemos ser identificados como reprodutores da “liberdade” norte-americana (sic), mesmo sem termos optado pelo símbolo. Fui pesquisar e vejo no site deles (www.havan.com.br), que a estátua está logo na abertura, a usam para tudo. Confesso que logo de cara havia gostado do nome, Havan, achando que pudesse haver alguma similaridade com a ilha caribenha, mas isso foi desfeito após ler sobre a história da rede no site http://www.lojashavan.com.br/historia. O nome é da junção de dois sócios, o Hang e o Vanderlei. Frustrado, percebo que o totem é um “elemento incorporado ao conceito Havan”, introduzido em suas lojas desde 1996 e que em cada cidade onde aportam, “presenteiam-na” com uma estátua em tamanho enorme e de fácil visualização. Marca da empresa.

Dito isso, venho para minhas observações pessoais. Nada contra a escolha de um símbolo. Quero lembrar do estigma que a Barra da Tijuca, o famoso bairro carioca possui ao tentar fazer o mesmo décadas com a colocação de uma réplica igual a essa em lugar nobre na avenida das Américas. Até hoje ficou marcada como reduto do gosto e preferência ao estilo Miami. Se isso é bom ou ruim, cada um avalie do seu jeito. Lembro também que Bauru já fez isso em outras situações, como a Torre Eiffel defronte a ITE. A diferença é que aquela está mais escondida, no meio de um bairro. O fato é que até hoje não se criou um portal para adentrar Bauru via rodovia e esse marcará a cidade, pois estará ao lado dele. Ali pertinho a Rede Confiança ergueu um mastro imenso e lá no alto hasteou a bandeira de Bauru. Uma tentativa demarcatória com algo a envolver um símbolo da cidade, sua bandeira. Já com a estátua, algo bem longe dessa cara bauruense. Não quero com esse texto ser chato, pedante, desses a apregoar a recusa do dito “presente” que a rede está a nos oferecer, mas só lembrar que, o símbolo norte-americano de liberdade nunca esteve tão em baixa como nesses últimos tempos. Hoje nos espionam até no que fazemos sozinhos dentro de um até então reservado banheiro e isso, decididamente, não tem nada a ver com liberdade. Pelo contrário, diz sobre a falta dela. A réplica chegou, está por enquanto deitada no estacionamento da loja e em pouco tempo estará recebendo em sua face o vento bauruense. Prolongando esse texto, temo que seja deselegante e não quero sê-lo. Exponho os fatos, com algumas justificativas e deixo tudo para reflexão coletiva. Ganhamos um totem no marco da entrada de Bauru e que todos ao menos saibam disso. Como ele vai estar lá, acredito que o texto não tenha nada de inoportuno.

19 comentários:

Anônimo disse...

Vai ser imperdível, o que vai ter de jeca achando que está em "Maiame"...
Selva Selva

Anônimo disse...

Henrique, a tal estátua é tão kitsch quanto os produtos que se vendem dentro. aliás, a própria arquitetura da loja nos remete as construções gregas, não? é de uma cafonice sem igual. mas, aos olhos de quem vê sem observar bem, é imponente msm. ótimo texto! abs
Bruno Emmanuel Sanches

Anônimo disse...

Mais em baixa do que o Brasil impossível,enfim quando foi cedido o espaço para construção da Havan nada mais justo que a loja tenha o perfil de seus donos,acho que é melhor pensar no 200 empregos gerados,já que Bauru é uma cidade com forte poder de comercio em toda região abastecendo muitas cidades e gerando muitos empregos....diante da atual situação política do Brasil que diferença faz essa estatua?Ainda bem que ela foi comprada com dinheiro próprio.
Ligia - Reginópolis

Anônimo disse...

Henrique

Simplesmente brega.

Bruno lembrou bem , construção grega X estátua da liberdade (EUA) ... bela mistura kkkk

Nádia Barnes

Mafuá do HPA disse...

Meu texto até exalta os empregos, ótimo para todos nós. Espaço amplo, ótimo ponto, mas não existe como não comentar o fato do símbolo. Talvez mero debate, mas o momento é oportuno para fazê-lo, sem menosprezo ao empresário. Meras observações de quem observa os símbolos mundiais e suas formas de utilização. Até acho que a Prefeitura poderia aproveitar o momento e pensar num portal, em algo que relembre Bauru condignamente para o entroncamento entre a Nações e a Rondon.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

Henrique

Briguei tanto por uma estátua do Pelé dando um soco no ar bem na entrada da cidade... agora Inês já é morta... A dona Liberdade já se apossou da Avenida. Que horror.

Egberto Cavariani
Villa MC
Bauru - SP - Brasil

Anônimo disse...

Capitalismo tem dessas coisas mesmo... a loja é dos caras e eles fazem como querem, arquitetura inspirado nos gregos com estatua dos estadunidenses, cheia de produtos feitos na china, contradição é brinde igual bonequinho de indio em pacote de pipoca arrozinho...
lUIZ HENRIQUE CARNEIRO

Anônimo disse...

Henrique, como você faz tão bem a crônica da nossa cidade. Parabéns meu amigo.
Luís Victorelli

Anônimo disse...

como o brasileiro é macaco do americano, o investidor também o sendo, tenta de alguma forma influenciar os moradores dessa cidade, que aos poucos vai perdendo sua característica de cidade com seus hábitos próprios e caracteísticos, para dar lugar ao modismo influenciado e arrogante dos americanos imperialistas, que agora não sabem como desfazer as espionagens feitas no mundo e que trata o seu compatriota HONESTO com prisioneiro e o quer calar a todo custo, inclusive tentando influenciar os demais países a não dar asilo político a um cidadão sério e com hábitos honestos, o que não é a política americana.Essa soberba americana, tem que ser derrubada a qualquer custo e os países envolvidos nessa espionagem têm que se juntar e cobrar do governo americano uma resposta decente e convincente para essa imundice americana.
Estejamos atentos às investidas americanas no mundo. Eles ainda vão sofrer um revés muito forte. É só esperar para ver.Atrás desses escândalos vem outros aindfa maiores.

Um abraço carioca em todos. Estamos com saudade dessa cidade, embora distante,muito acolhedora e com lugarers muito interessantes.
Em breve voltaremos
Paulo Humberto Loureiro e Roseli - RJ

Anônimo disse...

Já temos a Estátua da Liberdade...Daqui a pouco o inglês vira o idioma oficial da Cidade Sem Limites, Henrique, isso se não adotar um pavilhão idêntico ao do USA...Fora se o Tio Sam não se tornar o mascote do Noroeste...

Wander

Anônimo disse...

"Poderemos ser identificados como reprodutores da “liberdade” norte-americana (sic), mesmo sem termos optado pelo símbolo."

sério? tudo isso por causa de uma estátua feia e brega?

marcel

Anônimo disse...

Deturpação da cultura nacional, um povo sem identidade cultural é um povo dominado. Eita falta de originalidade!
Leandro Miguel

Eraldo Marques disse...

Pior seria um Cristo Redentor, desses [disformes] que que abundam pelos rincões do Interior [embora, em minha opinião, o original seja igualmente redículo e horrendo]

A Estátua da Liberdade não é uma criação americana. Tem origem francesa, e foi também um presente oferecido aos americanos [ou 'estadunidenses', para não ferir suscetibilidades].

É uma linda estátua em sua concepção original [que está em Paris], mas como imitação chinfrin [a original é de cobre, assim como a da Ilha Staten - daí a cor verde do cobre oxidado] é realmente um jequíssimo presente de grego.

Quanto à "Torre Eiffel" da ITE, é um verdadeiro atestado de atraso cultural. É um amontoado de metal pintado com tinta barata que apenas vagamente lembra o portento parisiense [uma loja da Av. N.S de Fátima tem na fachada um modelo menor bem mais bonitinho]. É inconcebível que uma instituição universitária tenha cometido tamanho pastiche. Removam-na imediatamente, e paguem Silvio Selva para fazer algo que preste para ocupar o espaço.

Abraxx.



Eraldo Marques disse...

Errata:

Onde se lê rediculo,, acima, leia-se ridículo. Sorry.

Anônimo disse...

EMPREGO OU ESCRAVIDÃO REMUNERADA:
Peço licença ao amigo Henrique Perazzi, colunista, blogueiro e professor, para fazer uma reflexão sobre o último artigo publicado em seu conhecido blog aqui na cidade o Mafuá do HPA, sobre o novo mega empreendimento inaugurado na cidade de Bauru, o Havan.

Confesso que desconhecia essa rede, não me recordo ter visto em algum outro lugar, mas é uma grande rede e agora chega a cidade. O amigo Perazzi escreve sobre o símbolo utilizado pela rede, a estátua da liberdade, é citado também sobre a arquitetura do local, nota-se no texto e nos comentários uma discussão em cima da estátua, simbolismos e tal, e aplausos aos empresários e por gerar cerca de 200 empregos.

Me espanta ver gente nos comentários defendendo esses mega empresários e pedindo para o município atrair mais redes assim, industrias, e naqueles moldes que falam sempre em isenção fiscal e etc. Acho uma pena também o amigo enxergar a estátua mas não os empresários e o que realmente envolve em questões sociais uma rede dessas.

Tudo hoje no mundo do empreendimento capitalista parece ser lindo e maravilhoso como tentam nos convencer, palavras lindas, geração de emprego, sustentabilidade e outras merdas mais. Devemos nos atentar que o capitalismo procura evoluir e criar adaptações para manter suas bases exploratórias e o lucro de uma minoria, a relação fordista não existe mais, deu lugar a uma nova, uma escravidão maquiada em forma de remuneração.

Antes, vale lembrar que o comércio é bem mais antigo que o capitalismo, há características próprias de comércio para classificá-lo como o praticado pelos detentores do capital, estes empresários não estão fazendo nenhum favor aos trabalhadores, muito menos melhorando suas vidas, o trabalhador está vendendo sua força de trabalho, alienando-se para promover o lucro a estes empresários, trabalharão duro horas e horas, domingos e feriados, terão seus poucos "direitos" trabalhistas desrespeitados, sofrerão com a fraude do chamado banco de horas, ficando a mercê do patrão e sonhando com a vida como dos patrões, vida que nunca terão. Trabalho árduo para fazer viver os que não trabalham.

E mais o impacto social também que causam nas famílias de pequenos comerciantes estas grandes redes, sempre costumo pegar o exemplo do Ulisses um açougueiro por décadas aqui no bairro onde moro, era ele e a esposa, levava uma vida muito legal, muitos clientes, quando começaram a vir grandes redes de supermercados, atacadões para a região, aconteceu o óbvio, queda na clientela e o fechamento de algo que era a vida deles, décadas encerradas, sabem onde está o Ulisses hoje?? Para não morrer de fome, está trabalhando no açougue de uma das lojas dessas grandes redes de supermercado, foi vender sua mão de obra ao empresário "legal" gerador de empregos e "prosperidade" para os trabalhadores, Ulisses tem hoje o que comer, mas a vida que tinha, não tem mais, é algo que ficou distante num passado, trabalha muito mais horas por dia do que antes e nem se compara o que ganha hoje e o conforto, mesmo que pequeno, mas que conseguia dar antes a sua família, alguma educação e saúde de qualidade.

CONYINUA

Anônimo disse...

Conversei muito com ele, hoje tem plena consciência que de amigo o patrão não tem nada, as vezes ainda recebe atrasado o seu vale, dentre outros direitos desrespeitados, e olha que é uma grande rede, mesmo podendo reclamar no ministério do trabalho, não o faz como a maioria dos trabalhadores explorados, porque está preso a esta escravidão remunerada, se gritar está fora, mesmo com seus direitos e dará lugar a outro a ser explorado.

Nós temos a consciência, o idealismo e condições de criticar e denunciar tudo isso, por que esse medo em enfrentar o empresariado?? Por que o medo em sair deste ridículo senso comum que nos enfiam goela abaixo de que estes empreendedores são algo benéfico a sociedade?? São estes mesmos endinheirados que financiam campanhas eleitorais, fazem lobby e amarração com políticos, que não pagam impostos e ainda pedem por benefícios para instalarem seus suntuosos estabelecimentos e industrias, sempre com essa alegação canalha.

Quem paga o grosso do município é o povo, a massa explorada, não esses merdas, agora vai alguém na prefeitura pedir isenção fiscal ou desconto no IPTU alegando estar comprometendo as despesas da família e ameaçar mudar de cidade como fazem estes chantagistas empresários pra ver o que acontece, nada, vão mandar você se foder.

É o que venho dizendo, se não expressar a crítica ácida, o questionar, pensar, denunciar o capitalismo, eles continuarão a colocar estas péssimas ideias na cabeça das pessoas, que tudo é lindo, e um ambiente diferente não conseguiremos criar, por omissão dos que podem e devem colocar o dedo na cara dos canalhas.
MARCOS PAULO - COMUNISMO EM AÇÃO

Anônimo disse...

Henrique passo na frente do imperialismo Americano confesso que fiquei horrorizado com o feito estava esperando alguém ou algo se manifestar, Parabéns querido amigo!!!
Kyn Jr

Anônimo disse...

Ridículo, mas representa bem a empresa, puro capitalismo!! E chama só um pouquinho a atenção rs
Bruno Lopes

Anônimo disse...

Porque será que a política nunca deixa as pessoas se expressarem de uma forma natural!Onde todos só enxergam as coisas e as colocam como querem.......Pena porque as coisas poderiam ser mais fáceis é muito cacique pra pouco índio!
Lígia - Reginópolis