segunda-feira, 20 de junho de 2016

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (131)


FAZER 56 NÃO É BRINCADEIRA - O DIA DO NASCIMENTO É 23, MAS O FURDUNÇO COM AMIGOS FOI ONTEM

A coisa foi acontecendo de um jeito tão natural, que nem sei como chegou a se concretizar de fato. O que sei é que a mafuá ontem esteve lotado. A Ana Bia Andrade diz que contou até uma certa parte da tarde e já tinham 45 pessoas, mas outras chegaram. Umas se fora mais cedo e outras ficaram até o fim. Foi um encanto de tarde/noite.

O mafuá, como sabem era a antiga residência do meu finado pai, Heleno, falecido 40 dias atrás e desde uns oito anos, meu escritório pessoal, reduto de minhas preciosidades. Aquilo tudo que não tenho onde levar, acaba tendo seu destino em algum canto do mafuá. Ele acabou ocupando ao longo dos anos um espaço muito maior do que imaginei no começo, ou seja, quando oito anos atrás, separado resolvi voltar a morar com meus velhos. Cuidei de minha mãe e depois de meu pai. Acompanhei eles até o fim e hoje, Ana e meu filho, o Henrique Aquino prometem fazer o mesmo comigo. Já inspiro de cuidados,sei disso, quero ver.

Hoje mais mafuá do que nunca, o que restou de uma brava e conspiratória enchente continua armazenado, aguardando um melhor tratamento, mas tudo ali, no mesmo local. Com o tempo prometo organizar tudo, pois agora tenho mesmo é que me organizar no meu mestrado. Depois penso no resto e até no restauro da casa. O fato é que meu pai se foi e tudo ficou mais triste. Meu cão, o Charles passou semanas na maior tristeza e aquilo também me fez não mudar nada por aqui. Ana entendeu. Minhas coisas não cabem no apartamento onde moramos, nem as dela aqui. Pior, ela nem pensa em vir morar na beira de um rio e meus bagulhos não cabem por lá. Continuamos como dantes, mas eu tentando permanecer mais ao lado dela, afinal meus horários já são muito mais flexíveis. Ou melhor, nada mais é tão sério assim e até o país perdeu o último ar de seriedade quando golpeado pelos brucutus do neoliberalismo nativo. Com tudo de pernas para o ar, tento manter um ar de inexistente normalidade. Eu mesmo finjo ser sério.

E daí, como estou às vésperas de fazer 56 anos e sem muita grana nos bolsos, vendi a ideia para amigos e amigas de que abriria o reduto do mafuá para visitação geral, desde que e ajudassem a bancar uma festança. E assim foi feito. Festa compartilhada é o que há de bom nesses bicudos tempos. A gente convida só os que cabem na casa e estipula a facada: tragam uma bebidinha e alguma carne. Fui correspondido e tudo deu muito certo. Nem sei como agradecer os que vieram e nem sei como me desculpar com os que não convidei. Nem sei os critérios usados para fazer uma lista, nem sei direito como contataram todos e o fato é que a casa encheu ontem.

Claro que muitos amigos (as) aqui não estiveram e antecipadamente me desculpo. Justifico dizendo ter sido um primeiro ato, numa peça sem fim e com muita água ainda a passar por debaixo dessa ponte. Dizem que vai ter uma Festa Julina pela frente ocupando o campo defronte a mansão mafuenta. Não tenho a mínima condição de escrever de todos os que lá estiveram, pois com certeza vou me esquecer de alguns e todos são importantes nessa minha atribulada vida. O gostoso de viver num país como o Brasil de hoje, querendo assumir uns ares de maldade no ar é saber estar rodeado de gente que pensa e age igual a ti, luta por mundo verdadeiramente melhor e vive na luta. E mesmo assim encontra tempo para se encontrar, festar, conversar e conspirar juntos. E não tem ódio nas ventas e nem veste verde-amarelo de forma a provocar os do lado contrário.

Eu adoro meus amigos e boa parte deles passaram ontem pelo eu mafuá. Quem não conhecia o local, agora sentiu o ar da desorganização no ar. Vi no olhar de alguns o espanto, noutros algo assim, "isso aqui é a sua cara" e noutros indiferença, mas com certeza pensando lá com seus botões: "não viveria num lugar desse jeito". Tenho livros espalhados pela casa toda, papéis e mais papéis, escritos, quadros, discos, desde LP e CDs e daí não sei como cuidar de uma casa, tendo tanto coisa para olhar, ver, ouvir e ler. Fico dividido e esqueço de que o lugar necessita de reparos. Vou vivendo e daí, percebo já terem se passado 56 anos de minha vida.

Ontem dividi a festa com outro aniversariante, o Nicola Augusto, marido da Silvia Regina e pais do Regis Augusto, todos lá do Rasi. Ele fez aniversário ontem e juntamos os trapos, festando aqui. Acho que deu tudo certo, pois convidados de um e de outro se deram muito bem. Vejam a cantoria como foi: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/1332720170091322?pnref=story. Tenho muito mais o que falar e dizer, mas encheria demais o saco de vocês. Sou assim, um desconsertado na vida e nem sei como a Ana Bia Andrade, consegue ir tocando o barco comigo nesses já quase sete anos juntos. Somos felizes, sou feliz, sempre ao meu modo e jeito. Não precisamos de muitos salamaleques para viver bem, fazer as coisas que gosto e estar ao lado de pessoas que me fazem bem. Hoje mesmo, dia seguinte da festa, uma linda pessoa me liga, Audren Ruth, quer me dar os parabéns e quando antes da despedida me diz um "você merece" eu me derreto todo. Chego a acreditar que sou um cara legal, desses que se pode confiar e botar a mão no fogo, mas não por todo mundo e nem por todas as causas. Tenho meu lado, já conhecido da maioria dos que comigo convivem. Nem tentem me mudar, pois não dará certo. O melhor mesmo é convivermos numa boa, pois como não acredito numa outra vida num outro lugar, tenho que fazer e acontecer aqui e nesse mundo.

ISSO ACONTECEU NO MAFUÁ ONTEM...::

https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/1332956663401006?pnref=story
Sabe oi que é um ilustre visitante carioca, o Dantas, vindo lá do Encantado, bairro suburbano carioca e depois de conhecer em São Paulo uma bauruense acaba aqui aportando e fixa residência. Tempos depois conhece o Alemão da Kananga Do Alemão e dona Cleusa Madruga. Passam a tocar umas "coisinhas" juntos e ontem, lá numa festança que me fizeram (a mim e ao Nicola Augusto) pelo meu aniversário no próximo dia 23/06, juntam-se a um arretado pernambucano, com quase quarenta anos de Bauru e também com passagens pela Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Leonardo de Brito. Jorge Alves Viana gravou tudo e agora me faz chorar toda vez que revejo a belezura da cantoria. Dessa união mais que imperfeita, o Dantas relembra um samba citando vários bairros cariocas que deixaram de existir com um nome e foram ocupados por outros. Zeca Pagodinho cantou isso maravilhosamente em um dos seus CDs. E isso foi cantado ontem lá no quintal do mafuá, dessa peças para serem gravadas e imortalizadas. E por sorte, o fizeram bem ao pé de entrada, ou seja, entrada principal do Mafuá, ontem sacramentado como reduto de morada de boa música com a cantoria deles todos com essa "Sapopemba e Maxambomba". Foi um luxo demais para mim isso ser cantado na porta de casa. Petrifiquei na hora e só agora estou voltando ao normal. Sintam a letra e me digam se tenho ou não razão. Rogo aos poetas de Bauru, como meu querido Lázaro Lazaro Carneiro Carneiro, para fazer algo com os bairros de Bauru. Acompanhem a letra e a cantoria dos meus queridos amigos (quem tem amigos assim vive muito mais e sempre feliz):
Tarietá hoje é Paracambi
E a vizinha Japeri
Um dia se chamou Belém (final do trem)
E Magé, com a serra lá em riba
Guia de Pacobaiba
Um dia já foi também (tempa do vintém)
Deodoro também já foi Sapopemba
Nova Iguaçu, Maxambomba
Vila Estrela hoje é Mauá (Piabetá)
Xerém e Imbariê, mas quem diria
Que até Duque de Caxías
Foi Nossa Senhora do Pilar
Atualmente a nossa velha baixada
Tá pra lá de levantada
Com progresso que chegou
Tá tudo "Olinda"
O esquadrão fechou a tampa
O negócio é Rio sampa
Grande Rio e Beija-Flor
Morreu Tenório
Terminou sua Epopéia
E Joãozinho da Goméia,
Foi Oló, desencarnou
Naquele tempo
Do velho Amaral Peixoto
Meu avô era garoto
E hoje sou quase avô

do HPA (ainda em estado de graça)

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