sexta-feira, 11 de novembro de 2016

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (114)


DUAS HOMENAGENS PARA DEIXAR O MAFUENTO DE QUEIXO CAÍDO

CASO 1 - O MAFUENTO É REVISITADO NUM GIBI DE FINAL DE ANO
Esse mafuento do mau agouro, um tal de HPA é mesmo da pá virada e na semana passada foi homenageado pelo amigo João Neto Felix com um bar lá perto do Motel Kibutz (melhor lugar não poderia ser...) , o LADO B, alusão aos personagens publicados ao longo do tempo e já quase alcançando a cifra do milésimo. Quase cai das cadeiras (e olha que aqui no mafuá elas não são nada reforçadas) ao tomar conhecimento da reverência, para mim, muito mais importante do receber um Título de Cidadão Bauruense. Eu, que faço tudo meio despretensiosamente, acabo acertando em algumas vezes e nessa, acabo sendo laureado com a nomenclatura em um bar, que doravante, nem fiado posso fazer. Tenho que fazer tudo à vista, até para fazer jus a homenagem, não lá muito justa.

Pois bem, vou falar no finalzinho da semana passada com meu amigo Gonçalez Leandro para providenciarmos mais um Guardião, o super-herói bauruense e vejo lá em cima de sua bancada de trabalho algo com a minha cara. Era uma surpresa e a desfiz ali naquele momento. Ele me conta tudo. Está finalizando um gibi de final de ano com personagens reais, ou seja, alguns frequentadores de seu ambiente de trabalho, o ateliê do artista do traço. E dentre os personagens, eis que esse mafuento HPA está lá representado comigo mesmo, de carne e osso (ais osso que carne). Conta rapidamente que sou uma espécie de fotógrafo, o registrador das pessoas que estão sendo abordadas e, de uma certa forma, homenageadas.

Babei na fronha, me desmilingui ali mesmo e sai de lá todo mijado, com aquele líquido quente escorrendo pelas pernas. Foi muita emoção e não me contive. Ainda bem que fiquei só na urina e não me borrei todo, pois até poderia fazê-lo tal o contentamento do que vi ali sendo preparado naquela mesa. Gonçalez é um batalhador e faz tudo na maior raça, sem patrocínios e bancando tudo o que lhe vem à cabeça do próprio bolso. Um lunático, sonhador, mas ainda conseguindo, Às duras penas, ir produzindo e publicando. Disse que o gibi sai em dezembro e tem muito mais gente para ser homenageada. Conta em detalhes algo de pessoas simples, dessas que podem passar desapercebidas pela maioria dos mortais, mas não das sensíveis pessoas. Não conto mais dos demais, pois não quero estragar a surpresa do que vi sendo ali preparado.

Escrevo essas mal traçadas movido pela emoção. Não sou mais jovem e a cada novidade desse naipe meu pobre corpo, maltratado por anos a fio de intempéries nos desvios da vida, sofre mais e mais abalos. Os cafunés de dona Ana me reavivam para a vida ainda a ser vivida e caindo na realidade, volto aos meus afazeres diários, não sem antes agradecer ao João Neto Felix e ao Gonçalez Leandro pelo mimo de inestimável valor. Que mais posso pedir a esses meus amigos, muito mais valorosos do que todos os que me subestimam e me arvoram como chato, escrevinhador de besteiras, inapetente na escrita e tudo o mais. A felicidade anda comigo e, pelo visto, não quer me abandonar e nem esse maldito golpe e seus patrocinadores irão conseguir destruir essa minha áurea libertária.

CASO 2 - JOÃO FÉLIX NETO, CONSTRUTOR LADO B E AGORA COM BAR ASSUMINDO ISSO TUDO

Após começar esses escritos mafuentos em 2007, depois de um certo tempo me dei a produzir perfis de pessoas da cidade, mas na maioria das vezes os seus personagens mais simples, todos com belas histórias de vida. Os denominei de Lado B e hoje estou perto dos 900 (ano que vem devo chegar ao milésimo perfil). Não existe reconhecimento maior do recebido nas ruas, quando me sugerem novos nomes, acrescentam algo mais às informações que possuía, apoiam, sugerem, criticam, ou seja, me ajudam a continuar produzindo mais e mais. E de vez em quando ainda me acontece um algo mais, como nessa semana, como um digno Lado B de Bauru me escreve isso: “Henrique. Saudações, Ando sumido , por justa causa. Resolvendo a vida e buscando caminhos alternativos , para um ser que já fez de tudo , venho humildemente solicitar autorização para plagiar um de seus escritos e mais que isso prestar meu apoio se assim desejar. Primeiro , vendi o carro para continuar pagando as contas, e o pouco que restou estou tentando montar um buteco muito simples. Fica na av. G Ferreira , uma quadra abaixo do motel Kibuts, e pretendo utiliza como nome "LADO B". Além disso gostaria que me ajudasse a montar um painel na parede , com suas matérias, incluindo imagens e reportagens. Se tudo correr bem quero começar a funcionar até quarta. Se quiser conhecer o lugar, a gente combina. Como estou nessa correria , tê sem horário fixo. Mas aviso, será simples , em virtude de nossas limitações $$”.

JOÃO FÉLIX NETO é um dos tantos que labutam na vida e não desistem dos seus sonhos, todos construídos coletivamente. Filho de um velho militante bauruense, seu João Félix, cresceu acompanhando o pai, um retinto nordestino enraizado lá na Nova Esperança. Durante quase a vida toda exerceu o ofício de pequeno construtor, aquele que consegue a empreitada e junta uma turma de profissionais e vai executar o serviço. No seu caso, pega no pesado junto aos demais. Toca a vida assim e quando a coisa aperta é obrigado a reinventar um algo novo. Com posições políticas bem definidas, esquerdista consolidado, isso algumas vezes atrapalha na confirmação de novos serviços. Agora mesmo, crise nas ruas, vende o carro e monta um bar, o “Lado B”, algo bem a sua cara. E nisso aposta todas suas fichas e bota fé, coragem e disposição. João possui a coragem dos seus, a vitalidade para resistir às intempéries dessa vida e a ir se safando ao modo e jeito que só quem é do povo sabe fazer. Esse não se deixa vergar e ser levado por ondas outras, não se vende. Isso por si só já o diferencia de tantos outros, mas a altivez com que empreende a luta por onde passe, o torna alguém mais do que especial. Que o uso do Lado B lhe dê bastante sorte e tudo dê muito certo nos planos traçados com o novo empreendimento. Envaidecido, escrevo e deixo meu mais que forte abraço para esse João lutador.

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