quarta-feira, 16 de novembro de 2016

BEIRA DE ESTRADA (70)


ALGO SOBRE ALGUNS IMÓVEIS EM PETIÇÃO DE MISÉRIA
As questões de defesa do patrimônio histórico são relegadas a um plano secundário diante da quantidade de problemas para uma administração pública executar. Lamentável, não só também deixar de discutir esses assuntos, como tudo o mais, pois quando tudo é tratado com a devida seriedade, sempre sobrará espaço e pessoas dedicadas para buscar solução para todos nossos problemas. Escrevo de tudo um pouco e não me furto de opinar sobre variados temas. Alguns declino, pois não possuindo competência para discorrer sobre eles, deixo para especialistas. Do contrário, falo, escrevo e sou lembrado.

Semanas atrás uma equipe de reportagem da TV Unesp Bauru me convidou para com eles circular por alguns dos ditos imóveis localizados no centro da cidade e em "petição de miséria", ou seja, caindo as pedaços. Escolheram alguns que já estão tombados ou em processo de e lá fui numa manhã de sábado percorrer e discorrer algo do que sei sobre a situação dos mesmos. A lembrança me enche de orgulho, pois fui presidente do CODEPAC por 4 anos e por 8 fui conselheiro, numa época onde as discussões ocorriam de forma ampliada, também as deliberações. Isso já se passaram mais de 8 longos anos e, para minha surpresa, vez ou outra me chamam.

Dessa feita começamos pela Casa dos Pioneiros, ali na rua Araujo Leite. Essa uma espécie de cancro encruado ali no centro da cidade e bem defronte o salão de cabeleireiro do seu Pernambuco, entre a Timbiras e a Nuno de Assis. Essa casa foi desapropriada pela Prefeitura, mas o valor ainda não aos seus herdeiros. Justificativas existem para a morosidade. Falo disso tudo e ouço Pernambuco, mais de 30 anos ali bem defronte a casa em escombros. O poder público tem até um projeto já idealizado para o local, mas sem esperanças de ser efetivado, diante da atual situação. Uma real possibilidade surgindo do nada no horizonte é a de empresários de Bauru assumirem esse papel, numa parceria possibilitando fazer o que o setor público n~çao fará tão já. Mais não falo disso para não melar algo sendo discutido.

Depois fomos para a quadra dois da avenida Rodrigues Alves e lá dois hotéis com suas portas lacradas por cimento e tijolos. Tudo abandonado e sem perspetivas. No Estoril, hoje lacrado, mas constantemente arrrombado e com merda pelas paredes. Um vizinho, dono de uma loja de móveis usados já tentou comprar e restaurar, mas os proprietários, a Sociedade Beneficência Portuguesa preferiram não fazer o negócio e tudo permanece por mais de dez anos entregue ao mais completo abandono. No outro, o antes majestoso hotel Savastano ocupando a esquina da Rodrigues, ponto de convergência por décadas de todo tipo de viajantes. A família quer vender, mas espera que a região se revitalize quando a Estação da NOB for retomada por inteiro e entre os herdeiros também existe uma discórdia. Tudo empacado, fazendo com que o empresário ali no quarteirão desabafe: "Tombar para que, se não nos ajudam em nada a resolver essa feiúra desse quarteirão".

Fomos por fim para a Sete de Setembro e lá um prédio em escombros, o da Sociedade 9 de Junho, antigo local de reunião de ferroviários que em suas instalações fizeram história, tendo um local para chamar de seu. O tempo passou, o processo foi iniciado e antes de ser cedido para a ATB - Associação Bauruense de Teatro um incêndio causado por moradores de rua colocou tudo a perder. E tudo foi lamentavelmente jogado pra estaca zero, pois seus proprietários, a Sociedade São Vicente de Paula não possuem grana para fazer nada ali. Na mesma quadra, a famosa Casa do Pelé. Inicialmente foi decidido que não deveria ser tombada, mas anos depois, o mesmo CODEPAC decide abrir o processo, só que antes disso o atual proprietário foi lá e derrubou tudo, hoje só restando um terreno vazio com mato crescendo. E daí, o que acontecerá sobre isso na sequência. Se punirem, o proprietário, alguns poderão alegar dureza e se nada for feito,m um belo precedente para outros fazerem o mesmo.

Essas são algumas questões sobre esse instigante tema do Patrimônio Histórico, que nem sei se a TV Unesp já levou ao ar. Não achei nada no site deles, daí me antecipo e digo algo do que virá por aí.

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