sábado, 27 de agosto de 2011

CARTA (70) e CENA BAURUENSE (85)

SEXTA EM TRÊS MOMENTOS: CARTA NO BOM DIA, MST NA CÂMARA E JAIR COM NINO NO SESC
Sexta, ontem, foi um dia agitado e tanto. Amanheço com terçol, olho empapuçado e com dores. Logo de manhã ao abrir o BOM DIA, uma carta de minha lavra é publicada em resposta ao que havia lido no dia anterior, no editorial do jornal. Rebato o que havia lido e com um argumento salutar, vamos discutir melhor o assunto. Leiam minha missiva: “TIRANIA CORTEJADA - O editorial “Nossa Opinião” do BD de ontem, 25/08 comete erros grosseiros. Não dá para colocar no mesmo balaio as ditaduras cruéis e sanguinárias do Egito, Síria e Líbia ao lado do que ocorre em Cuba. Na pequena ilha um embargo e algo valoroso, de pura resistência. Um povo com muita escolaridade, saúde impecável e sem fome, algo inimaginável em qualquer outro do mundo capitalista. O Brasil de Lula cortejou a Líbia, Síria e Irã, com interesses comerciais. Outros tantos o fazem com piores ditaduras, como com a Arábia Saudita, sem o mesmo rigor de cobrança. O Brasil não contraria os EUA, ele é soberano e livre, algo impensável até anos atrás. O país que mais desrespeita os Direitos Humanos mundo afora são os EUA. Saímos sim, de duas cruéis ditaduras internas, mas vivemos outras, pouco tocadas, a econômica, onde existe tudo, mas poucos podem usufruir disso e a da informação, quando grupos familiares colocam em circulação somente o que lhe interessam, sem nenhum apreço se isso é a informação correta. Essas precisam ser combatidas já, pois formam gerações de pessoas com a mentalidade distorcida e falseada de sua realidade”.

Na parte da tarde, uma escapada mais do que rápida e vou ver, para mim, um dos grandes acontecimentos do dia, o Encontro na Câmara Municipal, proposto pelo vereador Roque Ferreira, com trabalhadores rurais ligados ao MST e suas lideranças, logo após serem desalojados de uma fazenda em Borebi, ocupada ilegalmente pela Cutrale, propriedade da União, mas que juízes insistem em favorecer o sucoleiro e não os trabalhadores. Gente em vermelho, bandeiras do movimento ocupando todos os dois lados da praça D Pedro II e dentro da Câmara gente a desfilar o rosário das desventuras da luta pela reforma agrária no Brasil. O que mais me chama a atenção foi o comentário ouvido de alguém envolvido com a organização do movimento: “Acredite que um assessor local veio me chamar de louco por trazer esse pessoal cheirando ruim aqui para dentro”. O povo cheira e isso incomoda, esse pior ainda, pois cheira e cutuca, instiga e cobra o que lhe é de direito. E esses têm medo, pois vejo que a direção da Câmara coloca um PM na porta da sala da presidência. Acharam que o local seria também ocupado? Como gosto de ver as ações do MST, nosso único movimento social em funcionamento. O caso de Borebi merece um destaque maior, pois ali o próprio Incra não se cansa de falar que as terras não pertencem ao grupo Cutrale. Mas as decisões da Justiça continuam lhe sendo favoráveis. Até quando? Do acontecido, digo que me serve como injeção de ânimo, ver a ação desses bravos brasileiros, como essa linda senhora na porta da Câmara, ela vinda de Ilha Solteira, um alento de que nada ainda está totalmente perdido. Da tribuna ouço um dizer: “Vamos conquistar as Câmaras da região com a nossa causa e levar atos iguais a esse pela região, diminuindo o conservadorismo existente por esses lados do Estado”. Acho difícil, um sonho e Bauru um caso a parte, pois possui um vereador como Roque (só ele estava lá, nenhum outro foi conquistado para a causa) e assim se sucede na região. O conservadorismo prevalece e a olhos vistos. Mas, por sorte, o MST não desiste. O MST com seus atos me faz ganhar o dia, me recarregam a bateria.

No JC de ontem estampado em sua primeira página algo sobre um show a acontecer na cidade. Foto grande de um encontro de sertanojos, duas duplas, como se isso representasse algo de valioso. O bom mesmo foi noticiado pelo jornal numa página interna do seu caderno cultural, a terceira, o show “O Fino da Bossa e sua História – Adylson Godoy convida Jair Rodrigues e Adriana Godoy”, revivendo um memorável encontro entre Jair e Elis ocorrido nos anos 60 e sob a batuta de Adylson. Sem foto na capa é para lá que fui, pois isso sim pode ser considerado um encontro de Titãs. O SESC estava bombando, ótimo. Do piano de Adylson e sua banda tudo de bom, de Jair improvisações mil e de Adriana uma voz a ser escutada com mais esmero. Eu, Aldo Wellicham, Ademir Elias, Wellington Leite e esposa gostamos mesmo é do momento em que Jair chama ao palco um tal de Nino, morador de Jaú e ficamos sabendo que foi ele o grande incentivador de sua carreira. Show terminado vamos conhecer o Nino, um nada modesto prof dr Antônio Galdino Grillo, professor Nino de Redação e Letras, baterista com uma história monumental, já tendo tocado com Dick Farney e até com Dizzy Gillespie. Escala de memória um timaço do XV de Jaú dos anos 60 e trocamos figurinhas até quase os funcionários apagarem a luz. A professora Ana Guedes também foi prestar reverência ao melhor momento do show. Ele merece um alongado escrito só para ele e o farei em breve, após conhecer mais sobre essa pessoa a me fazer ganhar a noite. O show que era do Adylson foi transformado na noite do Nino. O gravei em dois momentos. Um apresento aqui e agora, o outro para breve.
Obs.: As fotos todas são minhas e tiradas na Câmara de Vereadores e no SESC.

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Henrique!
Faltou a frase lapidar da noite, dita pela Adylson: "O SESC é o verdadeiro ministério da cultura desse país".
Verdade pura, né?
Abração
W.Leite

Anônimo disse...

Nesta sexta-feira 26/08 no SESC aproximadamente 1.800 pessoas tiveram
o privilégio
de assistir um dos maiores shows da Música Popular Brasileira, do
nosso bauruense
Adylson Godoy, cantor, compositor, pianista, contador de piadas, com a
sua filha, a cantora,
a bela Adryana Godoy, e o eletrizante, endiabrado como sempre, Jair Rodrigues.
O SESC apresenta : Adylson Godoy convida Jair Rodrigues. E o Jair
comparece com muito samba no pé.
Foi um verdadeiro replay do Teatro Paramount de São Paulo, em 1966, do
Fino da Bossa 2,
com a apresentação da saudosa Elis Regina & Jair Rodrigues, acompanhados pelo
Zimbo Trio do Adylson Godoy. O Jair Rodrigues apresentou à todos que
lá estavam, o cara
que o lançou no mercado fonográfico brasileiro & mundial : Nino,
Jauense formado em letras,
torcedor do "Galo da Comarca", e que veio ao mundo com dotes musicais
incriveis. Enfim, 3 lendas vivas da MPB.
O público os aplaudiu entusiasticamente, do começo ao fim do espetáculo.
Parabenizo ao SESC, que como sempre brinda a população bauruense & região, com
artistas de classe internacional. (Aldo Wellichan)

Anônimo disse...

Henrique

Escreva mais de pessoas igual a esses dois últimos, o radialista argentino e esse baterista, o Nino. Histórias como essas levantam o astral de qualquer um num domingo frio, gelado e com chuvisco lá fora.

Ragina Maria

Mafuá do HPA disse...

Meus caros e caras:

Cheguei hoje de uma viagem de cinco dias por aí e ao dar uma espiada no monte de jornais acumulados aqui em cima da mesa, me deparei com uma carta, publicada dia 28/08, domingo, na seção "A voz e a vez do leitor", com o título:

PARCIALIDADE
Comentando sobre a esquerda, nesta coluna do leitor, o nobre professor HPA se mantém parcial, defendendo o indefesável. Atualemnte, já sabemos como se move a ditadura dos Castros, em Cuba, e nosso ex-presidente Lula mantém laços com essa e outras ditaduras do mundo. Em Cuba, por exemplo, o povo recebe uma cesta alimentar básica, e na metade do mês sobram somente batatas para comer. Nas alfândegas, há corrupção aos turistas, devendo estes "deixarem" algum presente para poder ultrapassar as catracas, mesmo estando todos os documentos em ordem. Então, Cuba e a política de esquerda de outros países pseudo-socialistas (China, Coréia do Norte, etc), não são essas maravilhas. Digo, ainda, que embora haja certa imponência dos EUA no trato com essas políticas, parece-me de melhor efeito mantendo estados democráticos pelo mundo. Assim, o Brasil está errando em defender esses estados autoritários, principalmente sob a alegação de que esteve defendendo o lado comercial do país, porque os direitos humanos estão acima de qualquer alegação hipócrita.
Aparecido Doniseti Francelin - aponsentado

Resposta do HPA - Como responder a tanta desinformação juntada numa só resposta. Esse senhor demonstra exatamente o que respondeu Sócrates, o jogador de bola ao repórter da Folha SP, quando questionado sobre Cuba e já reproduzido em texto aqui dessa semana: "Conhecemos quase nada de Cuba e nos metemos a dar pitacos como se entendidos fossemos". Não dá para discutir com gente que não quer enxergar um palmo diante do seu nariz. Seria chover no molhado, mas se pessoas iguais a ele quiserem fazer um debate, cara a cara, podem escolher o lugar e a hora, que topo todas. Mas que venham preparados e sem essas bazófias sem sentido.

Henrique - direto do mafuá