domingo, 30 de junho de 2013

FRASES DE UM LIVRO LIDO (70)

AS RUAS DE HOJE E A COMPARAÇÃO COM “BOCA DO INFERNO”, ROMANCE DE ANA MIRANDA

Gosto de ficar sempre reafirmando que as mazelas desse país estão aí latentes desde a Colônia. As grandes transformações que esse país tanto necessita são sempre impedidas de acontecer por causa de uma cruel e insana “casa grande”, tratando o resto do país como “senzala”. Sempre foi assim, hoje só uma repetição de ontem e de anteontem. Como hoje é domingo, achei na estante da parca biblioteca do mafuá, um livro que li há tempos, o ‘BOCA DO INFERNO’, da excelente cearense ANA MIRANDA (Cia das Letras, 2004, 336 páginas) e lá uma amostra de como as crueldades todas permanecem intactas. “Numa suave região cortada por rios límpidos, de céu sempre azul, terras férteis, florestas de árvores frondosas, a cidade parecia ser a imagem do Paraíso.
Era, no entanto, onde os demônios aliciavam almas para povoarem o Inferno”, diz a autora no epicentro da trama do romance. Falta ainda ao Brasil algo parecido com a revolução Francesa. Nem isso ainda vivenciamos, tal a lei do chicote predominante desde o nascimento dessa nação. Quero exemplificar isso, conclamando todos à leitura desse belo livro ou simplesmente a essas poucas linhas a seguir. Elas são o texto da orelha, a apresentação do que venha a ser essa tal de Boca do Inferno. Escrita por Antônio Dimas, deixa claro que, numa comparação até simplista, o que a mídia brasileira prega hoje como ajustado para o país é a sua dependências a eles, conluio da retórica, do pieguismo e da hipocrisia. Leiam:

“Com Boca do Inferno, ambientado na Bahia, em plena efervescência mercantilista do século XVII, Ana Miranda restaura os cacos de um país popularmente tido como pacífico, substituindo essa mentira calcificada por uma de caráter ficcional, mais consentânea com a verdade histórica. O assassinato ao alcaide-mor é mero pretexto fabular para dividir em duas a sociedade baiana de então: perseguidores e perseguidos. O que interessa mais é a capacidade paradoxal que o evento carrega, porque desperta a vida naquela sociedade. Desencadeia-se o furo persecutório do pode restabelecido que não recua diante do ilegal e o ilegítimo para agarrar supostos culpados, cujo motivo único de suspensão advinha do uso constante da palavra incandescente. A perseguição intensa leva o leitor pelos meandros da política, dos conluios e dos conchavos, bem como pelas
vielas tortuosas de uma cidade (...), espelha de modo exemplar o sinuoso da vida colonial brasileira. Sob uma aparência de normalidade esconde-se um mundo turbulento, carregado de ambições, de falcatruas, de sensualidade, de religiosidade e de sexualidade desenfreada. Numa sociedade em (de)composição, o priapismo de Gregório de Matos encontra seu correlato tanto no furor verbal de Vieira quanto nas arbitrariedades sistemáticas da caterva do governador. Do antagonismo que se constrói entre ambas as facções surge um conjunto social em que o Poder identifica-se necessariamente com o Mal, porque dele não se espera outra coisa que a corrupção e a venalidade. Para combate-lo em seus excessos senão a esperança da Palavra. Da boca de Vieira, o verbo polido, desdobrando-se numa sinonímia infinita e espiralada que encontra paralelo inverso nas várias modalidades da prevaricação governamental. Da boca de Gregório, o jorro desmesurado de uma linguagem que, por aversão ao meio, não se peja de refleti-lo de modo espetacular. Daí seu caráter popular, porque mais rapidamente assimilável, o que gera o fastio externo da camada culta”.


Falta só o papel cruel da mídia para uma comparação exata e precisa. Só isso, nada mais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Li esse livro há uns dez anos e é isso mesmo. O que mudou da Colônia até aqui? Foi ameaçarem, darem valor, fazerem projetos voltados aos pobres, que a cambada de cima chama logo de assistencialismo e quer que tudo acabe. A classe média brasileira é tão cruel quanto os endinheirados. Os de baixo fazem o jogo sujo para os decima, igualzinho o livro retrata era feito no começo da história do Brasil.

Cristina Dias

Anônimo disse...

CLASSE MÉDIA É UM BOSTA.
COMEM FRANGO E ARROTAM PERU.
SE ACHAM
CRITICAM DILMA, MAS NÃO CRITICAM ALCKMIN
QUEREM DESTRUIR O PT E COLOCAR NO TRONO OS RICOS DESSE PAÍS, BANCADOS PELA GLOBO E PELOS TUCANOS.
O POVÃO DE VERDADE PRECISA SE LEVANTAR
COISA QUE AINDA NÃO FOI FEITO NESSE PAÍS DESDE O DESCOBRIMENTO
LUCAS