sexta-feira, 5 de junho de 2015

CENA BAURUENSE (135)


DOIS PERSONAGENS BEM DISTINTOS DESSA TERRA DITA COMO A CAPITAL DA TERRA BRANCA

1.) ESSO MACIEL, O DESABAFO DA ONÇA SEM O SEU BLOG E SE DIZENDO PERSEGUIDO
Escrevi dias atrás disso de escrever das pessoas e depois ir recebendo delas o retorno. Ontem quem me liga foi o performático ESSO MACIEL, nosso eterno ONÇA (“Onça é macho”, me diz ele no meio da conversa e pasmo, encosto a bunda na parede). Queria desabafar, ressentido por algo chato nos últimos dias. Primeiro um inesperado bloqueio no seu blog, o www.essomaciel.blogspot.com, com alguém trocando sua senha de acesso e ele não mais podendo incluir novos textos. Diz ter recebido comunicação informando sobre pornografia no texto e imagens, mas isso por si só não convence, pois pornografia mesmo existe aos borbotões na rede e tudo permitido. Talvez alguém entendido desse negócio informático pudesse ajuda-lo a sair desse enrosco. Mas o motivo da ligação é outro. Se diz perseguido por onde vá, pessoas o olhando atravessado e se indispondo com ele, causando os transtornos de dores e problemas que consequentemente possui. Acaba de sair de mais uma crise e pede para que poste algo sobre seu atual momento. Eis o depoimento:

“As pessoas me atacam gratuitamente. Fui fazer a vacina de idoso na última quarta no mesmo lugar que faço todo ano. As enfermeiras me olhando com ódio, agressivas. A paranoia começou. ‘Nós não vamos atender’, me disseram. Perguntei dos motivos e ouvi: ‘Voce é aidético e tem lugar especifico para atender pessoas assim. Tem que ir para o hospital e não aqui’. Elas nem sabiam se era ou não e não sou. Não arredei pé, escandalizei até que foram no computador e localizaram minha ficha. Tomei a vacina, mas cheguei em casa e me prostei. Mijava sem levantar, virava o corpo no penico. Sou um velho com mais de setenta anos. Pingava água na garganta com um conta gotas para não morrer de inanição e mal conseguia cuidar dos cães. Vivo para eles. Não quero que me passem por maluco, não sou. Tenho testemunhas de tudo. Dá a louca nas pessoas quando diante de pessoas iguais a mim. A Tatiana agora está acreditando em mim, pois coloquei a caçamba na calçada e deu a louca em alguns vizinhos. Publique isso para mim, pois estou impedido de postar lá no meu blog. Armaram contra mim, mudaram minha senha. Os viados de Bauru não querem que eu continue falando deles debochadamente com faço. Não posso perder cinco anos de publicação. Não posso passar nervoso como venho passando. Analgésico não posso tomar de jeito nenhum. Tenho toxoplasmose no olho, tenho que aguentar a dor gritando e sem tomar nada. A esofagite me mata, isso me emagrece demais e daí pensam que sou aidético, mas sou uma onça casta. Na hora em que estou ruim a espiritualidade abaixa em mim e me transforma. Lembra daquela minha alegria lá na festa do final do Festival de Teatro? Não era alegria, era performance da onça. Eu não aguento mais o ser humano. Quanto mais quero morrer, mais eu vivo. E se vivo é para continuar cuidando dos meus cães. Lá na festa tava cheio de viados, de tudo quanto é lugar do mundo. Eu sou um deles, estava feliz, os artistas colombianos se deram muito bem comigo, o Julio Hernandez me amparou o tempo todo, mas alguns debocharam de mim e também do Manuel Hernandez de Bauru. Até que não agenteI mais e desmaiei nos braços do Julinho. Estou vivo e danço. A realidade é essa. Ligo a onça e danço quando sinto algo de ruim, dou uma rugida bem forte e mostro o pau. Não era alegria, era revolta ou as duas coisas juntas. Onça é macho, ela não fica indiferente, nem quieta. Não vivo preocupado com sexo. Agora levantei de novo, mais de três dias em coma e já consegui lavar a sujeira de casa. Não posso continuar tendo esses surtos. Quero que saibam disso e me ajudem a continuar escrevendo eu mesmo no meu blog. Isso é a minha vida e quero que todos saibam quem eu fui, quem eu sou, o que fiz e preciso deixar isso registrado para que no futuro saibam disso. Quero salvar tudo o que já escrevi e ver como posso continuar escrevendo. Devo salvar tudo e passar para o papel ou para um CD? Eu até pago para alguém que conheça disso tudo me auxiliar. Faça isso por mim”.

Faço e publico.

2.) JOSÉ PEREA MARTINS PREGADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA
Tempos atrás escrevi da morte do professor Chamadoira num acidente de carro e hoje a morte de outro ilustre amante das letrinhas, um que, pelas coincidências da vida também estava no mesmo veículo naquele fatídico acidente. Uma coisa não tem nada a ver a outra, mas sim, somente o fato deles todos fazerem muito disso ao longo de suas vidas, ou seja, viajar pela aí promovendo ações culturais variadas e múltiplas. Hoje escrevo desse que fico sabendo de sua morte ao abrir o jornal e ver estampado na primeira página a triste notícia. Daí algo acometendo a todos nessas oportunidades: Mas nem sabia que estava doente?”. Pois bem, estava e se foi aos 84 anos.

JOSÉ PEREA MARTINS
foi dessas pessoas que fez de tudo em sua vida, um bocadinho de cada vez e muitas ao mesmo tempo. Como é bom tomar conhecimento de pessoas que se atrevem a desbravar várias especialidades, tornando-as não só possíveis, mas viáveis. Leio no jornal hoje, exato dia de seu enterro, já ter sido alfaiate, telegrafista, professor, advogado, agente administrativo, procurador jurídico da Prefeitura, empresário e por fim, algo mais difundido entre amigos, agente de turismo. Acrescento mais uma, escritor e divulgador da língua pátria. Sim, Perea circulou e muito pela região distribuindo essa manual da Nova Ortografia, obra escrita por membros da ABL – Academia Bauruense de Letras, da qual fazia parte. Lembranças dele e do também falecido Munir Zalaf com os livrinhos embaixo do braço e na estrada. Conto uma grata lembrança dele, essa em quase parceria. Corria o ano de 2009, eu e ele estivemos empenhados juntos da Secretaria Municipal de Cultura tentando conseguir viabilizar um Concurso de Marchinhas Carnavalescas na cidade. Ele bolou tudo sozinho, desde o regulamento, comissão organizadora, pensou no local, quem tocaria e instigava as reuniões. Fez de tudo, mas a coisa não vingou, saiu frustrado. Ele seguiu tocando outros projetos até enquanto teve forças. Essas lhe faltaram pelas complicações provenientes de um infarto. E lá se foi Perea (a foto dele é minha de 2009), um realizador, desbravador, desses que pegavam o touro a unha e iam tentando domá-lo ao seu modo e jeito.

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