sábado, 21 de dezembro de 2019

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (136)


HIPOCRISIA DO SILÊNCIO – ESSA É A BAURU QUE EU CONHEÇO

O escândalo financeiro na Cohab Bauru aconteceu pouco menos de uma semana, onde foi encontrado mais de R$ 1 milhão e seiscentos mil na casa do presidente da entidade, tudo devidamente fotografado. Ele acabou permanecendo solto e a partir daí algumas especulações, mas de registros via mídia mais nada. Vigora em Bauru a Lei do Bico Calado, ou do "quem tem __ tem medo". O que foi dito e revelado no dia é tudo o que se sabe. Especulações ocorreram, mas é como se nada disso tivesse acontecido e o rio segue seu curso sem nenhum percalço ou intercorrência. Vigora em Bauru velada Lei do Silêncio e ela vale pra tudo. É como se tudo já tivesse sido devidamente superado ou mesmo, nem tivesse acontecido. Não existe mídia investigativa na cidade, pois a maioria dos meios de comunicação locais estão entrelaçados com os donos do poder e esses, pelo que se vê preferem que tudo caia no esquecimento o mais rápido possível.

Vamos aos boatos rolando nas rodas de conversa espalhadas pela cidade. A dinheirama foi encontrada em espécie, dividida em malas e pelo que se vê nos vídeos e fotos divulgadas, parte do dinheiro estava separada em pequenos pacotes. Muitos se perguntam do motivo de tudo estar já dividido? Nada disso veio à tona. A rádio peão difunde a ideia de já ser divisão para a paga de políticos locais. Mera especulação. Isso foi aventado numa roda de gaiatos e na mesma roda, entre risadas outro disse não ser possível um montante como o visto pelas imagens (alguns contaram a grana só de bater os olhos na grossura de cada pacote) para políticos locais, pois esses se vendem por muito menos e o cacife deles não é assim tão alto. Algo é certo, a origem e destinação do dinheiro ainda é desconhecida, mas a certeza na boca dos especialistas de botequim é que, não seria meramente para políticos atuais. Nas rodas de conversa dizem de tudo, que grana dessa natureza abastece políticos desde muito tempo e se puxarem o fio dessa meada, castelos de areia iriam facilmente voar com o vento, várias administrações passadas. Especula-se nesses lugares algo ainda a ser descoberto: De onde vem e para onde ia a grana. Se político local se vende por muito menos, quando se vende, como ouvi sendo repetido nas rodas de conversa, o buraco é muito mais embaixo do que possa imaginar nossa vã filosofia.

Das perguntas ainda sem resposta vai-se direto para o cerne da questão: a Lava Jatinho bauruense foi desbaratada em partes, ou melhor, em drops, chupada (ou digerida) aos poucos e nesse primeiro capítulo, fotos na casa do presidente e tudo o mais sem resposta. O mesmo nem preso foi. Ficou sem a grana de origem duvidosa e continua em liberdade. A cidade carece de informações concretas e verdadeiras, pois a fofoca corre solta. Corria, pois tudo aqui por Bauru tem um prazo. O que era quente ontem, hoje não mais. Em menos de uma semana o tema já está caindo no esquecimento e daqui uns poucos dias, mais nada se falará do assunto. Assim como Caso do Mensalão da AHB navega em mares tranquilos, com seus mentores se safando maravilhosamente, esse caso atual faz relembrar o da grana recolhida no apartamento do filho do Daré, então proprietário da empreiteira Bauruense, tudo oriundo de grana de Furnas, Aécio Neves. Como ninguém mais fala disso pela cidade, logo mais, ninguém mais vai nem mais se lembrar do Caso Cohab, demonstrando o grau de imaturidade e insanidade dos escândalos neste país, todos nunca conhecido num todo. E os que dela se beneficiariam se fingindo de mortos.

Vá aos mesmos bares hoje e constate que, o que se falava dois dias atrás já é assunto superado. E assim com a memória curta e recebendo informações truncadas, fracionadas, segue o jogo por essas plagas.

VAI COMEÇAR O FUTEBOL...
Tantos motivos pra irmos pras ruas e só o fazemos com o futebol
"Ocorre que no Brasil viceja a religião da bola e o País continua de chuteiras. (...) Somente nessas ocasiões avulta a fé brasileira, o patriotismo das bandeiras e do hino em terra que muito pouco produziu fora dos gramados. (...) ...constatar que esse povo espezinhado só vai às ruas para torcer. Haveria de ter outras razões para tanto, mas elas se perdem diante da prepotência da casa-grande, da ignorância geral, da insensatez galopante", Mino Carta.

HPA, que também assistiu Flamengo 0 x 1 Liverpool e assim, faz parte da galera de chuteiras.

SÍMBOLO FOSFORESCENTE DE RESISTÊNCIA

Essa designação do título eu copiei de uma carta publicada na edição desse mês na revista Piauí, agora em dezembro nº 159 (tenho todos os números) e feita pela redação da mesma após ler de dedicado leitor, que além de a ler por inteiro, ainda a marca inteira com “algo excêntrico em mim, que trabalho ainda com marca-texto amarelo-limão”. Eu não saio para a rua sem portar num dos bolsos um caneta qualquer e junto dela o meu marca-texto, também com a cor preferida recaindo no tal do amarelo-limão. O costume de rabiscar e deixar grifado tudo o que leio é antigo e dele não consigo me afastar. Uma praga, pois todos os livros lidos lá no Mafuá eu vou marcando, como os cães machos fazem ao ir demarcando território, fazendo pipi por onde passem, principalmente nos postes, árvores e portões. Grifo tudo. Livros todos demarcados e minha coleção de revistas, todas com meu carimbo pessoal. Penso em consultas posteriores, quase nunca feitas, mas como o acervo é desde mafuento, tudo por aqui tem minha marca gravada a ferro e fogo.

Conto uma historinha por causa deste vício. Certa feita meu compadre, o ator Paulo Betti passou por Bauru e se engraçou de levar na viagem de volta de avião a revista que estava lendo, a edição da semana da Carta Capital. Ofereci de passar numa banca e lhe comprar uma nova, pois a minha já quase toda lida, toda marcada. O danado me deu a resposta a me encher de orgulho: “Quero essa, pois assim já irei sabendo o que mais gostou nos textos. Darei mais atenção exatamente no que foi grifado”. E levou minha revista, tendo eu que, não só comprar outra, como ler inteira, pois sem o grifo não seria a mesma coisa junto das outras.

Outra história, esse quando não podia grifar. Outra mania é a de juntar frases lidas nos livros e depois repassar para um caderno, tudo a mão. Havia emprestado um livro do Rubem Alves, da amiga Gisele Pertinhes, tendo encontrado frases aos borbotões e como não podia grifar com minha caneta marca-texto, coloquei um pontinho de caneta na frente de cada trecho. Terminada a leitura, ia copiando um por um para um caderno. Devolvo o livro e meses depois a Giselle me encontra e diz no meio de um monte de amigos: “Emprestar livro pro Henrique é um saco, pois volta todo cheio de pontinhos nas margens”. Não sabia onde enfiar a cara.

A última história é do furdunço acontecido no Mafuá, encontro de final de ano do bloco Bauru Sem Tomate é Mixto. Empresto livros do acervo, marco quem levou e o nome da obra num caderno e o danado vai viajar por uns tempos, como deve mesmo acontecer com os livros. Desta feita quem levou um foi a Amanda Helena e o escolhido foi um com crônicas da Marilene Felinto, dos tempos quando atuava na Folha de SP como colunista, pouco antes de ser demitida por, segundo eles, esquerdizar demais da conta nos seus escritos. Ela se interessou justamente por aquele pelo simples fato de ir lendo as frases grifadas por mim. Fiquei todo orgulhoso quando a vi mostrando o livro pro advogado Laércio Donizete Gasparini e ambos, lendo as frases todas em voz alta. Levou por causa dos grifos, pois me disse não conhecer a jornalista.

Sou assim e pronto. Cada um com suas manias. Essa uma das minhas, não das piores. Tenho outras, algumas inconfessáveis. Gostei demais do termo “símbolo fosforescente de resistência” e acho adequado para quem o usa como forma de ir grifando as coisas mais aproveitáveis que vai encontrando pela frente.

Um comentário:

Anônimo disse...

CORRUPÇÃO: UM NEGÓCIO LUCRATIVO DE BAURU

O mais recente caso de dinheiro em malas colocou Bauru novamente nos holofotes da corrupção endêmica brasileira. Corrupção é uma característica muito peculiar da cultura brasileira.
"Ah! Lá vem este chato falar de corrupção", dirão muitos.

O que é corrupção? Lava jato seria na atualidade sinônimo de combate à corrupção. Tolo engano. Lava jato nada tem a ver com combate à corrupção. Alguém vai dizer que eu estou delirando. Não é delírio. É uma constatação. Caso mais emblemático, a lava jato é um esquema ela própria de corromper o sistema político e empresarial com o intuito de tomar a grana fruto da corrupção para beneficiar uma casta tão ou mais corrupta do que as quadrilhas supostamente combatidas pela operação.

Não pode cair no esquecimento a derrocada política -- a jurídica já havia sido intensamente alardeada, mas as autoridades do judiciário se fizeram de mortas -- da força-tarefa do MPF da lava jato, comandada por Deltann Dallagnol quando da recente proposta de lavar o dinheiro oriundo do crime numa fundação sob controle do MPF. Uma fundação em benefício próprio da força-tarefa com os recursos recuperados por crimes promovidos por quadrilhas infiltradas na Petrobras. Fácil né.

De tão canalha está proposta, que rapidamente se mostrou ilegal, tão corrupta como a corrupção que Deltan diz combater com sua quadrilha da força-tarefa, atuando em parceria com o então juiz federal Sérgio Moro, agora chafurdando na corrupção da milícia bolsonarista com "rachadinhas" e tudo mais que envolve o governo de Jair Messias Bolsonaro, que se elegeu tendo como um dos princípios de seu marketing político exatamente o extermínio da corrupção.

Bauru sempre esteve na rota da pilhagem do dinheiro público. Muitas das vezes encrustada no prédio da Cerejeiras, sede da Prefeitura. De tantos casos, que vão se sucedendo em escala fabril. Não para. As malas com 1,6 milhão em imóvel da zona sul, de um esquema ligado à COHAB bauruense não mudarão em nada. É sabida a origem e seu destino provável. Manter tudo como sempre. A roda precisa girar.

De tão corriqueiro este tipo de corrupção, envolvendo políticos com o mundo empresarial, é natural que virou operação policial-judiciária. Diferente da atuação midiática de Deltan e sua força-tarefa lavajatista. Sem prisões. Sem condução coercitiva.

Foi um recado: "Sabemos o que vocês estão fazendo". Com está sinalização, restou apenas as fofocas sobre a qual esquema pertence este 1,6 milhão de reais. Quais os destinatários das centenas de maços de 100 reais? Tem um bando de hiena rindo nervosamente porque desta teta não sairá leite. Terá que chafurdar em outro terreno. Sim é isso mesmo. Se debelou apenas um esquema atuando na Sem Limites.

É apenas uma conexão com esquemas regionais e nacionais.
Ficou o alerta até a próxima quadrilha da Barra, Caixinha para Vereadores, Odontoma, Furnas-Aécio, Esquema na SEPLAN, Condomínio Pamplona e COHAB Bauru.

jornalista Ricardo Santana