domingo, 15 de dezembro de 2019

AMIGOS DO PEITO (168)


AS FÉRIAS DO LIVREIRO DA FEIRA

Meu camelô preferido de despediu de todos na feira em grande estilo. Levar livros para a feira em dia amanhecendo garoando não é tarefa das mais aprazíveis, pois papel, como é mais do que sabido não combina com água. Ele insistiu e montou sua barraca debaixo da proteção do toldo da Associação dos Aposentados, ali no largo da Feira do Rolo. A chuva dava uma trégua ele deslocava tudo novamente para os paralelepípedos e estava tudo exposto novamente, como o faz todo domingo. Pelos dois próximos o danado vai bater asas e nos deixará a ver navios. Declarou em alto e bom som estar tirando férias e junto de sua alma gêmea viajará conhecendo lugares por eles ainda não conhecidos. Carioca vive das expensas provenientes da revenda dos produtos oferecidos na feira dominical, desde livros, CDs, LPs, antiguidades e produtos descartáveis, como alguns que vi por lá hoje, como um amolador de facas, uma navalha com estojo, uma lata vazia de metal de panetone, um prato decorado com motivos chilenos e outras coisinhas.

Um batalhador, desses sabendo como poucos tirar leite de pedra. Estava hoje na feira com remessa nova de CDs e de livros, preços inimagináveis e atraindo a atenção de uns e outros, os ainda em busca de leitura, boa música e entretenimento matinal nas manhãs dominicais. Faz a alegria de gente como este mafuento, que já está coçando o cocorutcho em busca de outro lugar para substituir o que faz todo domingo, bater cartão junto aquelas preciosidades todas. Não me perguntem como Carioca faz, pois não sei, mas sei que ele consegue juntar seus caraminguás e todo final do ano some pelas estradas da vida em busca de algo que o recarregue para os embates do próximo ano. Outro freguês desolado era o artista plástico Esso Maciel, que mesmo reclamão de sua combalida saúde, busca forças lá no fundo, pega um circular e vem buscar vídeos para assistir em seu aparelho acoplado à TV, fugindo assim da solidão. Hoje leva um estoque pouco maior, pois tomou conhecimento da impossibilidade de ter novidades por aproximadamente 15 dias. Chico, profissional entendido em limpeza de piscinas e todo domingo vendedor ao lado do Carioca, esse com quinquilharias variadas, terá que atuar sozinho por dois domingos e já ficou encarregado de dar as devidas explicações para tudo, todas e todos os que, certamente irão querer saber do paradeiro do livreiro.

Essa gente faz a alegria das manhãs de quem sai de casa em busca de distração, conversa fiada e ver pessoas, reencontrar uns e outros. Sem eles, tudo fica mais triste, opaco e sem razão de ser. Aquele conglomerado denominado de Feira do Rolo é uma inusitada junção de gente de todas as laias, qualificações, ramificações e especialidades, tornando o espaço algo único, impagável e produtor de benfazejos múltiplos para seus frequentadores. Eles talvez não consigam imaginar o bem provocado em gente como eu, que certamente voltaria amuado para casa sem esse contato, essa troca de figurinhas só ali possível. O que eles transmitem para nós, os andantes e destrinchadores de feiras e afins é dar continuidade para a vida, tornando-a bocadinho mais prazerosa. Eu vivo mais por causa dessa convivência. Assim como Esso, também reforcei meu estoque de livros e CDs ali comprados. Um deles cito aqui, a biografia do grande comunista, ator e cantor Mário Lago, presente de final de ano dele para mim. Por pouco não a perco quando da parada no Bar do Barba, pois ali encontro o presidente do Diretório Municipal do PT, o amigo Claudio Lago e ele já veio dizendo ser a biografia do seu avô e coisa e tal. Parentesco que não reconheci, fique desconfiado, quase cai na armadilha, tive que sumir do lugar com livro escondido entre as verduras.
Em tempo: Meu livreiro da feira gosta de Pink Floyd.

26/12 BATE PAPO COM ITALIANO FRANCO MAZZOTTI NO BAR DO GENARO
O Natal esse ano cai de terça para quarta e dois dias depois, noite do dia 26/12, uma quinta-feira, a cidade praticamente morta, quase sem roteiro nenhum para saçaricar e botar o bloco na rua. Estamos a propor um algo diferente, um BATE PAPO ITALIANO com o ilustre visitante FRANCO MAZZOTTI, pequeno agricultor, plantador de uvas e frutas no norte do país da bota, perto de Bagnacavallo e Bologna, figura popular pela região toda, espécie de liderança comunitária, um capô do tipo manda soltar e prender, parrudo, torcedor do Juventus e entendido de Brasil, enfim, casado com a carioca Rosangela Mazzotti. O casal passa o Natal este ano aqui em Bauru, casa de Ana Bia Andrade e deste mafuento, retribuindo visitas feitas sem custo em sua residência. Para não tornar sua estadia algo modorrento, propusemos para o Fabricio Genaro, o do Bar do Genaro lá na vila Falcão, uma noite de conversa, troca de ideias, opiniões e falatório sobre a Itália, Brasil e tudo o mais no entorno.

O Genaro topou e seu bar será palco de um inusitado e diferente convescote, reunindo gente querendo parlar, discutir em voz alta e sobre tudo e mais um pouco. Não vai faltar assunto, pois Franco Mazzotti fala muito bem o português, casado mais de dez anos com brasileira, amante das coisas de cá, estará reunindo amigos, conhecidos, interessados, forasteiros e todos os amantes de uma boa conversa, regada com cerveja gelada, vinhos e petiscos brasileiros à moda genariana (cardápio brasileiro). Franco já esteve aqui em Bauru em 2017, de passagem com um grupo de italianos, quando pernoitou na cidade, presenciou festa do Bauru Sem Tomate é MiXto lá no Mafuá numa véspera de Carnaval, envergou o manto sagrado do bloco e depois seguiu em comitiva para conhecer as Cataratas do Iguaçu. Conheceu muitos bauruenses e desta feita permanecerá por aqui exatos cinco dias, um deles já reservado para essa conversa elucidativa sobre os destinos dessas nações, com povos tão próximos, colônias imensas de italianos por aqui e essa querência entre civilizações. Falará de tudo e mais um pouco, inclusive, é claro, muita política, com essa onda conservadora brasileira e italiana querendo se agigantar. Com início por volta das 19h, papo se estendendo até quando a garganta permitir e os vizinhos não reclamarem.

Convite feito e já solicitando dos interessados reservarem mesas lá com o Genaro e por essa via e meio irem propondo uma pauta com temas e assuntos a serem discutidos. 

A proposta inicial será fazer uma mesa ampla, caixa de som com microfones e o falatório ao estilo italiano, mãos gesticulando bastante, ânimos contidos pelos seguranças já sendo contratados pela organização da casa. 

Como já é sabido, dia 26/12 é dia praticamente morto em Bauru, daí a pedida é mesmo aos que gostam de ruar e prosear, nos reunirmos em algo mais que diferente, ousado e cheio de boa informação. Vamos?

Serviço: Bar do Genaro - Esquina ruas Wenceslau Bras com Altino Arantes.
Dia 16/12, quinta, a partir das 19h, entrada gratuita.

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