quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

DIÁRIO DE CUBA (116)


ANOTAÇÕES EM TRÂNSITO
1.) SOU MESMO UM PÉ RAPADO...

O escândalo da COHAB Bauru está pela hora da morte com desdobramentos dantescos, muita grana desviada mensalmente para privilegiados e apaniguados da putaria corruptiva já sendo investigada e sabe se lá quando punida. Dela nunca fiz ou farei parte. Sou da imensa legião dos pés rapados, os que olham com os olhos e lambem com a testa. Gente como eu se vangloria de ser honesto e coisa e tal. Sou do time dos denunciantes da pouca vergonha, até porque não somos dos que se locupletam. Não que sejamos cagões ou reclamamos da falta de oportunidades. Faço parte dos abestalhados, ditos e vistos como honestos. Pé rapado de nascença, sem se deixar encantar pelo canto da sereia, pé rapado sempre. Dormimos tranquilos, porém de bolsos vazios. Nesse quesito não temos culpa no cartório, mas hoje, nesse desGoverno quase nazista e muito miliciano, o medo e só de apanhar e ser preso por defender as liberdades, essas já nos extertores na Terra do Pau Brasil.

O pé rapado, condição por mim assumida com a devida galhardia é algo inerente a quem, como eu, viaja pela primeira vez aos States, o faz acompanhado da esposa, dias em New York e New Orleans, 22 no total e ninguém o reconhece nas ruas. Passamos incolumes, intactos. Ninguém em nenhum instante correu em nossa direção e de bracos abertos por ter te reconhecido na megalópoles. Isso é evidente sinal de pé rapadismo. Assim como, nas rodas bauruenses, ninguém comenta de gente como eu nos refinados cafés da Avenida Getúlio Vargas com algo assim: "Olha lá, esse é mesmo esperto. Faz parte do seleto time dos que recebem caixinha abençoada da AHB ou da Cohab. Um felizardo". Pé rapado pasta.
HPA - em Bogotá Colômbia, voltando pra casa, quarta, 22 de janeiro de 2020.


2.) VOLTAR
Eu consegui ir. Devo isso a Ana Bia Andrade, ela bem sabe, fosse por mim teria pedido para ficar em Havana e me recolher na volta. Ela insistiu e me convenceu na apresentação de New York e os EUA. Fui ressabiado, desconfiado como velho lobo das estepes, isso desde a esdrúxula entrevista para o visto. Encarei tudo, cumpri todas as etapas, enfim fui conhecer de perto o Grande Irmão do Norte. Foram 22 dias. Olhei, senti, cheirei, circulei e escrevi com aquele jeito só meu, crítico, porém, sensato. Nada melhor do que conhecer in loco para analisar com maior exatidão. Gostei de muita coisa, outras nem tanto e em outras confirmei o asco. Emfim, não capitulei. Olhei tudo e tentei fazer isso com olhos de quem vive por lá e com os pés bem no chão. O sistema é aquilo mesmo, lucro em tudo, tudo revertido e em nome do deus dinheiro. Isso tem suas benesses e sua muito bem conhecida dose de crueldade. Muita gente sofre muito na Terra do Tio Sam, igual como cá no Brasil, mas o sistema consegue seduzir quase todos. Estão acostumados, são assim, foram criados assim, patrões do mundo. Cabe a nós, cientes de como se processam as coisas, não se deixar levar, pois a tentação faz parte do negócio. Eu tento. Volto revigorado para os necessários embates no meu país. Escreverei mais e mais sobre as impressões da viagem. Despejarei por aqui em drops, aos poucos. Por hoje é só, estou na metade do caminho de volta.
HPA - passando por Bogotá Colômbia, quarta, 22 de janeiro de 2020.


3.) QUEM EU GOSTARIA DE TER ENCONTRADO EM NEW YORK, MAS O CARA NÃO DEU AS CARAS POR AQUI NOS QUASE VINTE DIAS AQUI PERMANECIDOS

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