segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

OS QUE FAZEM FALTA E OS QUE SOBRARAM (133)


EU ESCREVO DO QUE VOU VENDO, ENCONTRANDO PELA FRENTE*


* Poderia ficar escrevendo dia após dia da bestialidade desse desGoverno nazista e miliciano brasileiro. O faço, mas não posso e não consigo parar de escrevinhar desses que vou encontrando pela frente nos meus descaminhos diários. Isso me move, de dá forças e assim resisto, insisto e continuo na lida contra esses dragões da maldade, promovendo de tudo e mais um pouco contra esses tantos desprotegidos mundo afora.

1.) SABRINA DA MACY'S
Ana queria comprar um lápis e alguma maquiagem nessa loja e assim foi feito. Atendimento primoroso da Sabrina, que além de lhe vender, lhe retocou (ou refez) os olhos. Sabrina impecável no que faz, Ana feliz da vida e eu lasquei um "beautiful" pra tão gentil pessoa diante de minha dama. Sacamos uma foto coletiva para registrar o encontro. Sabrina é uma baita profissional dessa terra denominada megalópoles. Por mim, já queria sentar e conhecer mais da história de Sabrina, mas ela estava demais de ocupada, pois mal terminou de atender a nós, já tinham outros a aguardando. Por aqui o fluxo é violento, sem parada, não sei nem como esse pessoal urina ou faz suas necessidades, pois tem olhares vigilantes por todos os cantos e tudo é baseado em resultados.
Sabrina trabalha na Macy's, essa loja cara de cosméticos e todos sabem que para chegar aqui não deve ter sido nada fácil. Ela se desdobra, sacode a poeira e tira de letra sua situação. Suas histórias devem ser pra lá de interessantes e fico sem as conhecer, só na imaginação. Como a minha é muito fértil, viajo na imaginação. Em cada canto que paro, em cada nova pessoa que me atende, já quero saber mais dele, sua origem, onde mora, como faz seu trajeto de casa para o serviço, ou seja, ir traçando como são os deslocamentos urbanos num lugar tão agitado como esse. Com Sabrina e todos os que vou encontrando pela frente, infelizmente, fico só na superficialidade, mas queria ir mais fundo, saber mais, mas não tem como, vim aqui como turista e ainda falta ver algumas coisas pela aí antes de voltar pra casa.

2.) ANA E NORMA, ALMOÇO PARA TENTAR AGRADECER PELO QUE FEZ POR ESSES DOIS TURISTAS
Norma Souza é brasileira, 25 anos de EUA, residente no Brooklyn, irmã de amiga da esposa e aqui nos recebeu, anfitriã divinal nessas terras geladas e calorosas ao mesmo tempo, muito por causa de gente como ela. Adoramos a ter conhecido e a seu marido Gunne, um islandês (que me instigou a conhecer seu gélido país). Um almoço juntos no domingo (me disseram ser somente um brunch), seguido de caminhada por lugares ainda não conhecidos do bairro, apontamentos inesquecíveis para turistas em busca de algo diferente, ousado e intrépido. Não temos palavras e nem sentimentos para agradecer tão generosa pessoa. Linda por dentro e por fora. Nos despedimos querendo ficar...

3.) FERIADO EM NY POR MARTIN LUTHER KING

Eu e Ana fomos em busca de algo ocorrendo na manhã de hoje e o que encontramos, após vasculhar google foi essa concentração de pessoas numa praça do Harlem. Lá estivemos marchando junto dos presentes, enfim, libertários mundo afora a causa sempre se mostra idêntica, tanto lá como cá. Nos cartazes muita coisa a ser compartilhada, outras quando colocam o homenageado junto de alguns por nós desconhecidos, pé atrás. Fizemos nossa parte, com um baita frio no cangote.

4.) EIS QUE UM SOM EVOCANDO O BRASIL É TOCADO NO METRÔ NOVAIORQUINO - VAMOS LÁ CONFERIR DE PERTO
O saxofonista negro tocando música brasileira e nos fazendo parar, perder dois trens só para conhecê-lo é UTRIL RHABURN, um jovem imigrante proveniente da região caribenha do Belise e aqui residindo com esposa e filha. Muito simpático, nos reconhece brasileiros só no jeito de parar diante dele e ficar comentando seu som. "Todo vez que começo tocar algo do Brasil, sempre surgem brasileiros e começamos uma conversa", nos diz. Nessa manhã de segunda, muito fria aqui em Nova York ele começou seu dia como todos os outros, tocando no Central Park, em locais onde já é conhecido, mas por causa do frio veio para dentro de uma das estações do metrô. Conhece algumas do Tom, outras do Vinicius e alguma coisa de samba. Seu repertório é basicamente de música caribenha, sintonizada pelo celular num acompanhamento e daí ele entra com seu sax espalhando sua forma de tocar por todo o espaço. Vive da música e dessas apresentações nas ruas. Traz junto consigo um álbum com cédulas do mundo inteiro, muitas do Brasil e até alguns cartões de brasileiros, que segundo ele, ao voltarem para cá, o acionam e tocam juntos ou mesmo se revem para baterem papo.
Ele estuda música pelo facebook e youtube, onde desde antes de vir pra cá, ainda no Belise já tinha tido algum contato com a música brasileira e a que escolheu, segundo ele, cai muito bem com o acompanhamento de um saxofone. E assim ele é mais um dos que a gente chega no metrô e sente que tem música no ar, pois ela se irradia de longe, se espalha pelas plataformas e vai entrando pelos ouvidos de todos. Impossível parar para todos, mas também impossível quando tão longe de casa, você se deparar com algo da sua terra e passar batido. Utril é um dos tantos por essas terras do norte que aqui aportou para fazer a América e acaba fazendo de tudo e mais um pouco para não ser engolido por ela. Com seu jeito malemolente, sutil, alegre e muito bom se sopro, ele vai levando sua vida adiante, sem esboçar em nenhum momento pra nós de alguma dificuldade. Ele sabe que por aqui, não pode esmorecer, tem que estar disposto e continuar indo à luta todos os dias. Foi ótimo conhecer esse artistas das ruas novaiorquinas. Eis o link para ver minha gravação dele tocando no metrô: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=3190979834265337&set=pcb.3191005897596064&type=3&theater

5.) ELE NOS PEDE CIGARROS E PARAMOS PARA CONVERSAR - SABE MUITO DO FUTEBOL BRASILEIRO

Não sei se ele é homeless, mas está perambulando pelas ruas desta hoje muito fria New York, numa segunda onde todos andam muito cheios de roupas, inclusive ele. Saíamos do almoço e estávamos iniciando uma longa caminhada pelas ruas, dessas quando o turista vai parando em todo lugar, olha muito para cima e para todos os lados, procura algo pelos guias e assim sem rumo, meio perdido, vai desvendando um algo a mais do lugar pela frente. Ele vendo Ana fumar lhe pede um cigarro e devido ao vento, eu o ajudo a acender, algo infrutífero, tendo que pegar o de Ana e acender o dele na ponta da brasa.
Foi quando perguntou de onde éramos e ao ouvir BRASIl, ainda uma palavra um tanto mágica por onde passamos (infelizmente perdendo a força), abriu baita sorriso e começou a desbaratar nomes de jogadores de bola, seu conhecidos de outros tempos. Começou com Pelé e o segundo já foi uma surpresa, Roberto Carlos, depois Rivaldo, Zico, Ronaldinho (os dois) e por fim outro nome a me surpreender, Rivelino. Não tinha como não lhe dar a devida atenção, tão simpático e só querendo fumar, num país onde o maço é muito caro e já tivemos duas pessoas se aproximando de Ana e lhe oferecendo um dólar por um cigarro avulso. Ela dá e não pega o dólar, mas com com esse o papo era outro, era sobre nossa terra, outrora varonil, hoje comandada por insanos e declarados nazistas e milicianos, assim sendo prorrogamos o papo e acabo sabendo sua origem. Ele é de TRINIDAD TOBAGO, um dos países constituindo as Guianas, região caribenha da América Central, que sabemos assim por cima, mas quase nada delas de concreto. Eu nada sei de seu país e ele me dá um banho, me apresenta um leque com dezena de jogadores do meu. Nem deu tempo de perguntar como os conheceu, se a TV de seu país passava jogos brasileiros, pois o frio estava de doer e queria um abrigo para me refugiar do vento. Vejo mais um cigarro para ele e o deixamos no meio da cidade, sendo ambos tocados por sua simpatia e jeito de nos acarinhar. Antes de me despedir, fez questão de fazer um sinal com os cinco dedos de uma mãos abertos, sinal de saber quantos mundiais o Brasil possuía em Copas do Mundo. Esse senhor é desses que já queria sentar num lugar bem quente e ficar proseando uma tarde toda. Esses mais simples, principalmente os imigrantes são quase sempre muito simpáticos, proseadores e sinceros nas relações. Todos possuidores de incontáveis histórias de vida.

Se me deixarem passo o dia por aqui relembrando coisas, causos e o que esses olhos enxergam por essas terras por mim nunca dante navegadas.

ENQUANTO ISSO NA LOUCURA DOS ESTERTORES DA DECREPITUDE NEOLIBERAL:
O QUE SE PASSA NA CABEÇA DE CERTOS RICOS, COMO O QUE LANÇOU UM CORDEIRO VIVO DE UM HELICÓPTERO SOBRE A CIDADE - Uma latente insanidade mental, deixando de pensar o mundo coletivamente e daí se isolam num mundo só deles, cada vez mais cruel e insano, tornando-os cada vez mais indiferentes ao que se passa ao seu lado. O que lhes interessa é o seu mundo, com dinheiro, mas cada vez mais estreito, apequenado e doente. Esse caso do empresário a cometer tal insanidade demonstra a perversidade por detrás de tudo o mais. Se são possíveis de algo dessa natureza, que dirá o mais. Como tratar mentes já tão deturbadas como a de pessoas assim? Possuem recuperação ou estão irremediavelmente perdidas? O texto é do melhor jornal impresso do nosso mundo, o diário argentino Página 12 em dua edição de hoje. O neoliberalismo a beira do colapso, atitudes se mostrando que quando a gente se rebela estamos mais que certos, pois estão acabando com políticas voltadas para o bem estar social e o povo contido, só observando o resultado de cabeças totalmente desprovidas de razão. Eis o link: https://www.pagina12.com.ar/242546-de-la-manteca-de-alzaga-unzue-al-cordero-de-federico-alvarez?fbclid=IwAR27hs6Y3sAMW4QtlutRliXEbnqa82xmy0uD6eLKh_rXdUhm9MtKXlcKLJM

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