quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (82)


A IMPRESSÃO QUE ESTOU TENDO DOS BRASILEIROS EM NOVA YORK – SEM GENERALIZAR, MAS CONSTATANDO
Havia uma rua toda dedicada para nós, os brasileiros aqui em Manhattan, a 56. Fui até ela dias atrás e não encontrei mais nada a lembrar o país. Andei perguntando e a resposta que me deram foi lacônica: “A rua faliu”. Dessa frase me dita por um taxista brasileiro, dez anos de Nova York acabo tirando outra conclusão, essa mais drástica e uma tendo relação com a outra. Na observação feita das andanças pra lá e para cá, tenho me deparado com colônias localizadas de latinos de todas as origens. Na região do Brooklyn, onde me hospedei por alguns dias estive em várias delas. São quarteirões de haitianos, dominicanos, jamaicanos, peruanos e nenhuma de brasileiros. Eles, os brasileiros, estão por aqui, os sinto e os percebo por alguns lugares, mas são desunidos, cada vez mais desagregados. Nem sempre foi assim, me diz um senhor com mais de 60 anos, morando aqui há mais de 30 anos e nem ele conseguiu me explicar o motivo dessa desunião. Porém, ela é latente.

Aqui no hotel onde me encontro, tem gente do mundo inteiro e dentre eles, muitos brasileiros. Muitos desses que ao te perceber brasileiro fogem, tornam-se arredios e não querem saber de aproximação. Nem todos, tenho que confessar, pois já distribui até botons do “Lula Livre” por aqui, mas tem uma camada que se acha, não quer se misturar e faz isso não só com brasileiros, mas com todos os demais latinos. Os peitos estufados ou peitos de pomba se espalham com o vento e hoje, se já são nojentos no país e rejeitam se misturar com as camadas mais populares, imagino que o mesmo ocorra por aqui. O conservadorismo e os tais novos ricos, os que conseguiram de alguma forma um algo a mais, além de apoiarem o que de pior temos na política, demonstram todo o irracionalismo do momento para com o seu semelhante em situação inferior a sua. O danado é tão boçal, vejo isso aqui, pois no Brasil não anda de ônibus, trem ou até mesmo metrô e quando sai do país não só anda como ainda fica criticando por onde passe o sistema brasileiro.

O bolsonarista é antes de tudo um chato, de galocha e de todos os que vi circulando por aqui e se declaram apoiadores do Bozo, 100% tem problemas de relacionamento com os demais de outras comunidades de imigrantes. Entendo perfeitamente o posicionamento da imensa maioria dos imigrantes residindo aqui nos Estados Unidos, não só brasileiros, pois querendo aqui se fixar e obter o visto definitivo, não podem se expor. São contidos, algo natural. Esses são compreensíveis e o não tolerável é o arrogante, pedante. Existe uma leva de turistas sem sentido, que o fazem só para se mostrar e se vangloriar. Devoradores de hambúrgueres, reis do fast food, do brega não no sentido da exposição exterior, mas interior, o vazio de propósitos, eis aí os que se isolam.

Isso da colônia brasileira estar se dispersando cada vez mais é sintomático também do momento brasileiro, onde com o desmonte proporcionado por um inconsequente e perverso desgoverno, o incentivo para o seu segmento agir confrontando o semelhante com pensamento, ação e posição diferente da sua. Posso estar enganado, mas ao me deparar com manifestações culturais bem posicionadas de muitas nações latinas e algo insipiente do Brasil aqui em Nova York, evidente retrocesso, me ponho a pensar sobre a mentalidade do povo brasileiro e aquilo tudo de positivo, conquistado após décadas, pode estar se perdendo. Ainda encontro sorrisos dentre muitos ao me dizer brasileiro, mas junto disso, ouço também sobre esse distanciamento e uma preocupação sobre quem conhece um mínimo de Brasil, sempre questionando sobre como pudemos ter caminhado tanto para trás. Se ao menos imaginassem ou soubessem que o próprio EUA tem muita culpa por estarmos voltando para uma situação de plena dependência e subserviência, após alguns anos soberano e altaneiro, talvez entendessem o que se passa com parte do seu povo. Num restaurante servindo pratos brasileiros, a funcionária brasileira me diz da soberba de muitos clientes vindos do Brasil, que ao sabe-la brasileira a rejeitam, tratando-a com muita indiferença, coisa de alguém que se vê e enxerga com superioridade os abaixo dele, daí se entende algo dessa forma como abordo o tema. Sinto isso no ar por aqui, algo a entristecer muito em se falando de Brasil.

ENQUANTO ISSO...
ENCONTRO COM O LADO B NOVAIORQUINO
HPA se esbalda quando se depara com esse lado B retratado com todo esplendor e reconhecimento num museu conceituado com o retratando a história de New York e aqui reverenciando as pessoas pelas ruas, nos seus momentos do cotidiano. Trata-se da Exposição "Colleting New York's Stories", do Sid Vicious, pois junto das fotos, textos repercutindo o momento registrado. 

É o que gosto de fazer e faço por onde circule, daí a imediata liga. Empatia mais que imediata com a minha proposta mantida no blog dfo Mafuá e na maioria dos meus escritos, quando faço uso do título de "Historiador das Insignificâncias".

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