terça-feira, 14 de setembro de 2021

FRASES DE LIVROS LIDOS (169)


ESTÃO QUERENDO RECRIAR NA CIDADE ALGO COMO O "CCC - COMANDO DE CAÇA AOS COMUNISTAS"
Ouvi isso da boca de mais de uma pessoa e duas delas enfurnadas até o pescoço no meio da dita elite e de vetustos cidadãos empunhando microfones na cidade de Bauru. O que seria isso? Exatamente no momento em que o país está mais do estarrecido com a atuação do presidente miliciano e dos seus, em baixa e com chances mínimas de ganhar a eleição do ano que vem, por aqui, um grupo de pessoas articula algo de teor não perigoso, como criminoso, verdadeiro atentado ao que prega a própria legislação vigente, ou seja, a Constituição. Que o Brasil piorou e hoje deu vazão para amalucados soltarem a voz, disso não existe a menor dúvida, mas alguns se excedem e querem avançar ainda mais o sinal, propondo perseguições para os contrários, os que não coadunam com sua ideias fora da casinha.

De um conhecido empresário da cidade, ouvi isso: "Sou liberal, você sabe, mas não quero a volta de algo com teor violento. Não precisamos de perseguições. O Brasil não avançará com isso. Mas tem gente aqui na cidade se articulando e alguns até falando abertamente no ar sobre algo mais duro. A articulação precisa ser ao contrário, ou seja, para impedir o avanço desses malucos, que querem incendiar a cidade. Enquanto precisamos apagar o fogo, fazer as coisas acontecerem, tem gente propondo algo como no triste passado. Se não forem abortados, algo perigoso pode estar nascendo novamente na cidade. Fui abordado, expuseram as intenções, fiquei até com medo, não achava ser isso mais possível".

Não é de hoje que algo assim, ainda embrionário está sendo chocado. O tal "ovo da serpente" sempre esteve pairando no ar na mente de alguns vetustos cidadãos destas plagas, mas hoje, pelo que ouvi, estão se reunindo, conspirando e tramando. Perigo no ar! Esses são perniciosos, muito mais perigosos do que o que buscam perseguir. O Brasil não pode dar continuidade para algo tão devastador para a mente e atividade humana, decrepitude absoluta do entendimento tão necessário entre as pessoas. Pregam o ódio e a exclusão social, ainda agindo contra os propondo estar ao lado dos desvalidos.


DAS BRIGAS QUE NUNCA PARO DE ENTRAR
Para quem ficou bom tempo sem passar pela avenida Aureliano Cardia, como eu, ali bem defronte o Sesc Bauru, algumas surpresas nada agradáveis, pois no lugar de uma antiga loja de acrílicos e depois onde funcionou por décadas a oficina Stoppa, em seus lugares hoje dois novos empreendimentos privados neopentecostais. Neste triste momento brasileiro é o que mais se prolifera país afora, praticamente se espalhando por todos os lugares novas dissidências das dissidências, nomes novos para uma velha prática.

ENQUANTO UM ENCAIXOTA, PRECISO DEMAIS DESENCAIXOTAR MEUS LIVROS, MAS O TEMPO QUE ME RESTA ACENDE EM MIM LUZ DE ALERTA
Olho pra fora da janela e finalmente chove lá fora. Estou mais triste que nunca. A praça que antes podia estar com a folhagem toda molhada, hoje está enlameada, pois tudo hoje lá um lodaçal e logo mais se transformará num mundo asfáltico, local de veneração do carro. Mas não é só isso a me entristecer nesse final de uma terça modorrenta. Ando com dores pelo corpo, cansado e a cada levantada da poltrona, sinto um pouco mais de dificuldade, diria mesmo, alquebrado pelo tempo. Vergado pelo passar dos anos. Tento refletir sobre tudo isso e me cai às mãos a resenha de um livro recém lançado no Brasil, o “ENCAIXOTANDO MINHA BIBLIOTECA”, do argentino Alberto Manguel (Cia das Letras, 184 páginas, 2021). A história é bucólica e pode ser resumida num fato real: “a aflição que sentiu ao olhar para sua biblioteca de cerca de 35 mil livros e saber que se mudaria de uma casa medieval na região do Loire, na França, para um apartamento em Nova York. Da aflição veio uma certeza: era preciso encaixotar livro por livro e narrar o que estava acontecendo”.

E assim foi feito, sem traumas ou melhor, em cada livro que ia pegando, revia não só sua história, mas como o conseguiu, q quanto tempo estava sob seu domínio, essas coisas que nos embalam e fazem a vida ir passando mais lentamente. Eu faço isso constantemente, ir revendo o conteúdo de cada livro que pego nas mãos. Ana Bia, minha companheira de todas as horas também vivem entre livros e os adora, os sente tanto quanto eu. Ela com os dela, eu com os meus. Dos meus tenho um novo padecer e ele parece ter aflorado agora, após ler a resenha deste aqui citado. Envelheci, o corpo dói e continuo tentando levantar, dar nova vida ao Mafuá, meu ainda espaço, santuário onde deposito preciosidades de uma vida inteira, minha coleção musical e a maioria dos meus livros. O lugar ficou fechado durante a pandemia, ou seja, mais de um ano sem nenhum cuidado, acumulando poeira e nas idas e vindas, olho para aquilo tudo com a esperança de vê-los novamente reluzentes nas estantes e servindo para algo mais junto a tanta gente. Hoje me deparei com a verdade dos fatos e da dificuldade que terei pela frente para administrar isso tudo.

Aos 61, ando querendo capitular e jogar a toalha, mas eles todos lá nas estantes, parece que a cada retorno por lá clamam para que algo seja feito por eles, não os deixando em pior situação do que já se encontram. Neste período de pandemia foi um dos que mais acumulei livros. Eles me chegaram às mãos das mais diferentes formas e jeitos. Caixas e mais caixas e nem estão ainda nas estantes. Ganhei duas nos últimos meses e uma outra ainda preciso buscar. Arrumei o telhado da velha casa, troquei calhas e forros, mas ainda não comecei a realinhar as preciosidades maiores, essas ainda nas caixas e aguardando esse momento. Faria isso com o máximo prazer, mas ultimamente me tem doido demais as juntas e a cada ida para lá, mais para tratar do meu cão, o Charles, olho para aquilo tudo e tenho me perguntado: SERÁ QUE VAI DAR TEMPO? Hoje quando li a resenha do livro do Manguel, não me contive e chorei. Teria que dar uma dedicação de muito tempo para deixar aquilo tudo como tenho em mente e nem sei se valeria mais a pena, pois diante do que ando pressentindo, talvez tudo fique pelo meio do caminho. Eu sei que preciso buscar forças lá no fundo de mim e no meu caso, diferente do que li, DESENCAIXOTAR MINHA BIBLIOTECA. Ela não merece permanecer amontoada em caixas, muito menos tudo espaço, perdido e de difícil localização. Tenho alguns dilemas: se passo muito tempo por lá, Ana reclama e se fico muito tempo aqui junto dela, eles reclamam do lado de lá. Não dá para juntar tudo no mesmo ambiente, daí, somado ao tempo que me resta, sentindo cada vez menos, impossível não se acabrunhar e sonhar com um milagre.

Agora mesmo, tenho uma caixa de papelão aos meus pés cheia de livros, aguardando serem removidos para o Mafuá, onde chegarão e irão permanecer ainda por algum tempo na mesma caixa, esperando a tal da reforma - a que nunca acaba - ter fim e daí, buscando força não sei onde irei arrumá-los todos e depois convidar as pessoas para virem visitar o lugar, se interessar pelos danados nas estantes e daí, depois de um flerte, um mútuo interesse, talvez passem para algo mais, uma voraz aproximação, resultando num contato carnal. Eu sei que não posso e não irei desistir, mesmo percebendo as dores estarem se intensificando e lá no fundo, algo me dizendo que preciso pensar no que irá ser feito disso tudo quando não mais tiver condição nenhum de desencaixotar meus livros, ouvir meus LPs e CDs, ou mesmo cuidar do meu cão. São minhas aflições do momento, além é claro e evidente, desse desejo irrefreável de dar cabo o mais rápido possível nesse capirotismo hoje dominando este país.

OBS.: As fotos aqui publicadas são meramente ilustrativas e em algum momento, trazem recordações do meu modesto Mafuá.

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