sábado, 25 de outubro de 2025

FRASES (262)


QUATRO LIVROS LIDOS ASSIM, DE SEGUIDINHA
Eu tenho conseguido ler, menos do que gostaria, mas mais do que deveria. Explico. Tudo conspira para que lenhamos pouco. São tantas atribuições e coisas para fazer na vida, inclusive o trabalho, que ler torna-se um artigo de luxo. Combato isso veementemente. Insisto na leitura e além de livros, os textos diários pela internet, duas revistas (Carta Capital – semanal e Piauí – mensal) e tudo o mais que me cai nas mãos. Devoro tudo seletivamente, porém, sem cessar. Diversifico o mais que posso e nestes quatro livros, lidos nos intervalos das obrigações diárias obrigatórias, algo disso bem explícito. Na sequência, eis os quatro últimos lidos dentro deste mês:

1 – “UM TELEFONE É MUITO POUCO”, Silvia Escorel, coleção Cantadas Literárias, Editora Brasiliense SP, 1983, 1ª edição, 120 páginas. Uma hippie brasileira percorrendo países da Europa no final dos anos 60, começo dos 70. Tudo o que pode ocorrer nos trechos e locais, entranhas europeias é narrado em detalhes. Destes livros para se ler num vapt-vupt, numa sentada e dele, o que escreveu Rubem Braga numa espécie de prefácio: “Não sei que fim teria se não fosse tia Zelda”. Este o ponto chave de toda descrição. A hippie tinha uma forte escora, pois quando a coisa degringolou, lá estava sua tábua da salvação, a tia que lhe enviava regularmente ajuda financeira e por fim, pagou pelo seu retorno ao Brasil. Muitos não possuíam este elo de salvação e se trumbicaram dos pés à cabeça. Algumas poucas frases:

- “Você devia largar essa mania de procurar portas...”
- “Nunca encontrarás o homem ideal que procuras, pois ele não existe fora da tua mente”.
- “Use a cabeça, minha filha. Quem pensa com o coração não sai do fogão”.
- “Vocês jovens pensam ter descoberto a pólvora, não é? Pois se não fossem tão vagabundos e estudassem um pouco mais saberiam que todas essas questões que vocês pensam estar suscitando agora vêm preocupando os homens há séculos e séculos. Parece mentira que educamos você nos melhores colégios”.
- “...embora a tão prezada liberdade fosse a cada instante posta em jogo, viver perigosamente era outro lema inspirador seguido à la Bogart”.
- “Você sabe que não devemos fazer planos demais, é o maior atraso”.
- “A melhor coisa de ser hippie é dormir sob as estrelas... (ou não ter pressa para cehgar, ou não ter contra pra pagar, ou ser livre para amar). (...) ...mas quando a gente é treinada para manter as aparências custa descondicionar”.
- “Mais adiante pegamos carona com um motorista de táxi que falou: Se tivesse coragem largava tudo e caía na estrada feito vocês”. LEITURA TERMINADA EM 14/10/2015.

2 – “JORNALISMO DE GUERRILHA – A IMPRENSA ALTERNATIVA BRASILEIRA DA DITADURA À INTERNET”, Rivaldo Chinem, Disal Editora SP, 1ª edição, 2004, 160 páginas. Eu acompanhei a maioria desses órgão da imprensa nanica, Pasquim, Coojornal, Opinião, Movimento, Ex, Repórter e outros. Guardo alguns até hoje, um tema do meu maior interesse conhecer algo mais sobre como fizeram para sobreviver. Este livro descreve algo neste sentido. A imprensa alternativa existiu como uma das formas de se contrapor a um tempo cruel, ousaram se posicionar corajosamente e assim o fizeram, enfrentando todos os possíveis dragões da maldade. Todos estes jornais, formato tablóide, influenciaram gerações afora, expressando uma indignação latente, pulsante. Todos buscavam a liberdade e com eles – e por eles – segui em frente. Eles surgiram, principalmente porque não existia espaço nos jornalões, como bem disse Claudio Abramo: “A liberdade de imprensa só era usada pelos donos da imprensa”. Muitos jornalistas foram buscar essa liberdade escrevendo e tendo seus próprios meios. Frases:

- “Educar através do jornal é ir fundo, explicar porque as coisas acontecem, investigar os fatos, mostrar porque acontecem, o que está por trás de cada fato, o que esconde uma simples notícia”.
- “Os santos e os artistas não se evidenciaram na História pelo seu conformismo”.
- “...os detentores do poder estavam convencidos de que quem não estava com eles estava contra. (...) O governo brasileiro empregava à época cinco mil pessoas em tempo integral para examinar livros, músicas, filmes, peças de teatro, rádio, televisão, artigos de jornal”.
- “Em 1975 havia no país 289 jornais diários com 1,2 bilhão de exemplares e 869 periódicos não diários, com 142 milhões de exemplares”.
- “Retratar a imprensa alternativa é falar de um tempo de sacrifícios e de heroísmo. (...) Porque quem sabe mais de jornal é o empregado, não o dono; o empregado é que é o jornalista”.
- “Queriam criar caso. Quanto mais você esculhambava o que estava estabelecido, mais atingia o público. Porque havia uma revolta. (...) Não há jornal brasileiro importante que não tenha sido influenciado pelo idioma do Pasquim, direta ou indiretamente. (...) Pasquim foi uma brincadeira em tempo triste”.
- “Pensando bem, o Brasil é, além de tudo, um país de pouca cultura política, mesmo para os padrões do continente. (...) É difícil imaginar que uma imprensa democrática popular tivesse um grande êxito quando as forças políticas progressistas que a apoiaram fracassaram também”.
- “Crê que a saída para o jornalismo brasileiro ainda é a imprensa alternativa, já que não há mais espaço para se trabalhar nas Redações tradicionais. (...) Os jornais brasileiros passaram a ser contaminados pelo jornalismo-espetáculo da televisão”.
- “A enxurrada de dados é ruim para nossa saúde. (...) ...fuja da poluição de informações”. LEITURA TERMINADA EM 21/10/2025

3 – “POESIA PROSA – AS PALAVRAS SÃO TESTEMUNHAS”, João Batista Chamadoira, editora Canal 6 Bauru SP, 2009, 96 páginas. Conheci o professor Chamadoira, o ouvia no rádio. Mantenho aqui no mafuá uma estante só com livros sobre Bauru e de bauruenses, também alguns da região. Achei este pela aí e o li quase numa sentada, num salão de espera de consultório. Divaguei pela parte poética, mas fui fundo nas crônicas, retratando algo trivial do dia-a-dia, transformado em registro. Faço isso diariamente. Texto despretensioso, enfim, o mundo é também dar atenção para trivialidades. Todos nós buscamos algo assim na vida. Suas crônicas são resultados de observações acumuladas das mais diferentes leituras dos aspectos sociais do cotidiano. Frases:

- “Pois vivo/ Como jamais./ Lascivo,/ Quero muito mais”.
- Mal não me interpreta/ Só não usei a palavra correta./ Sei que a mim não compete/ Fazer disso minha meta”.
- “E a vida/ No me preguntes nada./ La cosa es sentida/ Para sempre lembrada”.
- “Mas se me amordaço,/ Vem a insistência./ Não sobra pedaço/ Da minha existência”.
- “Acordar não queria,/ Mas a vida desperta,/ Lá fora o dia/ Meus sonhos aperta”.
- “Lembro também aos senhores, sociólogos, comunistas – se é que existem ainda -, patrulheiros, extremistas, que não façam disso motivo para julgar minha participação política”. LEITURA TERMINADA EM 23/10/2025.

4 – “O ATO E O FATO – O SOM E A FÚRIA DAS CRÔNICAS CONTRA O GOLPE DE 1964”, Carlos Heitor Cony, Editora Objetiva RJ, 2004, 200 páginas. Cony tem dentro de si algo pendendo para o lado do conservadorismo. Sua vida em si reverbera isso. Neste livro, valoroso, pois trata-se de suas crônicas publicadas no Correio da Manhã RJ, nos dias seguintes ao golpe militar e ele, que apoiou a quartelada, se viu decepcionado logo de cara e assim, expôs isso diariamente, o que lhe dá tamanha importância dentro do contexto da época. Esbravejou escrevendo contra o que via sendo imposto ao país. Foi contra João Goulart, Brizola e o que acontecia com o país a atender reivindicações populares, esboçou até elogios para Castelo Branco, mas voltou atrás e foi perseguido por causa de seus contundentes escritos. Li sacando o que defendia e a mudança de opinião, quando percebeu que a quartelada era um horror para o país. Ele ousou enfrentar os gorilas armado da força do que o usurpador mais teme: do ridículo. Sua ironia para com eles me faz elogiar seus escritos de resistência. Frases:

- “...a natural tendência da humana espécie é aderir. (...) Não escrevo para ser lido por generais e acredito sinceramente que eles, além de não me compreenderem, não gostariam de minha literatura. (...) Acredito que possa me dar ao luxo de pensar com a minha própria cabeça”.
- “Não vejo razões para o Medo. Respeito o Ódio, aceito o Amor, mas sempre desprezei o Medo. Compreendo a prudência de uns. Acho natural o pânico de muitos”. (...) É preciso que se denuncie a nudez do rei. Não deixemos essa tarefa – ou obrigação – para os lactentes”.
- “Revolução sim, mas de caranguejos. Revolução que anda para trás. (...) Isso não é uma revolução. É uma quartelada continuada, sem nenhum pudor, sem sequer os disfarces legalistas que outrora mascaravam os pronunciamentos militares. É o tacão, é a esposa, a força bruta, o coice”.
- “...essa Nação não é um quartel, um comendo militar, uma divisão de cavalaria, um bivaque. (...) ...mais verdugo não poderia haver que um presidente omisso e impotente ao braço militar. Um homem covarde diante de suas responsabilidades”.
- “Que adianta vencermos os corruptos para nos tornarmos corruptos? Que adianta vencer o ódio e odiarmos também?” (...) Não combateremos os injustos para sermos injustos. Não espantaremos os ladrões para roubarmos também”.
- “...aos revolucionários de 1º de abril, qualquer ajuda que não seja a norte-americana – é comunista, perniciosa à civilização cristã”. LEITURA TERMINADA EM 25/10/2025.


ALGO SOBRE O BLOCO "BAURU SEM TOMATE É MIXTO" E UMA NECESSÁRIA REUNIÃO DE SEUS MEMBROS
O bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é Mixto completou 13 anos em 2025 e só não saiu, descendo o Calçadão da Batista, nos sábados de Carnaval, quando da pandemia. No mais, ininterrupta e necessária participação. Enfim, somos mais que necessários, ainda mais numa cidade onde as crpiticas ocorrem meio que ocultas, sem nome e daí, ano após ano, estamos lá nas ruas dizendo em alto e bom som algo contra os que "pisam no tomate" (ui!). E são tantos, cada vez mais para serem agraciados com o Troféu Desatenção. Enquanto, nosso Carnaval definha e sobrevive como pode, aos trancos e barrancos, porém, com gente altiva tocando-o adiante, o Tomate também o faz. Nada melhor do que, juntar a necessária crítica com a jocosidade e picardia inerente a maior festa popular brasileira. A prefeita pode não gostar de Carnaval e de folia - gosta de outras -, mas algo se faz necessário, alguém continuar dizendo e colocando o dedo na exposta ferida das mazelas detas plagas.

Isso uma coisa, unânime compreensão. Outra é o Tomate reunir forças e ano após ano estar nas ruas. Eu não me vanglorio, mas tive a ideia do bloco junto do Oscar Sobrinho, logo seguido por outros (as), como Tatiana Calmon, que junto comigo tocamos ele em quase todos os anos. O lema além de todos os demais sempre deve ser, UNIDOS VENCEREMOS. A luta aí fora está cada vez mais acirrada e assim sendo, o bloco precisa continuar forte, coeso e na lida, ou seja, descendo a Batista como sempre o fez. Problemas de percurso existem aos borbotões, mas o que seria da vida sem os problemas. Estamos aí para resolvê-los e daí sugeri dias atrás uma REUNIÃO AMPLIADA, quando discutiríamos coletivamente, já com certo atraso, como seria a descida e organização para 2026. Marquei e desmarquei, corri como todos, pois os compromissos surgem e pipocam em nossas vidas.

A data dessa reunião seria semana passada, depois hoje, neste sábado. Nada ficou definido e assim, exponho publicamente, numa convocatória mais explícita, para sua realização no próximo sábado, 01/novembro, das 14 às 16h ou das 16 às 18h, com pauta previamente definida, local também, onde todos estes assuntos pendentes estariam à mesa e definiríamos como seria o furdunço se aproximando. O bom do Tomate sempre foi a coragem para dizer tudo o que tinha que ser dito e isso está expresso nas letras de nossas canções, todas pulsantes e candentes. Nossa fachada, a estampa da camiseta idem, sempre com o traço de conhecida pessoa do traço. Vamos continuar, pois Bauru precisa de algo assim, com essa cara e coragem. Falta nos reunirmos e decidir algo do que virá pela frente. Quem for tomateiro que venha junto e assim, nos ajude a continuar colocando este sonho na Batista, ano após ano.

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