terça-feira, 21 de outubro de 2025

MEMÓRIA ORAL (323)


QUE PROTEÇÃO É ESSA? 
Qualquer sessão da Câmara de Vereadores, como na desta semana, ontem,segunda, 20/10,  necessitando de forte aparato policial, deixa claro estar sendo ali travada luta contra os interesses populares, daí os que apunhalam estes interesses, precisam de "proteção", pois do contrário o povo os impediriam de fazer o que fazem.

"NÃO POSSO ME PRONUNCIAR SEM ANUÊNCIA DA SRA PREFEITA, DESCULPE, MAS AQUI É ASSIM"
Você percebe que um governo é nada, pouco ou muito autoritário e prepotente pelas ações, o modo como vai administrando o seu dia-a-dia, principalmente em relação aos que a rodeiam, os subalternos, os sob sua coordenação. Ouço enaltecerem pela aí que o Brasil é uma democracia e a Venezuela, Cuba, China, estes sim são ditaduras, regimes duros, onde a pessoa é controlada nos mínimos detalhes.

Algo até pode não girar como um reloginho suiço nestes países, mas aqui mesmo, neste país varonil, ainda sob forte influência norte-americana, rincão onde uns adoram não só pneus, como idolatram Donald Trump, este aprontando cada vez mais estripulias mundo afora, todas abomináveis, em algumas localidades, ocorrem fatos nada convencionais e a demonstrar claramente o exercício de algo que, pode ser comparado com tudo, menos com uma democracia.

Conto algo mais dessa absurda administração municipal, a conduzida sob tacão austero, absolutista de dona Suéllen Rosin, a já reconhecida incomPrefeita, mais fundamentalista impossível, daí, como se sabe, a cada novo ato, mais e mais autoritarismo, truculência e atos bem fora dos parâmetros ditos normais. Explico.

Vocês que estão me lendo neste momento, já repararam que, ninguém dessa exdrúxula administração não pode se pronunciar, sem a anuência de alcaide e de sua assessoria. Isso mesmo. Nenhum secretário pode ficar dando entrevista e falar o que pensa, pois o fazendo pode ser defenestrado no momento seguinte. Lei draconiana e bem ao estilo de Saddam Hussein, Javier Milei, Ruhollah Khomeini, Augusto Pinochet, Rafael Videla ou mesmo Emílio Garrastazzu Médice.

Faça o teste e comprove, o tal o ver para crer, o São Tomé. Tente ligar para um secretário de Suéllen em busca de alguma informação ou gravar uma entrevista sobre tema polêmico, ou mesmo trivial, mas podendo implicar em constrangimento para a alcaide. Por exemplo, ela costuma fazer promessas de campanha e não as cumpre. Vá lá em alguém do alto escalão e o questione. Sua resposta: Tenho que consultar os alfarrábios, ou seja, ver o que a assessoria acha, o que consequentemente é, já traduzido, ver se alcaide permite. Quando ela nega, o secretário some e nem responde quem o questionou. Primeiro por se sentir envergonhado por não ter podido responder e depois, o constrangimento vem junto com sua condição. Ou seja, para trabalhar junto dela, o esquema é este. É pegar ou largar, aceitar ou ficar de fora. Se com vereadores, estes eleitos pelo povo é assim, imagina com subalternos próximos. Deve ser um esculacho permanecer submetido às vontades de sua mãe, pai e marido, quiçá até de outros parentes.

Venhamos e convenhamos, que denominação poderia ser encontrada para designar tal atitude? Enfim, estamos ou não nessa tal de democracia? É normal isso, Terta? Evidentemente, Bauru hoje vivencia algo muito anormal, em todas suas vertentes e possibilidades. Essa só a ponta do iceberg.

EU RECEBENDO UMA AULA SOBRE PROCEDIMENTOS PERIFÉRICOS
Adoro quando isto acontece. Hoje, tive o prazer de ter uma conversa com adorável, admirável e inspiradora moradora de um dos bairros perifpericos mais famosos de Bauru e dentre as conversações, me deu uma aula de como são os procedimentos para resolver problemas e pendências na periferia do mundo, todas um tanto diferentes deste modo, que achamos/acreditamos ser mais civilizado, porém moroso de resolver tudo, indo em busca desta tal de Justiça. "Não que tudo por lá se resolva no olho por olho, dente por dente, mas na maioria das vezes, até para que o problema não aumente e desta forma, se torne irresolvível, o melhor que faço e vejo tantos outros, como eu, vou logo lá na frente da pessoa, olho no olho, bato no seu portão e se preciso for, em alto e bom som, resolvemos tudo. A redondeza toda fica sabendo, toma conhecimento, mas no final, quem tem razão, na maioria das vezes sai vencedor. Se você deixa passar, a coisa cresce e quem fala o que não deve, muitas vezes sem ter razão, sai como vencedor. Eu sou do time dos que não deixamos a coisa passar. Se falam mal de um dos meus filhos, analiso como se deu e se ele não tem razão, não passo a mão na cabeça dele, ele vai ter que se arder, mas se ele tem razão, não deixo a coisa passar batido. Meu filho já é crescidinho, sabe discernir o certo do errado e se entrou em fria, vai ter que sair dela, pelo mesmo jeito que entrou. Se der mole pra ele, da próxima vez, com certeza, irá fazer coisa pior. Eu o defendo até debaixo d'água, mas se percebo ter errado, até para não se envolver mais em coisas deste tipo, o melhor é enfrentar o touro à unha. Coloco todos frente a frente e desta forma, a verdade acaba fluindo e quem espalhou mentira, desmascarado. Não preciso chegar as vias de fato, longe disso, mas é preciso ter coragem. Eu já moro num lugar que dizem, ser problemático, porém, gosto muito daqui, não tenho problemas, mas também não os deixo crescer, pois já basta os meus do dia a dia, quanto trabalho como uma mula para trazer grana pra casa. Essa a concepção do lugar onde moro. Respeito todos e agindo assim, todos também irão me respeitar. Ninguém gosta dos fracos. Abaixou muito a cabeça é sinal de que, podem querer vir se encavalar pra cima de mim. Isso aqui é uma espécie de lei onde moro", me conta.

Uma delícia ouvir isso. Aqui onde moro, na Zona Sul, poucos são os que resolvem de fato as contendas surgidas no dia-a-dia. Postergam ou chamam outrens para resolvê-las para si. Já num lugar onde a Justiça até chega, mas seria muito mais morosa, o custo disso tudo é meio que impraticável, ouvir o que ouvi é, para mim, mais que uma aula, dos tais procedimentos rápidos e práticos, bem com a cara das periferias, das entranhas de um país, onde ou se resolve logo a pendência, a enfrentando com a cara e coragem, ou no mínimo, as proporções serão piores. "Falaram que meu filho fez isso e aquilo com a filha de outra moradora. Quem estava saindo bem era a filha dessa e assim, ouvi meu filho, me certifiquei de como de fato a coisa se deu e fui bater na porta dela. Escancarei a história e quando ouvi, da própria boca dela tudo ter ocorrido da forma como meu filho me disse, pedi para que saísse no bairro gritando como havia feito, só que explicando como tudo ocorreu. E assim foi feito, pois do contrário, nos agrediríamos e só pioraria a coisa. Ela, da mesma forma que mentiu ao espalhar mentira, falou a verdade pra todo mundo ouvir. Resolvido a questão, a vida volta ao normal no lugar. Voltei dias após a conversar normalmente com ela e os seus, inclusive nossos filhos nem interromperam a amizade", continua seu relato.

Digo a ela que, tudo o que me conta daria um livro. Ela ri e isso a faz contar mais. Anoto algumas das histórias, outras ouço e acabo esquecendo - o que é uma pena. Na verdade, adoro quando permaneço um tempinho so seu lado, quando se abre com seus relatos. Aprendo muito destes procedimentos resolutivos implantados pela aí. Podem não ser os mais corretos e adequados, mas são bem conclusivos. Diante de tudo o que ouvi, chego à conclusão, ser eu da linhagem dos mais cagões, dos que deixam a coisa passar e demorando para resolvê-las, tomam proporções inimagináveis com o passar do tempo.
OBS.: As fotos são meramente ilustrativas.

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