sábado, 1 de novembro de 2025

UM LUGAR POR AÍ (203)


E FOMOS OS TRÊS, COMO MOSQUETEIROS, CONTAR ALGO DE NOSSA EXPERIÊNCIA COM LIVROS E AUDIOVISUAIS NUM FESTIVAL LITERÁRIO, NA VIZINHA AREALVA
Na vizinha Arealva, distante 26 km de Bauru, durante quatro dias, algo surreal para o Oeste Paulista, quase todo tomado pelo sertanejo, um Festival Literário, o FLIMA, o 1º com a chancela do município, onde o diretor de Cultura, Gilson Carraro, busca direcionar suas ações para a diversificação e novos rumos para a o que venha a ser de fato Cultura. Ele é dos que, insiste, resiste e persiste, daí fluem por lá eventos como o idealizado e colocado em prática e no qual, fui convidado a falar de livros, os já realizados em Reginópolis e agora, mais recentemente em Iacanga, mostrando caminhos possíveis para sua expansão em outras localidades. Enfim, o caminho das pedras. Eu, como não gosto de fazer nada sózinho, não sendo muito adepto do onanismo, convido mais dois, Fausto Bergocce e Roberto Pallu. Cada qual com muitas histórias para contar, na manhã deste sábado, 01/11, saímos cedo de Bauru e às 10h demos início ao processo falatório, conspiratório e de convencimento de quem estivesse disposto a nos escutar. Estradar, conhecer gente nova e poder assuntar o que se passa em outras paragens, juntamos tudo e no rescaldo, o trio, que de calafrio não tem nada - mais de mosqueteiros -, nos demos por satisfeitos.

Fazemos parte dos que, insuflados, convidados e convocados, lá comparecemos. Fausto veio de longe, lá de Guarulhos, ficou instalado em minha modesta casa por algunsdias, tudo nos preparativos para o evento. Roberto Pallu saiu de um estado de letargia, provocado por três meses de apagão em sua vida, sendo este um dos recomeços, quando pode além de estar presente, se mostrar mais vivo que nunca, poder fazer uso da palavra. E este Mafuento HPA, intrépido criador de casos, "historiador das insignificâncias", produtor de algumas coisas, sempre circulando pelas vicinais e atalhos, nos juntamos, cada qual com sua experiência de vida, algo a nos corroer por dentro, aportando numa bela manhã em Arealva e ali podendo consumir o tal do orgasmo falativo.

E falamos cada qual ao seu modo e jeito, sem muita preparação. Falamos de como se deu a construção do livro de Reginópolis, 13 anos atrás e um outro no final de 2024, 12 anos depois, todo feito através de depoimentos de gente dessa cidade. As imagens retratadas pelo Fausto demonstram bem isso, a importância das pessoas mais simples na construção da história de uma localidade. Isso foi ressaltado, como quando, eu e Pallu, construímos outro, este saindo agora, contando do centenário de Iacanga. A gente gosta de falar e de mostrar, daí além dos livros, gravamos, colhemos depoimentos e registramos histórias, através do infalível método da Memória Oral. Ali mesmo, em Arealva, eu e Pallu realizamos o documentário "Cidade das Águas", com 25 depoimentos de gente de toda espécie, quando tentamos descrever dos motivos de Arealva ser assim conhecida. Ao final, cremos ter conseguido algum proveito e encaminhamento para o entendimento sobre o que está por detrás da denominação inscrita lá na placa na entrada da cidade.

Imagina então estes três, cada qual querendo falar e contar detalhes disso tudo e de outras experiências. Falamos pelos cotovelos. Gostamos disso e da participação popular. Foi também mais que bom ter a participação de uma representante do grupo da terceira Idade, ela relatando sua história, a do grupo onde atua e do que podemos em conjunto fazer para ter um documento onde eles lá do grupo possam não só dalar, gravar depoimentos, se deixar fotografar, mas ter registrado suas histórias. Nasceu ali mais um compromisso a nos embalar a vida. E assim seguimos, assim gostamos de tocar a vida, se mostrando útil, instigando outtros a também seguirem com algo edificante e a mover suas vidas. Ainda tivemos contato com a professora Rosa Lucia Rezinette, que está junto com mais duas persistentes realizadoras, de reviver e contar algo da história do centenário da paróquia católica da cidade. Os documentos que ela já recuperou vão muito além da história da igreja e ajuda e muito a reconstruir também a história de Arealva.

E, Fausto e Pallu adoramos estar enfronhados em algo dessa natureza. Daí porque não quero ir sózinho nessas barcas, pois creio eu, estar acompanhado, ouvir junto de outros comungando as mesmas ideias é ampliar o leque, abrir os braços, assim facilitar o vôo e poder com a ajuda de mais cabeças, fazê-las funcionar e coletivamente, ver como algo pode ser feito para ajudar, contribuir e também se inserir junto de outras lutas, pois todas convergem para este algo que também nos move, o de fomentar a boa e necessária discussão. Voltamos e fomos almoçar juntos num pequenos restaurante junto do residencial Camélias, também por ali gerando mais boas conversas, todas muito energizantes, porém, como isso já é outra história, podendo até ser descrita em outro texto, este por aqui se encerra. Os mosqueteiros mosquetearam um bocadinho hoje e eu voltei pra casa recarregado e cheio de inspiração para continuar aprontando pela aí.

E assim, GILSON CARRARO, diretor de Cultura de Arealva, comenta sobre o ida dos três participar do evento literário em sua cidade: "Alexandre Dumas, criador dos 3 mosqueteiros, disse que o mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes. Se eu os fiz feliz, feliz estou. Voltem sempre. Cultura a gente não faz, a gente vive. Obrigado pelo reconhecimento. O festival foi gestado com muito carinho para trazer reflexões importantes à comunidade arealvense. Gratidão a todos os que foram prestigiar e aos que agregaram com sua arte nesta realização". 


NÃO MUDANDO DE ASSUNTO
NENHUM BANDIDO IMPORTANTE MORA EM FAVELA
Na favela e nas periferias do país e do mundo moram os menos importantes, os que acabam morrendo em quantidade e aparecem nas manchetes todas na imprensa. Quando existe uma falação desenfreada sobre a violência urbana e a criminalidade, para demonstrar serviço, algo precisa ser feito e o é da forma mais simples possível. Ir atrás do lado mais fácil e executá-los, como forma de mostrar serviço é algo que choca a opinião pública, pois os argumentos podem até ser muito convinventes, enfim, ali a coisa flui de forma meio que incontrolável. Mata-se em grande quantidade é depois deita-se na falação de que "bandido bom é bandido morto". Sempre foi assim, misturando alhos com bugalhos. O que nunca foi feito é a eliminação do problema na raiz. O maior delinquente, o maior bandido, o chefão mesmo da coisa não está lá na favela. Ele, na maioria das vezes é gente de colarinho branco, vivendo do bom e do melhor, com boas funções públicas, estabelecido com nome já consolidado na praça e com respaldo por todos os lados. Possui todo um lobby a seu favor, daí, muito difícil chegar perto dele e até mesmo identificá-lo. O bandidinho pé de chinelo não existiria sem ele, sem o seu respaldo e sua força para continuar atuando nos "negócios". Enquanto ficam matando só os pequenos, os graúdos continuam intocáveis e rindo, pois lá embaixo, dentre a patuléia, fácil a substituição, a troca das peças e tudo continuará como dantes. Não existe comoção, na mesma proporção quando começam algum tipo de incursão para identificar e criminalizar os poderosos de plantão, muito mais criminosos e bandidos que os do patuléia. Eu não estou aqui para ficar rendendo com meus textos, louros nenhum para a matança, pois sei o que está por detrás dela. Minha função é ficar espezinhando, apontando o dedo e se possível, identificando os dos degraus de cima, os que comandam a bazófia, os reais capos do crime orrganizado, os que ganham muita grana com tudo isso e fazem dos negócios escusos seu modus operandi. O crime lá dos pequenos não existiria, por exemplo, se não existisse aquelas mais de 40 firmas lá da Faria Lima, que foram descobertas e denunciadas, esses fazendo o jogo sujo, lavando a grana para os lá da ponta. Quem ganha dinheiro mesmo são esses, os atravessadores, os que movimentam tudo o que é possibilitado lá pelos que estão na ponta. Não sei se me fiz entender.

E COMENTANDO MEU TEXTO: "Li duas coisas de alguém que conhece as estruturas do crime organizado, que me fizeram pensar a respeito:
Primeiro:
O tal do Doca, até ontem um ilustre desconhecido e hoje muito famoso e apontado como o poderoso chefão, na verdade não passa de um "gerente de lanchonete de periferia ".
Na organização não está sequer no quarto escalão de comando.
E note-se, ainda assim não conseguiram capturá-lo.
2.500 policiais, todos os recursos nas mãos, até a execução sumária, e nada do mero Doca.
E a segunda coisa, aquilo que a história de todos os paises comprova :
Não existe Crime organizado sem a participação intrinseca do Estado.organizado.
O poder paralelo é apenas um braço do poder oficial que não quer sair feio na foto.
É sempre isso", MARCOS SERGIO DE CASTRO.

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