terça-feira, 18 de novembro de 2025

FRASES (263)


PODERIA CONTINUAR DIZENDO DAS ABERRAÇÕES DO DESGOVERNO SUELLISTA BAURUENSE, MAS HOJE QUERO E VOU DIVAGAR UM POUCO
Não tem como pegar leve com quem hoje desgoverna Bauru. As péssimas notícias são diárias. E cada uma pior e mais estarrecedora que a anterior. A taxa do lixo quando da privatização vai ser arrebatadora, ou seja, contundente no bolso dos contribuintes bauruenses. Nenhuma surpresa para alguém nos governando de costas para a população. Na sequência, a incomPrefeita anuncia seis áreas públicas, todas sendo colocadas à venda, só para fazer caixa, pois se endividou tanto que, agora não sabe mais nem como fechar o caixa no final do mês. Dizem que o Natal pode ser periclitante, daí quer se desfazer de bens, só para fazer caixa. Tudo já é um horror, mas ao ligar a TV hoje, o anúncio de que, a administração dela foi condenada pela incompetência em não concluir as obras iniciadas e nunca concluídas, hoje abandonadas, do estádio Olímpico da vila Nova Esperança. O crime começa com todo o investimento e equipamentos esportivos abandonados. Tem outra obra na mesma situação, a da Estação da Cia Paulista, ali na Julio Prestes com Rio Branco, onde um dia dizem seria reaberto e colocado pra funcionar o Museu Histórico. Depois teve outro pedido de empréstimo, a bagatela de R$ 111 milhões, para obras nunca definidas. Dá para continuar essa relação, pois elas só demonstram a incompetência administrativa fundamentalista em curso. Encerro aqui a ladainha, com a frase repetida por mim a todo instante e em todo lugar: essa administração, mais dia menos dia, terminará num plantão policial. Sem palavras.

Vamos ao que interessa. Por estes dias termino a leitura de dois livros e quero tecer alguns breves comentários de cada um deles. Ler me distrai de perder a calma com a barbaridade administrativa em curso na cidade de Bauru. Desde o falecimento do cronista Luis Fernando Verissimo queria reler um de seus livros. Inicio um, crônicas escritas de 1991. Trata-se do “ORGIAS”, editora L&PM RS, 144 páginas, algo que fui lendo em drops, uma por dia. Terminei anteontem. Um prazer ler alguém tão magistral na formatação e ajuntamento das palavras. Seleciono algumas frases para exemplificar o primor da observação:

- Sei que as pessoas falam, mas o que posso fazer? Em Porto Alegre falam de todo mundo.
- Cansada de assistir à História no Jornal Nacional em vez de fazê-la.
- A imprensa brasileira, em vez de cumprir seu legítimo papel numa sociedade democrática, que é o de dar a previsão do tempo e o resultado da Loteria, insiste em perscrutar as ações dos políticos, como se estes fossem criminosos comuns, não qualificados, e em difamá-los com mentiras.
- ...esperamos que o político, abjetamente, deixe de dar um emprego para alguém do seu sangue e dê para o parente de outro, às vezes um completo estranho, cuja única credencial é ser competente ou ter passado num concurso.
- A vida é uma bola, há os que a dominam no peito e põem, maciamente, na grama, e há os que a aparam com o nariz e chutam a grama.
- Já que o Brasil vai pra lá mesmo, o melhor é ir na frente e pegar mesa de pista.
- Você não pode viver solialisticamente num país capitalista, mas deve ter sempre em mente que existe a alternativa.
- Deus, o primeiro autocrata, fez o mundo como bem quis, sem ouvir as bases, sem plebiscito. O que, pensando bem, foi a nossa sorte, pois, se o Criador tivesse optado pelo método democrático, o universo não estaria pronto até hoje e estaríamos perdendo todos os bons seriados na TV.
- Mas e se a liberdade foi mal distribuída e meu vizinho tem um latifúndio de liberdade enquanto que a minha é a de um quintal de liberdade, liberdade mesmo que tadinha? Não é feio sugerir um reestudo da divisão.
- Mas eu desconfio que a única pessoa livre, completamente livre, é a que não tem medo do ridículo.

Hoje, terça, estava tão acabrunhado com a perda do querido Jards Macalé que, sentei à tarde no Mafuá, sozinho, eu e meus livros, pego um sobre ele, o trazido do Rio, lá da livraria Folha Seca, coleção Álbum de Retratos – Jards Macalé, escrito pelo João Pimentel, ano 2017, 128 páginas, com fotos e um belo texto revendo toda a vida deste irreverente cantante e poeta carioca. Só saio do sofá, depois de devorar o livro de cabo a rabo. Dissequei o Jards. A concepção dessa coleção, 24 volumes, que tenho inteira foi a de reunir, em livro, o acervo pessoal de fotografias de determinadas personalidades das artes e da cultura do Brasil, indo do cinema à música, do jornalismo à poesia, sempre com outras personalidades escrevendo os breves perfis dos fotografados. Neste do Jards, uma viagem desde sua infância.

Dos textos selecionados, começo com quando ele rebate e se defende de ser intitulado maldito. “Maldito está no Aurélio: Diz-se daquele ou daquilo a que se lançou a maldição, condenado; ou pernicioso, execrável. Funesto; e mais, muito mau, perverso, malvado, maligno”. Pesado, não? Pimentel no texto o define de outra forma: “Contestadores na forma, no conceito: artistas que não fizeram concessões, não subiram degrau por degrau a escadinha fácil do sucesso. E aí é fácil identificar Macalé, Jorge Mautner, Luiz Melodia, Walter Franco, Itamar Assumpção, Tom Zé, que em comum tem o fato de serem geniais, intuitivos, sensíveis, absurdamente criativos e, mais que tudo, autênticos”. 

De todas suas letras, escolho essa, a da letra Mal Secreto, parceria com Waly Salomão: “Não choro/ Meu segredo é que sou rapaz esforçado/ Fico parado, calado, quieto/ Não corro, não chorro, não converso/ Massacro meu medo, mascaro minha dor/ Já sei sofrer/ Não preciso de gente que me oriente”.

Tem outra poesia, muito marcante, a de Olho de Lince, também em parceria com Waly Salomão: “Quem fala que sou esquisito, hermético/ É porque não dou sopa, estou sempre elétrico/ Nada do que se aproxima nada me estranha/ Fulano sicrano beltrano/ Seja pedra seja planta seja bicho seja humano/ Quando quero saber o que ocorre a minha volta/ Ligo a tomada abro a janela escancaro a porta/ Experimento tudo nunca me iludo”.

Amanhã, dependendo da aberração produzida pela nossa nada dileta alcaide, volto à carga descarregando um caminhão de aporrinhações, despejo novamente meu caminhão de bostas frescas na porta de entrada do Palácio das Cerejeiras, com endereço, CEP e tudo, repetindo sempre os dizeres, renovados de alguma forma: “Não vejo a hora disso tudo terminar num plantão policial”.
Nada como fechar este texto com a refelexão proporcionada pela tira de Miguel Rep.

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