quinta-feira, 10 de julho de 2008

UM COMENTÁRIO QUALQUER (15)

OS SATYROS, COM "VESTIDO DE NOIVA" EM LENÇÓIS PAULISTA
Tenho que relatar isso. Estive ontem em Lençóis Paulista assistindo pela primeira vez algo do grupo OS SATYROS, encravados bem juntinhos à praça Roosevelt, no coração de São Paulo e com uma proposta teatral das mais atraentes a arrojadas. Essa Cia de Teatro está apresentando pelo interior uma novíssima versão de "Vestido de Noiva", de Nélson Rodrigues. Lá em Lençóis, tudo foi possível graças ao PAC e a união com a Cultura local, na pessoa do sempre atento Nilceu. Como eles ainda não possuem o seu teatro e o auditório tem capacidade para no máximo umas 150 pessoas, levaram tudo para a boate Four, que lotou e bombou. Casa cheia e diversão garantida, pois o pessoal dos Satyros estiveram impecáveis. Nesse primeiro contato, após tudo o que já havia lido deles, sai de lá (eu a amiga Lygia Juncal, que esteve comigo) com a alma lavada e querendo mais.

"A história é bem simples: a personagem Alaíde é acusada de roubar o namorado da irmã, é atropelada e envolve-se com uma cafetina do início do século 20. Daí pra frente é um mergulho sem censuras na alma humana, como só Nélson Rodrigues seria capaz de realizar. (...) Ver uma obra revolucionária fora do seu contexto histórico nem sempre é uma experiência prazeirosa. Muito pelo contrário... Normalmente as inovações trazidas por ela já foram absorvidas pelas obras posteriores e nós, expectadores contemporâneos, não conseguimos entender o pôrque de tanta importância atribuída à obra original. (...) Vestido de Noiva realmente merece a denominação de clássico. Cinquenta anos depois de escrita ainda conserva todo o vigor que uma obra de arte deve ter, não é umapeça de museu", relata Edgard Almeida, em fevereiro de 2008, num texto encontrado na internet.

A epopéia pelo interior paulista foi iniciada por Lençóis e a grande novidade foi rever Helena Ignez no papel de Madame Clessi. Foi uma pena Norma Benguel não estar com eles nesse empreitada, pois estava gravando para a TV Globo. Eles realmente são ousados e procuram esquecer o que já havia sido feito antes, apresentando uma nova leitura sobre a obra. Com um cenário utilizando-se de imagens gravadas e lançadas num grande véu sobre o palco, viajamos junto com o grupo. O elenco é grande e bem eclético, contando inclusive com a dama cubana, a transexual Phedra Cordoba, que do alto dos seus 70 anos, retornando com o grupo agora de Cuba, faz uma ponta divinal. Adorei e já me prontifico a na próxima ida para Sampa ir em busca de outras coisas disponibilizadas por eles. Foi uma noite e tanto, tanto que vi por lá, como pela companhia (a que estavacomigo).

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