sábado, 2 de março de 2019

MEMÓRIA ORAL (237)


A DESORGANIZAÇÃO NAS RUAS DE BAURU - APÓS MISSÃO CUMPRIDA, UM MEA CULPA CHEIO DE ORGULHO E CONTENTAMENTO

Ainda do desfile do bloco frasesco, brulesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto ocupando no sábado as quadras do Calçadão da principal artéria comercial do centro bauruense, a rua Batista de Carvalho, pouco antes da saída do bloco da praça Rui Barbosa para ganhar as ruas, sou abordado por uma jornalista para uma entrevista.

- O senhor responde pela organização do bloco?

Entre sorrisos lhe respondi:

- Diante de tudo o que está presenciando, ainda tem a coragem de dizer "organização". Sou sim um dos "desorganizadores" do conglomerado aqui presente.

Olhamos para os lados, caos praticamente instalado e a entrevista rolou com o som, recém instalado e dando problemas, diante de uma garoa que ainda insistia em querer cair (depois ela se dissipou definitivamente, após acordo de armistício com alguns lá de cima, que combinamos não divulgar os nomes).

Escrevo esse texto para tecer loas para nossa DESORGANIZAÇÃO. Promessa de todos os anos (olha que este já é o sétimo), sempre quando acaba a descida do bloco, a gente reúne os cacos e diz quase sempre a mesma coisa: "Foi bom, diria até ótimo, mas continuamos desorganizados. Vamos nos reunir e propor algo coletivamente pra mudar, tentar se organizar ao menos com um mínimo de sensatez e racionalidade, algo que todos possuem ao longo do ano e em suas atividades".

A proposta até o presente momento não passou disso. Algo de hilário eu conto aqui do que se passou na praça antes da gloriosa descida do bloco, quando todos os problemas são devidamente apagados e com o furdunço em andamento, a alegria contagia a todos, uma garra buscada lá do fundo e tudo acaba sempre dando certo. Até porque a gente faz uso de uma lapidar frase de Fernando Sabino, "se a coisa não deu ainda certo é porque ela não terminou".

Tínhamos problemas com o som desde a véspera e os tratamos com paliativos, levando-os para a praça. O som existente não comportaria tocar CDs nem pen-drives, daí contratamos o som do João, o da bicicleta. Ele nos garantiu que sua aparelhagem tocaria CDs, pois a intenção era colocar pra rodar na praça, desde às 11h, muitas marchinhas em alto e bom som, tudo ali encostado ao coreto. João chegou e o CD não funcionou. Ficamos no gogó. Para completar a balbúrdia um evangélico pentecostal sobe no coreto e de lá liga uma caixa de som com suas músicas e começa sua ladainha. Foi hilário. A solução foi fazer uso do nosso microfone e alternar falas e convocações para a descida. Tatiana Calmon até ensaiou cantar a marchinha à vera e foi acompanhada por todos.

Não tivemos nenhum entrevero com o tal evangélico que até falava sobre os poderosos da cidade, seu jeito de dizer o quanto o pobre era injustiçado na cidade sem limites. Porém o momento se aproximava e começamos o nosso falatório com as homenagens para o Alemão, nosso muso e também a entrega do Prêmio Desatenção, para o radialista da Velha Klan, o Alexandre Pitolli, pelos destratos com o que cremos condução jornalismo dentro da verdade factual dos fatos no ano que passou. O evangélico acabou indo pregar em outro canto e nós imperamos no local.

No momento da descida, som ligado um cabo se solta do pequeno carrinho cedido pela CUT e um plug fica quebrado dentro do aparelho. Novo perrengue, só solucionado no começo da descoda do calçadão, quando um dos integrantes do Kananga descobre uma loja de equipamentos eletrônicos justamente na primeira quadra e ali compra um novo plug, instalando o mesmo em plena bagunça já instalada e Roque Ferreira, no mesmo local, compra mais um microfone. Com esses problemas solucionados tem início a demonstração de garra, pujança e desprendimento dos tomateiros.

Tenho ainda que comentar, também para demonstrar o quanto "padecemos no paraíso", a questão de um carrinho de compras, emprestado do advogado Gilberto Truijo e ali levado à duras penas, tudo para ser preenchido com laranjas que seriam distribuídos para a assistência, numa clara alusão a esse imenso laranjal que se transformou o desGoverno do Coiso Bozista. Um deixou para o outro e o outro deixou para mais outro e as tais laranjas não chegaram ao seu destino. Na última hora não dava para ir caçar laranjas pela aí e descemos com o carrinho vazio, cada hora empurrado garbosamente, num rodízio. Ele foi uma espécie de outdoor de cartazes variados colados por todos os lados e cumpriu um papel didático.

Tiveram outros (muitos outros), mas a chuva, como escrevi no começo, não mais caiu, a energia positiva irmanada por todos os poros pelos participantes contagiou a Batista e a mensagem foi passada com sucesso. Bauru tem tanta mentira a ocultar seu dia a dia, que não seria numa simples marchinha carnavalesco que iriamos conseguir revelar tudo o que se mantém ainda oculto debaixo dos panos de sua inconsequente vida política. Fizemos a nossa parte, colocamos o dedo na ferida e cutucamos com o Prêmio Desatenção uma pessoa que, pelas quantidade de desafetos colecionada na cidade, motivo de muito reconhecimento por todos os lugares onde pudemos conversar a respeito (escrevo disso em outro momento), tivemos a mais absoluta certeza: acertamos em cheio e se um leve toque na arrogância como é feito uso de um microfone for conseguida, mais um ponto para os tomateiros.

No mais, barbarizamos, festamos e criticamos o que rola por aí, sempre ao nosso modo e jeito, de forma contundente, porém, como frisei lá no começo, "desorganizadamente". Para o próximo ano, o oitavo, a promessa é a mesma, reuniões para tomar conhecimento de onde erramos, tudo com o intuito de acertar, ser menos desorganizados, porém, só de pensar em tais reuniões, parte do bloco torce o pescoço e conclama: "Não se mexe em time que está ganhando". Sei não, creio que neste ano nos reuniremos até para ver no que podemos melhorar mais essa participação dentro do carnaval bauruense. Ideias, sugestões e estarem junto desses tomatistas predispostos a botar o bloco na rua são sempre bem vindas. A gente continua fazendo a nossa parte, seguindo fielmente o lema que caiu no nosso colo: "a gente faz festa, mas tá puto da vida".

E assim fomos vitoriosos mais uma vez e aos trancos e barracos, a proposta segue vigorando e sendo passada adiante...
HPA, fazendo seu mea culpa pelos tomateiros, Bauru SP, domingo, 03 de março de 2019.

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
Mauricio Passos BAURU SEM TOMATE É MIXTO e viva os tamateiros

Maria Cecilia Campos Com tudo isso, e por tudo isso, a descida do Tomate pelo Calcadao da Batista este ano foi ótima. Foi um percurso mais longo, não na distância, mas no tempo de duração. Estávamos contagiantes, sem dúvida. A prova são as pessoas que se juntaram a nós enquanto passávamos. Esse desfile é uma explosão de Loucos por Alegria! Por falar nisso, sentimos sua falta, Rosangela Maria Barrenha!

Rose Flag Troco não só muito cansada e precisando relaxar

Denise Amaral Roo faz bem em descansar...te amamos

Ricardo De Callis Pesce Desta vez o Bloco se superou. Olha que ganhar de um evangélico no discurso é tarefa para o próprio Demo.

Tatiana Calmon Karnaval Ricardo De Callis Pesce kkkk

Maria Cristina Romão Maria Cecilia Campos verdade, também senti a falta da Rose Flag e suas netas.

Maria Cristina Romão Tatiana Calmon Karnaval quando eu desci do carro e ouvi o pastor achei que tinha descido no lugar errado...kkkkkk

Tatiana Calmon Karnaval Maria Cristina Romão kkkkk falei mais alto kkkk

Rose Flag Maria Cecilia Campos sempre Louca por Alegria, minha amiga querida Maria Cecília Campos

Rose Flag Maria Cristina Romão estava exausta! Precisando desligar,! Ano que vem eu tô aí!

Maria Cecilia Campos Rose Flag a gente sabia do seu cansaço, e te desejamos o melhor. Você é muito amada por todos nós. Mas torcemos pra que você volte logo. Temos um ano inteiro de encontros!

Rose Flag Maria Cristina Romão estávamos em espírito e coração Louco por Alegria!

Murilo Cabral Nunes Foi lindo! A conquistar os bairros!

Antonio Pedroso Junior muito bom.

Bruno Sanches Muito bom. Feliz por ver tanta gente animada e resistente, ocupando o que é dela (a rua). Peço desculpas por não ter conseguido ir, mas espero voltar para os próximos