quinta-feira, 3 de setembro de 2020

FRASES DE UM LIVRO LIDO (157)


IMPRENSA
1.) GUINADAS MERECEDORAS DE ELOGIOS - MARIA AMÉRICA NO JORNAL DA CIDADE
Do nosso único diário impresso, o Jornal da Cidade - último dos moicanos -, confesso, tenho e tive vários amigos em suas bancadas ao longo do tempo. Relembrar alguns seria esquecer de outros. A situação não está boa lá pelos lados da rua Xingu. Situação parecida na imensa maioria dos órgãos de imprensa impressa deste país, todos dependentes, a maioria fugindo de sua verdadeira e original função. Dos poucos jornalistas que lá restaram, alguns valorosos. Resistem como podem, tentando impor uma pauta, postura e posição menos dolorosa, minimizando a pegada neoliberal dos donos do negócio. De alguns, antes achava-os mais ao lado destes, hoje mais corajosos e isso, pelo que representa num mundo onde cada vez menos pessoas se posicionam, alguns precisam ser citados e nominados. Faço com um destes em dois textos recentemente publicados.

MARIA AMÉRICA FERREIRA, não só apreciei sua guinada para o nosso lado, como até repassei o endereço da crônica para amigos. São estes:
1 - SAUDADE DOS TEMPOS DE REBELDIA
"Uma noite gelada como há muito tempo não acontecia. Um barulho ensurdecedor de escapamentos toma conta das ruas. São eles os intocáveis. Insistentemente, os pensamentos um tanto saudosistas inundam a mente. Saudade dos tempos em que entre os valores passados por gerações incluíam respeito, educação, gentileza, humildade, paciência, caráter, entre outros.
Hoje o que se vê é uma sociedade adoecida e egoísta, onde quase todos são donos da verdade. Uma geração mal educada, que não respeita nada e acha que é o máximo. Jovens que não sabem fazer o Ó com o fundo do copo e se fazem de intelectuais. Uma pobreza de espírito sem precedentes. Um olhar apenas para o próprio umbigo, sem se importar com mais nada. Não se trata de generalizar, mas, considerar a maioria nessa condição.
Caminhando pelas ruas estão robôs, grudados em um aparelho de celular, incapazes de tirar os olhos da tela para atravessar a rua. Eles não sabem por onde andam, não conseguem levantar os olhos e olhar para alguém que também caminha pela rua. Os iguais se entendem. Vivos mortos, ou mortos vivos, tanto faz. É óbvio que vão aparecer os defensores da ignorância dizendo que esse comentário é coisa de velho. Coisa de quem vive no passado ou de quem não evoluiu. Se isso for evolução, certamente, é melhor viver no passado. Que saudades da rebeldia dos anos 70, da juventude transviada, época em que loucos eram os que cruzavam a cidade a pé, passavam por todos os botecos e não incomodavam ninguém. Loucura era sentar na esquina, na sarjeta, e conversar até o dia amanhecer, sem incomodar ninguém. A época era de cultura e contracultura, efervescentes. Quem dera toda loucura fosse assim.
Ah! Os loucos. Só queriam viver em paz. Trabalhavam, andavam a pé, se importavam com os outros. Estudavam e cresciam como pessoas. Ouviam e respeitavam os mais velhos. Pensavam e não se deixavam abduzir por maquininhas. Não se escondiam atrás de um aparelho. Eram loucos. Falavam sobre tudo. Prestavam atenção nas estrelas. Não se deixavam levar pela mídia mentirosa, que rouba sonhos e constrói monstros. Nem engoliam qualquer coisa como arte. Onde foi que tudo se perdeu?
Onde foi que o respeito deixou de ser importante? Para onde foram os valores que realmente transformam um ser, em humano? Aos saudosistas de plantão, só resta torcer para que esse estado de coisas seja apenas mais uma fase da humanidade".
Eis o link: https://www.jcnet.com.br/opiniao/articulistas/2020/08/733787-saudade-dos-tempos-de-rebeldia.html
Ontem, novamente, Maria América bateu pesado:

2 - À BEIRA DO ABISMO:
"Foi mais ou menos assim: "Vocês precisam sair daí. A casa (o barraco) pode cair a qualquer momento. Aquela árvore põe em risco tudo, porque ela pode cair sobre a casa". O prazo é até outubro.
A solução: construir três cômodos a 100 metros do local mencionado. É provisório. Só até ficarem prontos os predinhos para onde vão todos que 'moram' nos barracos. Mas quando vão ficar prontos os predinhos? "Não sabemos. Era para o ano passado. Até teve invasão. Mas tiraram todo mundo de lá". Enquanto isso, o buraco que começou tímido há muitos anos, se transformou em uma enorme erosão, capaz de engolir os barracos construídos ao longo do buraco, que não era cratera, mas cresceu e virou um monstro.
Pensa que isso é ficção? Não. É a realidade enfrentada por muitas famílias que moram, sobrevivem ou tentam viver em uma favela de Bauru. Depois do anúncio de que era necessário sair de perto do buraco, não houve nenhum tipo de ajuda para a retirada das pessoas dos barracos. Espera, houve alguma coisa: estão canalizando o buraco, quer dizer, o esgoto ou riacho que passa dentro do buraco.
Parece uma história criada com requintes de detalhes, só para impressionar quem lê. Mas não é. É a realidade que se arrasta há anos, passando de administração para administração sem que se apresente uma solução. Talvez, o resgate da dignidade das pessoas que por lá sobrevivem. Ou, quem sabe, o começo de uma vida decente para todos. Mas tudo isso são detalhes.
A realidade é bem outra. Foi dada a largada para as eleições municipais. A partir deste mês de setembro começa a maratona das campanhas. São 13 candidatos ao cargo majoritário. Uma infinidade buscando um lugar na Câmara. Eles vão conhecer o buraco e prometer para as famílias que a solução virá em breve. Ah! Não se esqueçam dos predinhos.
Não seria possível inverter tudo? O primeiro que resolver o problema, antes das eleições, será o escolhido. Seria interessante. Antes de prometer, fazer o necessário para melhorar a condição de vida das pessoas. Mas isso é impossível. Não é. Quem pode gastar rios de dinheiro em campanhas, pode mostrar resultados antes de só fazer promessas. É possível envolver a iniciativa privada, as universidades, todos em sintonia para resolver problemas. Afinal, empresas também patrocinam campanhas. Por favor, sem propina.
Isso sim é pura ficção!".
Eis o link: https://www.jcnet.com.br/opiniao/articulistas/2020/09/734312-a-beira-do-abismo.html

Jornais hoje possuem linha editorial definida pelas tais das leis do mercado, na imensa maioria das vezes, a mesma dos donos do negócio. Impossível não notar como alguns ali atuando fazem de tudo e mais um pouco para contornar o que lhes é imposto como rumo. Vou tateando e sacando algo nos que vejo sendo publicado. Existe uma resistência, enfim, sempre existiu. Volto ao assunto em outro texto.

2.) EXISTE LIBERDADE DE IMPRENSA EM BAURU? A QUESTÃO DA INDEPENDÊNCIA E DOS INTERESSES OCULTOS E INCONFESSÁVEIS
Vez ou outra me ponho a escrever sobre Jornalismo, Jornalistas e seu papel no mundo onde vivemos. Não existe como negar e escamotear, a imprensa brasileira sempre esteve atrelada a interesses comerciais, na maioria das vezes, desplugada e em confronto com os preceitos do bom jornalismo. Quando pesquisei sobre meu mestrado, juntei escritos variados sobre o tema, pois iria escrever sobre uma coisa, depois alterada ao longo do período. Muito do juntado cai como uma luva para analisar algo ocorrendo hoje. A teoria explica muita coisa. A imprensa bauruense ainda irá merecer um dia um Estudo de Caso de grande monta, pois mesmo no seu auge, nunca se desvinculou de fato do interesse patronal. O que despontava nas brechas é o que salva tudo o mais. Ah, não fossem as brechas...

Hoje, por exemplo, como não desdizer da bestialidade em curso nessa pérfida rádio, a ex-Auri Verde, hoje Jovem Pan, ops, digo, velha Klan. Querem se mostrar os únicos impolutos na cidade, criticam todas as demais – muitas vezes com razão -, mas não se enxergam, pois não são nada santos – diria, lobos em pele de cordeiro. Enfim, esse tal de jornalismo idependente é mesmo algo sempre buscado, ainda não alcançado. No momento, a imprensa mostra-se atrelada aos interesses do Estado, dos grandes grupos econômicos nacionais e multinacionais e quando analisados nos locais onde ainda funcionem jornais, rádios e TVs, a imensa maioria atrelada aos “donos do poder” local e assim, contribuindo para manter a escrita do jornalismo como mercadoria.

Penso neste texto no papel dessa rádio aqui em Bauru, mas o faço também pensando no Jornal da Cidade, TV Preve, TV Tem e Record, rádios 94 e 96FM. Umas mais, outras menos. A explicação buscada na pesquisa teórica vale para todos. Fazer jornalismo é antes de tudo informar e a atualidade sua característica maior, pois vive do cotidiano, do presente, do efêmero. Escrevo constatando que, avaliando o que vejo como jornalismo no momento, todos possuem em mente a política editorial do meio onde atuam, a orientação ideológica de onde trabalha e o público o qual se dirige.

José Marques de Mello em A Opinião no Jornalismo Brasileiro afirma: “A seleção da informação a ser divulgada através dos veículos jornalísticos é o principal instrumento que dispõe a instituição (empresa) para expressar a sua opinião. É através da seleção que se aplica na prática a política editorial. (...) Os grandes jornais e outros veículos de comunicação geralmente estruturam sua cobertura no sentido de legitimar os núcleos de poder”. Outro que diz muito sobre como se dá as relações da imprensa nativa com o poder é Nelson Werneck Sodré, em A História da Imprensa no Brasil quando afirma: “A história da imprensa é a própria história do desenvolvimento capitalista, sendo o controle dos meios de difusão, de ideias e de informações, que se verifica no desenvolvimento da imprensa, o próprio reflexo do desenvolvimento capitalista, no qual está inserido”. Dito isto, o vínculo existente entre a imprensa e o capitalismo no problema da liberdade de informar e opinar é mais do que evidente, diria mesmo, umbilical. Quando ouço, por exemplo, o Pittolli da Klan, ele querendo se mostrar como isento, esconde na verdade outros interesses, muitos expostos na própria programação em explícitos jabás, falas contínuas de políticos, todos de um mesmo segmento político, o mais conservador no momento. Se fingem de santos, mas possuem um lado, Todos o possuem.

O mesmo Werneck considera que “só existe imprensa livre, quando o povo é livre, imprensa independente em nação independente, e que não há nação verdadeiramente independente em que seu povo não seja livre”. Evidente na teoria muito do que vivemos na prática no Brasil. A comunicação, como sabemos, se acha condicionada pelas circunstâncias econômicas e políticas. A imprensa hoje tem dois tipos de mercado para atuar, o do leitor e o dos anunciantes, sendo ambos ligados, juntando-se a estes o interesse patronal, que nada mais é do que o do mercado. Como ser independente nessa conjuntura? Difícil. Ser independente é sinônimo de ser soberano, sem amarras ou sem intervenção de outros na ação e na efetiva construção dos caminhos traçados. Não pensem que a rádio citada é independente, pois fácil detectar sua ligação com o ideal bolsonarista do momento. 

Nenhum dependente assim se declara. Dependência significa subordinação econômica e política e tudo neste país deve ser estudado sob o ângulo do modo de produção capitalista dependente. A estrutura de todos os meios de comunicação massivos no país funcionam em sincronia com esse quadro geral. Torna-se imprescindível a existência de capital para mover qualquer empreendimento nessa área e todos sendo atrelada ao capital da burguesia nacional, essas difundem informações e opiniões segundo sua visão de mundo. Nem sempre a verdade dos fatos é o mais importante. E onde entra o povo, o leitor? Faixa reduzida da população o dispõe de grana para ler jornais e revistas. A maioria obtém informação através do rádio e da TV, hoje também da internet. Como se sabe, nosso povo sempre se manteve à margem da história. Obter informação pelos meios massivos é recebê-lo segundo a visão do que interessa a classe dominante. O que interessa ao cidadão comum, ao trabalhador não está ali abordado. Não existe interesse e quase nenhum importância aos temas e desejos das classes subalternas.

Não quero me alongar mais do que já o fiz. Escrevo para comprovar da não existência de “santos” nesse negócio jornalístico. O melhor mesmo é sempre confiar desconfiando. O capitalismo dependente que aqui se implantou produziu até hoje uma imprensa também dependente. O caso de Bauru se encaixa como uma luva nisso tudo, sem tirar nem por. Destes citados, onde está de fato a independência de opinião? Quiçá aqui e ali, esporadicamente, porém, nada permanente e como linha de atuação. Ressalto muito a atuação de jornalistas atuando nesses locais e ali despontando, conseguindo pelas brechas impor algo diferente, ousado e fora da linha editorial. Cada qual sabe até onde pode ir e assim seguimos. Todos se dizem os mais libertários deste mundo, mas cada qual tendo seus interesses e rabo mais que preso. Podem enganar aos incautos, mas não a todos. Independência não existe por essas plagas, pelo menos na imprensa tradicional.

3.) DEPENDÊNCIA OU MORTE – A QUESTÃO DA INDEPENDÊNCIA NA IMPRENSA: O CASO REPÚBLICA
O título deste texto é também o de um livro que termino de ler neste exato instante. Autoria de Vera Lúcia Rodrigues (Editora germinal SP, 2004), trata em primeiro lugar da defesa de tese da jornalista e depois transformado em livro, com assunto mais que candente: a curta trajetória do Jornal da República (de 27/08/1979 a janeiro de 1980), sendo único no que possibilitou, um jornal independente dentro da estrutura capitalista. Inusitada reunião de jornalistas com um propósito de escrever sem amarras, “livre, leve e solto”, algo único e desde então, nenhuma experiência da mesma natureza foi tentada em território brasileiro pela via impressa. Mesmo na via virtual, todas esbarram principalmente na questão financeira, econômica, falta de recursos para tocar o barco adiante e ele acaba naufragando.

Louca ousadia de punhado de jornalistas improvisados como gestores midiáticos. Gente da lavra de Mino Carta, Nirlando Beirão, Tão Gomes Pinto, Ricardo Kotscho, Fernando Perrone, Armando Salem e outros. Mino ao término da aventura, endividado até o pescoço escreve: “Sobrou a imprensa vassala do poder, medíocre, tendenciosa, irresponsável. E quebrada. Digna do país que os senhores querem”. Eu, na época já devorador de tudo o que saia nas bancas e diante de tamanha novidade, comprei os primeiros exemplares e os guardei por algum tempo, sendo depois, perdidos com o tempo. O livro resgata a história, a ousadia e revela muita de como se dá de fato as relações da imprensa brasileira, suas publicações e histórias de sobrevivência e subserviência. Acrescento a isso que aqueles anos eram época sem internet, sem televisão a cabo e sem nem sequer aparelhos de fax. Foram cinco intensos meses, revividos pela triste e também ousada história. Por fim, algo como conclusão, bem simples: é praticamente impossível algo libertário sobreviver dentro do modal capitalista, batendo de frente com ele e sem recursos.

Algumas frases:
- “Uma equipe pequena, formada por profissionais competentes e motivados pela possibilidade de trabalhar com mais liberdade, de poder emitir sua opinião e participar das decisões internas”.
- “... o jornalismo feito hoje pela grande imprensa de maneira pasteurizada, uniforme e pretensamente imparcial, acaba cumprindo o mesmo papel que a televisão, ou seja, o de criar semi-cidadãos preparados para a submissão a um regime político autoritário”.
- “... ao contrário da grande imprensa, o que se pretendia era pinçar assuntos que fossem reflexos de situações mais amplas, tratando-os segundo um enfoque político”.
- “... antepondo-a à sua crença num jornalismo honesto, apoiado na reportagem e na valorização da opinião dos jornalistas e não na de seus proprietários”.
- “... a grande mudança em relação à grande imprensa está no ponto de vista ideológico e de postura editorial, porque no fundo o esquema de trabalho é o mesmo”.
- “Seus jornalistas só estão restritos à realidade. Mas a realidade como deve ser admite as sensações, o insólito, o excepcional. (...) ...vigorariam os princípios jornalísticos e não ideológicos’.
- “... um jornalismo independente, que não queria ser atrelado nem ao governo, nem aos grandes grupos anunciantes, nem ao capital monopolista e tampouco servir aos interesses de qualquer grupo dominante”.
- “O Jornal da República não foi um fato isolado, nem uma obra do acaso, mas uma tendência de um momento político e de um caminho natural da imprensa. De acordo com Mino Carta, o veículo impresso terá cada vez menos condições de competir com o eletrônico, e a análise e a opinião serão as únicas saídas para a imprensa escrita”.

Agora, me digam com toda sinceridade, algo assim tem condições de vingar num país como o Brasil?
OBS.: Aqui todos as edições podem ser lidas em PDF: http://bndigital.bn.br/acervo-digital/jornal-republica/194018

4 comentários:

Marcos disse...

Dois comentários sobre dois tópicos desse post:

1-Sobre o texto da Maria Ferreira, é uma ilusão achar que o passado era diferente de hoje em termos de consciência porque sempre nos faltou a consciência de classe e a alienação social sempre esteve presente na sociedade de classe e portanto fixada na maioria da pessoas.
Seja na geração anos 60, 70 ou na minha 80, a maioria da juventude sempre foi alienada, os subversivos sempre foram o menor grupo, parece que somente a geração atual é alienada mas porque temos uma população bem maior e o advento das redes, mas a proporção sempre foi parecida. Eu ouvia muito falar em Bauru dos bailes do curso de ciência e tecnologia que lotavam e muitos são saudosistas até hoje, tempos atrás fui pesquisar sobre e vi que se tratava de um baile da juventude alienada da época, não tinha nada de subversivo e jovens com consciência de classe. E observando a população como um todo, a maioria que viveu os anos de chumbo não tem a menor ideia do que aconteceu naquela época e nos porões do DOPS.
Nunca foi um problema geracional, por isso a necessidade em entender a dialética materialista da história.

2-Sobre jornalismo: as palavras tão utilizadas "isento e independente", são palavras que nunca se encaixaram e nunca vão se encaixar ao jornalismo porque elas sequer se encaixam no ser humano. Primeiro que isenção não existe quando existe opinião e jornalismo se faz com opinião e informação, a informação é levada a sério pela maioria, o problema está na opinião e a qual lado ela se posiciona. E sobre ser independente eu diria que a palavra correta para diferenciar de um jornalismo do mainstream seria "alternativo" porque independente também é algo fora do jornalismo e do ser humano porque somos seres dependentes e precisamos de uma sociedade para viver, sempre dependeremos de algo, de uma estrutura e assim é no jornalismo, mesmo os alternativos são dependentes, a Central3 que já citei aqui o Matias que é um dos diretores já disse que é uma rádio podcast comunista, é alternativa ao mainstream, só que eles precisam de uma boa estrutura(que eles tem) mas claro que dependem de mais pessoas para existir como rádio, eles arrecadam alugando o estúdio deles para gravações e também financiamento dos próprios ouvintes, ou seja, dependem da boa audiência e disposta a comprar aquela informação e opinião. O próprio jornalismo classista para ser realmente de massa depende de uma revolução e um novo modelo de sociedade e Estado social.

Camarada Insurgente Marcos

Marcos disse...

Queria comentar também sobre um post que li agora e está mais abaixo sobre a ligação que recebeu de uma pessoa.
Que bom que o sujeito deu um passo a frente e passou a enxergar melhor o governo eleito. Falta ainda mais um passo rumo a consciência de classe e revolucionar a mente.

E nesse passo que sonhei ter recebido também um telefone que foi mais ou menos assim:
"Alô, Marcão?? Aqui é Henrique falando. Estou te ligando para um desabafo, queria dizer que finalmente libertei mina mente das amarras das bolhas partidárias envolvidas até a medula com esse sistema capitalista e abracei de vez o marxismo e a luta e defesa do comunismo. Reconheço o quanto errei ao ficar passando o pano querendo justificar mal feito de político que no fundo era oportunista querendo governar o status quo enquanto a exploração de classe e sua alienação seguia a todo vapor. Parei de gastar o tempo da minha vida com bolhas do facebook e agora comprei os 3 volumes do Capital novinhos para consumi-los. Espero que me entenda caro Marcão e que eu possa somar a esse pequeno time de comunistas que ainda respiram nesse país. Abracitos."

Eu respondi: "Seja bem-vindo ao comunismo".

Infelizmente na sequência eu acordei. Era sonho. Talvez realizável.

Camarada Insurgente Marcos

Anônimo disse...

caro Marcos
Saudades dos bate papos. Sabe que na pandemia estou preferindo ler tudo que encontrei disponível do sempre velho e bom Fausto Wolff, que vc também conhece muito bem. Marx continuará sempre fazendo minha cabeça, disso pode se alegrar. Creio que para mudar de vez, temos todos que cumprir etapas. este país vai penar feio nos próximos anos se não vencermos e vergarmos esse mostro Bolsonaro. Estarei muito empenhado nisso, não naquela bestial união de forças ditas e vistas como "progressistas", pois ela sabemos, não existe e se existe é para nos engambelar. O sonho pode sim se realizar e sei que também está engajado nesse da derrubada do Senhor Inominável.
PS: Muitos escrevem bonito hoje, mas estiveram enfincados em outros enroscos e comprometimentos no passado, daí sempre se tomar muito cuidado.
Baita abracito do Henrique

Garoeiro disse...

Caríssimo Henrique,
Parabéns!
Amei esta sua cirúrgica tateada nas contradições de jornalismos e jornalistas.
Concordando, igualmente, diria Millôr Fernandes:
"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados" ...
Natal, RN, 3 de setembro de 2020.
Garoeiro