segunda-feira, 29 de setembro de 2008

CENA BAURUENSE (8)
OS IRMÃOS BOTTAN, DE LENÇÓIS PTA E A FERRLÉO, DE RIBEIRÃO PRETO
A princípio essas duas citações não possuem vínculo nenhum com Bauru, mas isso é só impressão. Ambos propiciaram uma alegria imensa aos bauruenses nesse último final de semana. É que eles, na qualidade de convidados abrilhantaram o I Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru, que rolou na Estação Central, lá na Praça Machado de Mello. Foram dois dias de muita agitação, num acontecimento que ficará para a história da cidade, pois mais de 5000 pessoas lá estiveram, respirando ferrovia. Tenho história incríveis lá presenciadas, que contarei em breve, num relato de Memória Oral e de outras formas.

Hoje, poderia escolher muitas outras histórias, mas fico com essa, de dois ilustres convidados. Dentro de tudo o que aconteceu no hall e na gare da estação, dentro do Museu Ferroviário e nas imediações, dou o pontapé inicial com a dos Bottan e a da FerrLéo. Numa extensão da plataforma central, foi montado duas extensões de trilhos, uma com 30 metros e a segunda com 60 metros de comprimentos. Ali o Encontro pulsou, com batidas aceleradas no coração dos presentes. E eles se entenderam muito bem.

Na primeira, a menor, um mineiro radicado em Ribeirão Preto, o José Leonel Damasceno, ou simplesmente Léo, montou um trilho com réplicas de locomotivas elétricas e vagões, numa escala que permitia as pessoas andarem naqueles naqueles carros. Fez a festa, ainda mais porque Léo é didático no que faz, explica, dá uma verdadeira aula. Encantou a todos e não parou um só minuto. Fez a alegria de todos e no final do segundo dia me confidenciou: "A cada vez que queria ir no banheiro, chegava mais gente. Fui segurando e o reservatório só aumentando. Quase explodi, mas ninguém ficou sem minha aulinha. A criançada foi quem mais se divertiu, tanto que um deles, ao dar entrevista para uma TV, demonstrando ter aprendido a aula, disse: "Isso aqui não é um brinquedo. Aprendi como funciona um trem de verdade aqui". Não havia como não gostar. Lé criou um site para divulgar seu trabalho: http://www.ferrleo.com/.

No segundo trilho, o maior, os irmãos Arnaldo e Pedro Bottan, de Lençóis Paulista, praticam uma modalidade chamada "Vapor Vivo", motivo da reportagem de capa da última edição da Revista Ferroviária (http://www.revistaferroviaria.com.br/), com réplicas perfeitas de locomotivas do século passado. Tão perfeitas, que demoram anos para serem concluídas. Uma delas passou de sete anos. Só para se se ter uma idéia, a locomotiva de caldeira, funciona movida a lenha. São minuciosos no que fazem. Ambos aposentados, dedicam-se com esmero no que fazem. Arnaldo sai de um evento como esse moído e diz no fim: "Isso que fazemos aqui é uma espécie de quebra-oços, tal a intensidade do trabalho. Não paramos um só minuto". Constatei isso, pois a curiosidade era geral e além da conversa com todos, muita gente andou de trem, sentado nuns banquinhos instalados num vagão adaptado ao tamanho de gente grande. Foi gostoso ouvir do Pedro, no fim do evento, após mais de 7 anos expondo seu trabalho Brasil afora: "Esse fou o melhor que participamos. O envolvimento com a ferrovia foi total".

Para quem realizou o primeiro Encontro, nada de melhor poderia acontecer, o reconhecimento de quem é do ramo. Além disso, nesse caso, ganhei três novos amigos. Vou encher literalmente o saco de todos com minhas histórias ferroviárias esse semana, pois estou com elas engasgadas aqui na garganta, prontas para serem expelidas. Essa é a primeira delas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o evento. Fale mais dele, não fique só nesse curto texto. Aguardo.
Maria Aparecida Cintra