quarta-feira, 26 de setembro de 2018

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (117)


UM DE MEUS PORTOS SEGUROS NO RIO DE JANEIRO SE FOI HOJE, TITO MADI
Tenho por Tito Madi eterna gratidão. O conheci através do jornal semanal de Pirajuí, O Alfinete (que hoje só sai pela via virtual), dos tempos de Marcelo Pavanato. Tito é nascido na vizinha cidade e nunca se desfez dos laços com sua aldeia. Marcelo o convidou para escrever uma coluna por lá e como eu também o fazia, para estreitar os laços foi um pulo. Estava atuando nas hostes da Cultura municipal e convidei Tito para cantar no Automóvel Clube, numa de suas últimas noites de casa cheia (hoje tudo crescendo mato por aquelas bandas). A maestrina Hilda Campos lhe fez uma homenagem dessas inesquecíveis, entrando salão adentro cantando "Gauchinha, Meu Bem Querer", de sua autoria. Ele inaugurou o espaço Grandes Nomes no Alameda Quality, também por minha indicação, voz e piano, noutra noite memorável. Esteve também no SESC Bauru, onde tirei uma foto dele ao lado de meu filho, ainda um pirralho e a mesma está lá no salão nobre do Mafuá. Fui me aproximando dele e por umas três vezes me hospedei em sua casa, numa rua dessas cheias de arvores lá no coração de Copacabana. O levei certa vez para ele se apresentar no SESC Copa, num outro show dele no Rio. Também estive em mais dois dele no Rio, um no teatro João Caetano, junto com Claudete Soares e outro no Teatro de Niterói, numa homenagem a um amigo, o Zé Tobias. Sempre que vinha por esses lados nos encontrávamos, aqui ou em Pirajuí. Nas idas e vindas ao Rio a passagem pela sua casa era obrigatória. Certa feita, a jornalista Cristina Camargo foi até o Rio para entrevistá-lo para o Bom Dia Bauru, eu estava lá e naquele dia, muito triste para mim, pois meu sogro faleceu exatamente quando estava saindo da entrevista. Tito jogou bola na sua juventude, quase foi ser jogador de verdade, no São Paulo, seu time do coração e quando lhe levei o livro de Reginópolis, ele irradiava alegria, pois conhecia a maioria dos personagens ali retratados. Tenho muitas histórias com ele e nos últimos tempos, depois do AVC que o acamou e daí por diante, saindo muito pouco de casa, sempre sob os cuidados de sua atenciosa partner, uma baiana que o amava acima de tudo, só por telefone. Teinha parentes em Bauru, o pessoal do Restaurante Libanês na Araújo Leite (fechado em definitivo recentemente). Tempos atrás saiu de Copacabana e foi morar num outro apartamento, esse menor e em Botafogo. Lançou por fim um CD, gravado antes do AVC, com Gilson Peranzzetta e esse, como uma pá de outros tenho aqui, todos autografados e na minha galeria de notáveis. Amava demais sua Pirajuí, mas essa sempre estava a lhe dever algo, pois gostaria de ter voltado muito mais vezes do que as poucas em que por ali se apresentou. Lembro de uma, a última quando se apresentou no Parque Clube, evento nobre, com mesas todas vendidas, casa cheia e ele contando histórias de sua infância e reconhecendo as pessoas ali presentes. Trouxe alguns minos presenteados a mim pessoalmente quando de minhas idas até sua casa e hoje os guardo com maior afinco. Choro aqui sozinho, na quietude do mafuá, onde lá fora a alegria está estabelecida com a chegada de um circo no terreno aqui em frente e aqui no interior do meu "retiro", saco uns CDs dele e decreto: hoje essas paredes só irão ouvir Tito Madi. O danado viveu bastante, 89 anos e seu sepultamento será amanhã, quinta lá mesmo no Rio, junto de sua esposa no cemitério São João Batista. Escrevi muito dele nesses anos todos de convivência e para quem tiver a disposição de ler algo ou querendo ver fotos, clique a seguir e acompanhe um bocadinho disso tudo: https://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=tito+madi

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