sábado, 29 de setembro de 2018

COMENDO PELAS BEIRADAS (62)


UMA FOTO VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS
Ontem estava lá pelos lados do Panelão, perto do clube Hípica, quando numa esquina vejo essa cena. Paro o carro no meio da rua e vou clicar o maravilhamento ali exposto num carrinho de catador de reciclados. Duas junções que sempre estiveram juntas, mas a bestialidade dos verde-amarelos vestindo a camisa da seleção de futebol, naquelas marchas idiotizantes tentaram separar. Os boçais tentaram se apropriar do verde-amarelo da bandeira como algo deles e estigmatizar a cor vermelha como o lado ruim. Na verdade, esse lado vermelho nas ruas sempre defende muito mais o país do que os verde-amarelos da Getúlio Vargas, pois esses estão favoráveis a toda essa pouca vergonha de perda de direitos ocorrida após o golpe. Não defendem mais a soberania nacional e aprovam a venda de tudo, privatização até dos nossos sonhos. Daí, ao ver num gesto singelo, sincero e com certeza, carregado de amor pelo seu país, as duas bandeiras postadas ali juntas, todo o recente passado do país me vem a mente. A cor vermelha representando a luta do povo, essa batalha inconclusa e cada dia sendo travada de forma mais intensa. Quem enxerga nela algo de ruim, pode questionar todos esses, aprovam o desmanche do país e, ou duas coisas: não estão entendendo nada ou são sacanas por natureza. O povão saca bem disso tudo, o faz ao seu modo e jeito, mas analisando tudo o que tínhamos, como estava o país e o que fizeram dele após o golpe de 2016, impossível não juntar a força das duas bandeiras e sair com ambas desfraldadas pela aí. Esse do carrinho sacou tudo isso e muito mais. Um valoroso brasileiro, entende mais o que se passa do que aquela manada que vi vestindo a camisa da seleção a protestar e hoje, caladinhos da silva, miudinhos enquanto o que defendem destrói o que ainda nos resta de país.

O MENINO DE JAÚ QUE BATIA LATA E FALOU BONITO ENCANTOU A TODOS NO "ELE NÃO!"
Eu o acompanhei desde que o vi. Tinha um olhar de pidonho, lindinho de doer. Com certeza é desses moleques que não se seguram nas calças e diante daquele mundão de gente quis dar o seu quinhão de participação. E deu, foi um dos pontos mais lindos de todas as falas ali diante da Câmara Municipal, numa das tantas passagens do ato de repúdio, o "Ele Não!", contestando esse candidato pregando a bestialidade como regra do jogo. As mulheres, todos sabemos, foram mesmo um encanto nos arrebatando para as ruas. Estivemos todos mais que juntos, como deveríamos estar uma vida inteira, coesos, unidos e gritando contra as injustiças todas. venceríamos todas com a pujança demonstrada ontem nas ruas do país inteiro. Nesses momentos o povo vai notando a força que tem.


Bem, o ato foi isso tudo e muito mais, mas teve o tal garoto. Não sei seu nome, na agitação não deu nem tempo de perguntar. O que sei dele foi dito ali no microfone na sua apresentação ao microfone e ao povão que o rodeava. Ele é de Jaú e pediu para a apresentadora, diante de tanta gente ali se revezando nas falas, se podia também fazer uso do mesmo diante de tantos grandões, "se uma criança podia falar". E o fez maravilhosamente. Antes de lhe passar o instrumento da fala ampliada ela disse sua idade: Dez anos. Eu já o havia sacado, pois me encontrava exatamente na sua frente e o via babando diante das falas. As fotos que tirei demonstram isso. Ele não se aguentava. Falou pouco, mas deu o recado que todos queriam e da forma mais singela, com segurança, falando alto, engrossando a voz e calando o agito no seu entorno, pois todos queriam ouvir sua fala. Sua fala não foi diferente da de tantos outros, mas foi a que me calou mais fundo. Tão pequeno, já enfronhado da cabeça aos pés nas coisas deste mundo e ciente de estar do lado onde as coisas fluem em atendimento aos seus anseios, o do povo brasileiro.

No mais no ato, o vi segurando uma lata e com baquetas improvisadas á mão. Pela gravação na lateral da lata deve fazer parte de um belo programa social desenvolvido em Jaú. Foi uma pena eu não ter buscado mais informações, mas postando esse texto espero que o mesmo chegue até ele, por fim saiba que todos o adoramos e assim sendo, que nos digam algo desse trabalho desenvolvido na vizinha cidade e que veio desembocar aqui em Bauru ontem, encantando a todos. Diante de tantas fotos tiradas por mim na tarde de ontem, escolhi as dele para ilustrar um texto em separado, para dizer desses recados simbólicos, desse algo que sempre fica e se eterniza como a recompensa por tudo o que fazemos. Ele se materializou nisso ontem e assim sendo, deixo aqui esse texto, numa espécie de "garrafa jogada ao mar" com um bilhete dentro e buscando uma resposta: Quem é o garoto? Como veio parar aqui ontem? Que projeto é esse? Se for encontrado, digam a ele estar no caminho certo e desde muito cedo enxergando tudo com esses olhinhos sem filtro, os que sabem reconhecer os que nos querem ajudar de fato e os que nos apunhalarão logo ali na curva da esquina. Esse garoto já se mostrou sábio e consciente. Sai de lá encantado com ele e com tudo o mais que ali presenciei. Vamos expulsar o capiroto de nossas vidas com a força das mulheres, a de nós todos. Vade retro, Capiroto!

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