terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (61)


VIAJAR COM AQUILO NA CABEÇA - DUAS RÁPIDAS PASSAGENS ESTRADEIRAS
1.)BAR CHEGUEVARIANO NUMA DAS PORTAS DE ENTRADA DE PARIS

Estamos hospedados bem pertinho da Porte de Clignancourt, uma das tantas portas de Paris, junto a estação de metrô do mesmo nome e nas imediações, entre entradas e saídas, andanças pelas ruas, vielas e paradas para espiar tudo o que puder, der e se mostrar interessante, algo me chama a atenção só de bater os olhos. Ontem na chegada vi um bar aqui pertinho cheio de fotos do Che Guevara dentro, o LE STEPHANO'S BAR E BRASSERIE. Disse pra mim mesmo: Vou conhecer este lugar. Hoje ao chegar da canseira (turista se cansa pra dedéu), falo pra Ana: "Vou tomar a última no bar com as fotos do Che Guevara". É bem pertinho, virando a esquina. Chego na hora em que ele quase está fechando a porta.

Adentro com meu jeito latino e sem entender quase nada de francês, consigo perguntar se ele é latino. Sua resposta é toda em francês. Freddy seu nome, um francês de descendência italiana e admirador de primeira linhagem do revolucionário Che Guevara, pelos motivos que todo e qualquer cidadão acreditando num outro mundo ainda possível bota fé.
Entendo 50% do que me fala e os outros 50%, para minha infelicidade se perdem, mas aproveito o principal, o que o arrebatou desde sempre e o fez trazer para dentro do seu estabelecimento vários objetos com a insígnia do latino americano. Fala da Argentina, de Cuba, de Fidel e, principalmente, dos que mantém a chama acesa e não escondem suas preferências. Tento lhe falar de Lula, das injustiças que o mantém preso injustamente. Ele o reconhece, fala de Hugo Chávez, entende muito bem o que venha a ser o boicote norte-americano, os motivos todo dos donos do petróleo e reafirma o que lhe digo: "Lula é um preso político".

Cervejamos ao nosso modo e jeito, ele me dizendo coisas e mais coisas, eu muito atento, tentando não perder nenhuma palavra, pois muitas se esvaiam com o vento, diante dele tentando sacar meu português e eu o francês dele. Nos entendemos muito bem nos gestos, tiramos fotos juntos, fizemos o "V" da vitória e cheios de esperança, ambos somos dessa linhagem de gente que não se entrega, não se verga e nem se deixa levar por tudo o que mídia, judiciário e o mundo político conservador quer impor como pensamento único. Ser guevarista é estar na contramão do neoliberalismo, do fascismo, desse pensamento de direita querendo se apoderar do mundo. Ao sair me dá um forte abraço, pede para voltar antes da partida em definitivo e diz que com tudo o que expõe de Che, consegue aproximar muitas pessoas, pois assim como eu entrei só para conhecê-lo, muitos outros o fazem e assim, me diz, se começam grandes amizades.

2.) CAPITULEI, EIS AS FOTOS DE COMO ERAM VISTOS OS MENOS FAVORECIDOS NAS TELAS DOS GRANDES ARTISTAS - NAVEGANDO NO MUSEU DE ORSAY
Estava reservando escrita e foto dos museus para algo mais rebuscado, produzido com a calma de quem já chegou em casa e está com a cabeça no lugar. Aqui, entrando e saindo de um lugar para outro, tudo anda em plena turbulência. Hoje não resisti. Eu e Ana fomos de metrô para o MUSEU DE ORSAY (www.musee-orsay.fr), na beirada do rio Sena, aqui em Paris, lugar cheio de histórias e encantos mil. Num edifício suntuoso, onde antes foi uma estação férrea, desde 1986 ali funciona esse rico museu cheio de uma rara diversidade, desde pintura, escultura, artes decorativas, fotografias, as mais representativas do nosso conhecido mundo no período de 1848 a 1914 (proclamação da IIª República até o estalido da 1ª Guerra Mundial).
Passamos por lá a manhã inteira e boa parte da tarde e de tudo o que vi, já conhecido da maioria das pessoas interessadas por arte, história e museus, selecionei um bocadinho de como fui conseguindo enxergar os grandes artistas e sua visão para com o homem simples, o trabalhador, o com menos recursos. Mais do que sabido que a imensa maioria dos artistas eram bancados e trabalharam em peças pagas. Nem todos, sei disso e ciente de ver ali retratado o povo simples, coloquei minha visão em ação e aqui apresento a minha visão do que ia descobrindo, além das grandes e valiosas telas. Algo sem pressentimento, mas bem dentro dessa minha visão do olhar além da pintura. Portanto, imaginem essas pessoas, como viviam e sobreviviam dentro do período citado. Viajei imaginando isso...

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