domingo, 21 de abril de 2019

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (112)


VAMOS DISCUTIR PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL EM BAURU?

Esse assunto é ótimo para ser discutido neste exato momento. Primeiro porque depois do incêndio da catedral parisiense de Notre Dame muita coisa está vindo à baila e dentre mortos e feridos, algo a ser considerado: os cuidados do patrimônio lá em terras europeias e aqui nessas plagas tupiniquins. Inolvidável distanciamento. Isso, por si só, já justificaria uma baita escrevinhação, mas tem mais. Abro o Jornal da Cidade de hoje e o sempre atento e amigo jornalista, Aurélio Fernandes Alonso, sempre sintonizado no que merece ser levado adiante como boa pauta, traz no Caderno dominical Regional, do ainda único jornal diário impresso bauruense uma ampla reportagem sobre o tema patrimônio histórico: "Jaú estuda flexibilizar tombamentos", "Jaú vai reavaliar tombamentos", "Pederneiras prepara primeiro tombamento", entre outros, podendo ser lido num leve click a seguir:https://www.jcnet.com.br/…/jau-estuda-flexibilizar-tombamen….



Juntei as duas coisas e me lembrei de um aperto de mãos dado no prefeito bauruense, Clodoaldo Gazzetta quando o reencontrei no Espaço Protótipo, dos amigos Fábio Valério e Juliana Ramos, reunião com agentes culturais, tentando viabilizar no consenso um nome para ocupar a Secretaria Municipal de Cultura. Não sou amigo do prefeito e nunca conversei com o mesmo, nem sequer numa mera mesa de botequim. Ele se dirige a mim, na presença de testemunhas e diz mais ou menos isso: "Eu não sou seu inimigo, precisamos conversar. Passe lá no gabinete, está desde já convidado". Não passou disso. Penso em passar e o motivo é exatamente este: a quantas anda algo feito em prol do Patrimônio Histórico e Cultural na cidade de Bauru. Na qualidade de ex-presidente do CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Histírico e Cultural de Bauru, por quatro anos e mais quatro como conselheiro, quando observo hoje (desde o início do segundo mandato do ex-prefeito Rodrigo Agostinho), o mesmo sem atividade e tudo o que foi feito sendo esquecido, menosprezado e até, porque não dizer, vilipendiado, eis um ótimo motivo para conversações variadas e múltiplas. Ainda mais por ler, de cabo a rabo, os bons exemplos vindos da região, na excelente matéria do JC.

Conversando a gente se entende ou se não ocorrer nenhum tipo de entendimento, ao menos as ideias foram lançadas ao ar, sugestões para a boa e necessária discussão. Eu não preciso concordar com tudo o que ele faz para me sentar numa mesa de negociação e de sugestões. O que ocorre hoje com o Patrimônio Histórico é mais do que grave, caso de abandono geral, tudo deixado ao deus dará. Continuar como está, inadmissível e irresponsabilidade de todas as partes envolvidas na questão. Triste demais ver o que ocorre hoje com o grandioso projeto Ferrovia para Todos, que nos governos de Nilson Costa recuperou e colocou para rodar a Maria Fumaça e sua composição férrea, depois no de Tuga Angerami, onde participei como Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural, a última recuperação de carros férreos e logo a seguir com Rodrigo, a despedida dos passeios e isolamento do projeto, tudo estagnado e em caráter não só de espera, morosidade atroz. Sei dos motivos todos para a paradeira, mas faltou empenho junto ao então Governo federal, incomensuravelmente mais palatável que o atual. Que poderei dizer do Museu Histórico Municipal, cujo último endereço foi na rua Antonio Alves, depois teve seu acervo empacotado e nunca mais nada foi exposto? Há mais de dez anos tudo guardado e, mesmo com recebimentos de verbas públicas, muitas vindas de emendas parlamentares, nem esse, nem o MIS - Museu da Imagem e do Som conseguem ver o prédio da Estação da Cia Paulista revitalizado e entregue à visitação.
Nova composição CODEPAC.


O CODEPAC não funciona e sei das forças contrárias para que continue ali quietinho, sem movimentação. Outro dia mesmo postei uma mera foto do famoso hotel no cruzamento da avenida Rodrigues Alves e rua Monsenhor Claro, abandono total e dentre tantos, o ex-prefeito Rodrigo postou algo lá: "Os proprietários querem o destombamento do imóvel". Se isso ocorre, certamente, forças ocultas também se movimentam para impedir que o Conselho volte a ativa, pois uma coisa está ligada a outra de forma umbilical. Não vejo as questões históricas patrimoniais na pauta deste Governo e nem do do anterior. Uma pena. A Casa dos Pioneiros, já desmoronada, ali na Araújo Leite, teve processo de desapropriação levada adiante, mas o valor não foi pago aos herdeiros e nem que tivesse sido pago, creio nada teria sido feito de obras por ali. Vai ruir e virar pó. Outros na mesma situação. Ouço dos vizinhos da casa do Mauro Rasi, ali na Bandeirantes, que a herdeira está se movimentando para fazer algo por lá, mas se tivesse respaldo e ajuda nos encaminhamentos por parte do poder público, tudo poderia ser facilitado. Poderia citar tantos outros, mas o espaço é curto e a rua me chama, enfim, hoje é domingo, feira, sol e gente na rua.

Por falar em domingo, estou de saída pra feira dominical, mais precisamente para a do Rolo. Inadmissível ver aquele baita barracão, antigo armazém da Cia Paulista, ali defronte a feira abandonado (ainda com móveis e acervo do Museu Ferroviário lá dentro?). Uma vez foi sugerido (e quase vingou) para ser doado a grupos empresariais que o transformariam em Memorial da Indústria, mas nada foi adiante, pois faltaram investidores. Tudo continuou como dantes, puro e total abandono. E por que não, como feito com Notre Dame, ocorrer por aqui, algo dentro das nossas pernas e meios, campanha para revitalizar não só o largo onde ocorre a feira, aquele lindo piso de paralelepípedos e um algo mais no barracão, talvez até o tão sonhado Mercado Municipal? Isso sim seria algo de concreto para a revitalização do velho centro bauruense, hoje estagnado. Ou seja, quero com tudo isso, dizer que a conversa com o prefeito pode sim acontecer, mas teria que ser dentro desses itens e os torno públicos, para que Bauru saiba, de uma pontinha do muito que pode ser refeito, movimentado e tocado adiante. A questão é financeira, mas não somente ela deve movimentar uma causa, pois na união de muitos, algum facilitador sempre surge e alavanca as coisas.

Daí, o Caderno de hoje no JC é mais um, que se lido e entendido pelas autoridades de plantão e todos os com interesse nessas questões, uma real possibilidade de movimentar e fazer andar o setor. O que não pode e não deve é a continuidade da paradeira por aqui. Se acham que exagero, minto ou sei lá o que, peçam para o próprio Aurélio, o que escreveu a matéria de hoje no JC, citar algo do que vislumbrou na região e o que ocorre na mesma proporção aqui em Bauru? Vão se espantar com sua resposta.

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